sábado, 28 de janeiro de 2017

Entrelaço do Abate

Procure as moedas
Que o papel
Se acha

Uma vela
Quebrando a
Escuridão
Um barco
Dentro de
Uma inteira tripulação

Um dia sou urso
Outro dia, sou flores
Mas em nenhum dia
Tento apagar
Amores

O absurdo em forma de gente
É a mais comum das situações
O provável de toda a dor
É a dor em falta de ações
Uma regra não é injusta
Se se aplica
A todos

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Cassino Royale

Tenho noite
E tenho dia
Do céu faço
Minha moradia

Tenho teto
E tenho chão
Sem rumo
Na multidão

A estrada é cinza
O caminho é turvo
A floresta, neblina
Nesse velho mundo

Sangue que foi derramado
Jamais será saciado
A vontade do
Assassino

Mata tudo e todos
No meu próprio
Cassino

A roleta aqui é russa
O dinheiro aqui não é Bellagio
Penso e reflito
Como deixei chegar a este estágio

Aonde os rios se encontram
É pra onde eu quero ir
Com o vento tão suave
Com o ambiente tão sóbrio
Mas tão ébrio de tudo benéfico

Jogando contra a morte
Dados rolam pela vida
Cartas postas sobre a mesa
Da esperança já esquecida

Me dão cartas tão podres
É, minha mão não está boa
Pra jogar nessa corrida
Que contra o tempo, voa

Não adianta mais procurar
Se eu olho pra todo lugar
E eu sei que
Relógios, eu não vou achar

Não tem dias
Nem mais noites
Não tem nuvens
Só açoite
Abate ao batedor
Drama de jogador
Milhões na mesa
Até as fichas sentem dor

Cassino que se joga
Que o ponteiro roda a roda
Dá sua própria roleta morta
Fico aqui pensando
Se um dia
As cartas virão boas

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Depressão

A Depressão
 é uma entidade
Viva

Ela é a dona que
senta do nosso lado
 e beija nosso corpo
com teus fardos do
passado

Ela é a senhora
casada com a ansiedade
que vem fazer ménage
com a gente
no meio da noite
no meio da cama
no meio das lágrimas

ela é o urso
perdido na nossa floresta
tal floresta cinza
que causa medo pela
Depressão

as folhas choram
as árvores sangram
e tudo é um labirinto
as placas estão ao contrário
as nuvens estão apagadas
a névoa trás consigo
um mal bem maior

um casal tão poderoso
capaz de nos comer vivos


a Depressão
é um espectro
tão brisante
tem como refém
o amor
não correspondido

tem como tortura
o coração
partido

plágio de um assassinato
tem como tua arma
essas brigas
tão familiares



temos nossas lágrimas
temos nossa chuva
tão salgada
tão solitária
tão centralizada
na parte aonde
a guerra
só deixou
buracos


é aquele monstro
que te acaricia
pra você dormir

que te afoga
no teu próprio mar
de sal

que te joga
no teu próprio rio
de cortes
vermelhos



é a solidão
casada
com o amor
tão trancado

é o recordamento
do passado

é o plágio
do homicídio

é o suspeito
do drogado


é o fim
do teatro



terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Hoje, ontem; e sempre

Eu me senti
Tão sozinho
Até que
Você
Apareceu

Eu me senti
Tão seco
Até que você
Apareceu
E fez
Chover

Hoje deito
E sinto dois ou mais
Cheiros
Diferentes no
Meu lençol

Tudo foi
Pra distrair
O teu

Hoje me olho no espelho
E vejo
Três ou mais faces
Atrás de mim
Tudo pra
Esquecer da sua
Que sempre
Está

Hoje eu
Me lembro
Dos cacos que eu recolhi
Deste coração
Tão podre
Tão vermelhos
Tão sujos
Mas ainda
Vejo o que
Você fez

Deixou este coração
Marcado com teu semblante
Amordaçado com o teu jeito
Escancarado com você

Me encontro
Em pó
Me varro
Os cacos

Do que sobrou do dia anterior

Uma ligação
Uma declaração tão nossa
Foi um tratado de paz
Mas com sua ausência tão próspera
Teu amargo tão dócil
Nessa relação tão fugaz

Vejo paredes tão rosas
Perco meu eixo tão meigo
Que sempre procurou
Um quarto

Mas você me obrigou
A procurar entre espelhos
Do teu próprio ser
Alguém que pudesse ser
Como você

Com uma ligação tão dócil
Risadas e fardas
Me deixaram no ócio

Como você mesmo disse
Em sua própria tese
Seu sorriso enlouquece
Qualquer homem desse mundo

Dei um abrigo pro teu mar
Acalmei o teu luar
Aonde tudo era tão caos

Me ligou querendo voltar
Mas acho que era só pra me garantir
Minha fortaleza, a sucumbir
Aos teus feitiços tão loucos

Mesmo depois de resistir
Eu ainda estarei aqui
Porque eu sei que
Do lugar que eu residi
Você ainda o visita

No teu próprio tempo
Na tua própria espera
No seu único lazer

Me trazer
Me fazer
Inteiro

Mesmo dizendo não
Você tem razão e coesão

Mesmo depois
De tanta merda

Eu ainda
Amo
Você

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Constelação Recente; O Infinito Que Eu Viajei

Se tu se acha photoshop
Eu sou seu editor
Porque pros meus olhos
Nesse mundo, você é
A mais linda flor

Se usas muita maquiagem
Saiba que eu te maqueio
Nos meus sonhos, no meu quarto
Aonde ainda habita o seu cheiro

Talvez a gente é nunca
Talvez a gente é sempre
Mas eu sei que a gente nada
Juntos na mesma corrente

Talvez é muito cedo
Talvez é tão confuso
Mas eu espero essa neblina
Passar e
Parafusar
Esse último
Parafuso

Dessa obra prima
Que podemos
Pintar
Juntos