terça-feira, 16 de dezembro de 2014

"Agelasmo"

São tempos negros.
Negros de se lembrar.

São lençóis frios.
Lágrimas a secar.

São muitas mortes.
Mortes a selar.

São tempos frios.
Que talvez aconteçam no Kairós.
São ares fracos, estão vazios os frascos;
Da felicidade.

Um jardim sem cor.
Com espinhos e dor.
Uma memória estúpida.
Um carinho ausente.
Um acalentar transparente.
Um gigante dormente.
Um câncer insolente.
Uma lágrima ardente.
Um frio quente.
Um abraço que se foi.
Uma ajuda que se perdeu.
No caminho escuro.

Um grito pra quem não ouve.
Uma linha de chegada para quem não anda.
Um dia lindo para quem não enxerga.
Uma entrevista para quem não fala.
Uma tragédia pra quem já perdeu tudo.

São pessoas queridas indo embora.
São almas tão vivas que evaporam.
E viram ar.
Ar, só ar.
Não pensam.
Não falam.
Não sentem.
Descansam.
Emanam.
Não vivem.

São dores.
Dores imprevisíveis.
Culpa.
Sangue.
Caixão.
Atestado de óbito.
Esperança.
Pianos...
Violinos...
Dor.

Dor,


Dor





Cada vez mais distante.
Apenas esta..
Anestesiado.
A dor.
Os tempos do agelasta.
Do sorriso malévolo.
Aquele torto, pra baixo.

Saudade.
Só nesse idioma.
Não dá.
Tente viver.
Como o agelasta.
Que vive ali naquela casinha.
Só.

Só.

Piano.
Café.
Chuva.
Felicidade.

Felicidade.



Felicidade..








Felicidade.










Só.














E só.

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