domingo, 16 de abril de 2017

Doutro Mundo

Outro dia me encontrei perdido
Porque os ponteiros apontavam pontos poluídos
Pelas máscara ambíguas
Fumando várias fitas

Fudeu parceiro, tô no lugar errado
Plantei amor e colhi dor, tudo desengonçado
Eu projetei barricadas
Pra proteger os meus projetos
Que visavam um mundo
Aonde amor era dialeto

Nas televisões, o céu ainda era preto e branco
As pessoas nem tinham cores
Mas ainda julgam esse pranto
Eles vão te matar pela cor
Não te amarão pelo branco do osso
Suas ideias vão pro calabouço
Os cara te amarra e desce pipoco

Sem o sangue, você perece
Mas sem amor, até apodrece
Enquanto existe, a realidade
Que se curva em meio a prece

Mudei de direção pra ver se isso ia me mudar
No pretérito do seu presente
Tudo era presente
Mas no futuro do passado
Sem mais caixas de presentes
Eu aprendi a amar a dor
Me cansei de tirania
E quiseram me expor

Dancei no meio da guerra
Choveu sangue, acenderam velas
Os anéis de gerações
Vítimas da tragédia
Eu pensei em voar a noite
E viajei dimensões
Cada quadrado de quasares
Que pareciam aviões
Estrelas brilham pra morrer
O dia chove pra nascer
A rua escura se ilumina
Pra te trazer prazer

Você​ bebe pra esquecer
Talvez fume pra morrer
Ou pra entender
Todas as memórias que se expandem
Em sua mente, em seu lazer
Você beija pra foder
Ou você beija por amar?
Viaja mares pra encontrar
A metade que conquistou
Ou busca flores ao redor
Porque não se contenta
Com o universo
Que encontrou?

Você promete e não cumpre
Você mente e se manda
No final do dia pensa
Que tem que colher mais plantas
Mas a vaidade que mata
Por querer ter no seu jardim
Cada jasmim, sem daninha
Cada orquídea, sem ervinha
Todas as rosas, na pradaria
Mas você vive tantos sentimentos
Você vai acabar no rio

Compartilhe o seu sonho
Com quem ama te abraçar
Destrua todos os teus medos
Que na guerra você pagou
Os maiores inimigos
São os inimigos do amor

Somos todos temporários
Outro plano, doutro horário
Outro mundo, são otários
Aqueles que procuram
Rejeição

Seus ouvidos são a chave
Para a tranca da sua mente

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Coisa

O que é uma "coisa"?
Ouvi essa pergunta em
Um planeta bem
No meio do seu mar
Aonde existia um pedaço de terra e
Nele existiam biomas diferentes que
Em um deles existia vida

Existia pensamento
Existia sangue
Existia sofrimento

E ao redor dessa vida
Existia civilização
Que construíam muitos prédios
Que viviam em uma nação
E entre os prédios
Existiam essas ruas que
Ficavam entre calçadas e
Em algumas calçadas
Existiam becos que
Um dia, me encontrei no meio destes
Que assombravam os meus passos e
Assustavam minha sombra

E foi nesse tal beco que
Ouvi essa pergunta que
Intrigou meus sentidos
Aguçou minha percepção
Do átomo que
Vivo
E do plano que
Vivemos
"O que é uma "coisa"?"

E bem do lado
Daquele ser racional
Que racionava pensamentos
Entre teorias e experimentos
Sentado no concreto, frio e sólido
Aonde existiam átomos
E moléculas
E vida
Uma dentro dá outra
Aonde existiam níveis quânticos
De objetos imensos
Que se expandiam
E se expandiam
Mais e mais, para dentro de si
Aonde rodeavam um mar de universos
Que seus ossos eram galáxias
E na suas galáxias existiam estrelas
E o braço das suas estrelas
Eram planetas com sua ciência
E no meio dessa filosofia
Me encontro falando
Da mesma rua
E do mesmo beco
E dos mesmos seres
E da mesma pergunta

A linha do tempo
Acontece só na gente
O tempo existe
Como um momento paciente
E impaciente
Rápido
E devagar
O tempo mora em tudo
E tudo mora
No tempo

E tudo é uma coisa
Mas nada é tudo

Somos sistemas
E tudo que não existe
Já existe
Você não é o resultado
Você é o progresso

Você não é o final
Você é o caminho

Você não é apenas isso
Você é tudo
Você é uma explosão
E você é matéria
E você é tudo

E tudo
É você

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Incógnita Ansiosa

Esse monstro me come todo
Essa vida me escapa inteira
Penso em noites que passei
Com pessoas que amei
Penso em noites que
Passarei

O que é que vem agora?
O que acontece em vão
É o que enxergo nas mãos?
Enquanto escrevo com essa dores
A ponta do lápis, é essa cor
Âmbar tão vinho
Cevada tão escura

Penso se você vem
Com teu sorriso
Que me abre
Novos caminhos
Penso quando você vai
Mas não quero que vá
Quero que fique e
Que me beba e
Que me tenha
Mas que me tenha
Por inteiro

Enquanto minha mente dança
Com o álcool que ainda se processa
Enquanto minha alma pareia
Com os sentimentos do universo
Deito aqui nesse aperto
Que me traz incompleto
Me disfarço de paz
Pra ver se essas dores
Aqui jaz
Mas não faz
Não faz
Não hás questão
Que calcule essa incógnita
Isso me puxa e
Me suga e
Me força a esvaziar
Outra garrafa
A fumaça me esconde
Mas só por dez minutos
Penso se daqui a um tempo
Vou me encontrar
No tempo absoluto
De agir
Mas ajo
Com dedicação
Pelo futuro
Do meu relógio
E da minha condição

Espero que um dia
As flores
Floresçam
Novamente

Um urso agora
Me abraça
Uma borboleta
Me disfarça
Entre todas as árvores
Me encontro no chão
A luz que se apaga
Abre meu caixão

E voo
Voo pelos céus tão carnívoros
Que engolem rios e vomitam bichos
Mares guiam minha direção
Respiração ofegante
Névoa alucinante
Me amarga o coração
Sinto vida em seus sons
Cito músicas
Sem nenhum refrão
Lembro das coisas que me fizeram
Um dia, viver sem vão

As peças se colocam
Futuros que me chocam
Mas qual o resultado
Dessa equação?
Mordendo os dentes
Fechando as mãos
Punhos prontos
Para defender
Outra condição

Sombras passam
Sombras vão

Mas quando é
Que as flores
Florescerão
Novamente?