sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Sufocação Virtual

Me vejo.. Me enxugo.
Deitado estou eu. Aqui. De novo.
Cansaço, cansaço cansaço!
Vejo âmbar; tudo és.
Cansado de ficar aqui. Me sufoca.
Cansado de olhar as fotos. De sonhar mentiras, de querer o que é cego.
Foda-se. Já foi.
É, foda-se. Que direito tenho de querer, se não vou ter?
Tem que ser correspondido. Oh sim.. Tem sim.
Ah, sim.. Mais um café, por favor.
Blasfêmia!

Âmbar Agressivo

Rumo ao destino,
Rumo à decisão.
O lugar pesa na mente, como pesa as asas do beija-flor, que bate a cada segundo. O destino me assusta.
Em repouso nas paredes, a luz ofuscada, com o brilho encharcado.
As conversas e decisões, entre palavras e opções.
Minha mente estava pesada, meus devaneios eram incertos; a caminhada foi longa..
Sentado ali por horas, o mundo veio ao pensar. Como é pesada a decisão.
Os olhares foram trocados, os dedos entrelaçados; assim foi feita a vontade. A decisão da discórdia.
O ar era pesado, minha cabeça latejava. Estava eu certo de fazer o que eu queria, ou eu tinha que ter mentido para ganhar um sorriso?
A decisão certa foi feita. A minha decisão.
O fim havia chegado.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Tempo do Tempo

As cordas tremem.
Os pés cansados; sem rumo.
O peso. Escrito num papel.
Em repouso, a tinta.
A morte só aguarda.

Alí estou eu; e alí também.
Tanto faz, tanto faz.. Já foi.
Na hora.
O bater das asas, o piscar de olhos.
O tempo é o assassino; para o Destino.
O tempo é um assassino; para a Sorte.

Caminhos entrelaçados de uma encruzilhada qualquer.
O tempo mata o tempo com a bala da realidade.
O tempo se foi, e você não viu.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Triste Prece

No futuro, deitei-me.
Alí jaz meu ego.
Agora flutuo por aí.

A mentira,
Impetuosa
Rigorosa
Atravessou-me;
Deveras lacrimosa
Matou-me
Deitou-me.

Nas planícies da mente,
Aonde o céu não é mais azul.
Jaz a alma da gente,
Que segue pro Sul.
O Sul da gente.

As memórias planam pelas nuvens de carne.
Os sentimentos queimam pelas linhas que nos ligam.
A pedra que foi atacada não recebe perdão. A lâmina que fez o corte não clamou a guerra.
O sangue, o odor. As batalhas duradouras e calorosas.
O piscar de olhos.
A culpa é da Cruz.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Seria

Pode até ser que seja, pode até ser que pode.
Só não pode ser.

Anedonia

O que sou eu para você?
Enquanto tudo o que é bom se esvai, e tudo o que é ruim se adentra..
Solidão.
Amarga, incolor solidão.
Incolor, que deixa até os mais finos raios passar.
Amarga, que envenena ao penetrar na profunda camada de carne.
Oh, crueldade.
Cá estou eu como você deixou. Como abandonou.
Não diga tal coisa. Implodindo estou eu, por completo.
Isso te fez feliz? Me destruiu, me abateu.
Já sou eu, sem eu. Meu eu fugiu comigo.
Sem eu, sem abrigo.
Até mais.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Crime Oculto

Talvez a birra.. Talvez o sentido.
Talvez a mira.. Talvez, só talvez o gatilho.
Provável morte, em escura sala.
Aviso a corte, no planar da bala.
No correr dos cavalos, no saltar do atleta.
No esporte, na festa. No assalto, a beça.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Sem Porcento

Meu futuro esta em repouso numa sala escura.
Minha mente reflete as incertezas.
As noticias borram minha felicidade. As súbitas noticias.
O passado condenou a minha alma, e mesmo se eu imaginar tudo diferente, nada muda. Como vou mudar o que já passou? Como vou mudar o que um dia foi quem eu sou? Como eu vou lutar com quem já me venceu? Como eu vou encarar a vida de quem já morreu? Como eu vou pensar em quem já me esqueceu? Como eu vou pintar o que nunca nasceu? Como vou consertar o que nunca existiu?

O peso do meu pranto que me escorre, me descolore. O grito do sofrimento que ecoa ao lembrar do teu semblante. As afiadas facas me cortam as pernas, me cortam a vida, os laços de guerra. Ao ver o mar da ressaca, o lamento me cai.
As páginas da história estão guardadas na caixa acústica, que bate a minha vida, como um bumbo. A biblioteca foi cerrada, os livros foram queimados, e o bom senso esta morto.
O amor desapareceu no azul do infinito, e os amigos agora dormem no céu do mundo; do meu mundo.
As cataratas jorram sangue, e o passado nublado cria nuvens em minha vida.
A forca me espera, e você sentada só assiste. Em repouso senta o nó no teto de uma sala vazia, uma sala perdida. As palavras entram em tubulações nervosas que não sabem falar. Os olhos avistam o barco da incerteza, os pés afundam no mar da tristeza. As agudas notas do piano tocam os mais graves sonetos.
Foi quando o relógio foi comprar ponteiros novos, quando o bem acasalou com o mal. Quando os ouvidos viraram inimigos, e quando os pés deram ré. Quando as forças que eu já não tinha foram requisitadas.
Entre as pedras que fecham o horizonte, quebrá-las-ei, para ir mais longe.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Olho Nu

No derramar da noite,
As esperanças são escassas,
O coração esta dolorido,
E o ar é poluído.

No voar dos pássaros.
As penas caem em meio ao vento,
Eu deitado só lamento,
O futuro violento.

A mente é o espelho,
Espelho que reflete a gente.
Reflete o ego e reflete os dentes.
Os dentes das engrenagens da vida.

Meu espelho que se quebrou,
Os meus cacos por aí deixou.
Os cacos agora queimados,
Tentam se encaixar,
Tentam voltar ao lugar
.
Os cacos podres que eu não varri;
Os cacos podres que eu perdi.
Os cacos podres que eu não esqueci.
Os cacos podres da minha memória.

Os cacos podres que refletem minha escória.
Refletem minhas doenças, minhas estórias.
Refletem minha dor, mostram minha tristeza.
Mostram minhas derrotas, minha incerteza.

Revelam a mais pura vergonha, vergonha de ser quem eu sou.
Vergonha de querer e não poder.
Vergonha de poder e não querer.
Vergonha de atirar e errar,
De nunca tentar, de nunca lutar.

O cheiro familiar pesa no cair da noite.
A energia se faz sentir pelos corredores.
A colher é levada ao pote, e trazida de volta pela vontade do paladar.
Os olhos momentaneamente olham para frente.
Os olhos agora avistam o corredor.
As orelhas agora ouvem os passos.
A boca agora pensa, a mente apenas se cala.

O sussurro que levou os sentidos embora.

O tiro que nunca acertou,
A palavra que nunca saiu,
O dia que nunca chegou.
O pensamento que nunca existiu.

Os sentidos que levam o sussurro embora.