sábado, 9 de setembro de 2017

Psicoprisão

Ontem eu saí de mim
Refém dos maus ditados
Ditei caminhos entre a mata
Me perdi quando vi
Tua estátua

Quando consegui
Pegar no sono
Acordei trancado
Em mim mesmo
A janela fechada
A porta trancada
O colchão desarrumado
Meu cabelo bagunçado
E você ainda não
Estava lá

Eu me senti decompondo
Necrosando, em todos os pontos
Eu tô na bagunça do labirinto
Que você construiu por aqui
Eu me assustei com as sombras
Eu me acostumei com a lombra
Eu esqueci de pagar a conta
E hoje moro
Na escuridão

As crises me acompanham
Me pagam café, e falam fanho
Eu não entendo muito bem
Mas sei que não vão embora
Tentei sair da minha mente
E hoje não volto mais
A pele encurva, o corpo retorce
Ansiedade e amnésia
Esqueço todos os nomes
E lembro das faces
E visito os vultos
Me pego preso em
Todos os lugares

Viverei
Vivereis
Vivemos
Virá e verá
Que não é só
Mais uma rima
É uma história de vida
Plantando a colheita
Vivendo na espreita
Vim vendo e vivendo
Essa angústia minha
De todos os dias

Mas não é só constante
Tanto quanto é delirante
Minha esquina e minhas ruas
Hoje só abrigam turbantes
Seres ignorantes
Ignoram as próprias faces
Se o dinheiro tá no bolso, irmão
Tu não vale a amizade
É essa a realidade
Que distorce minha vontade
De ficar vivo no mundão
Mas não complica não
Tô vivo e tô firmão
Minha história só acaba
Quando o mundo perecer, meu irmão

E vou navegar
Pelas águas, vou beber o mar
E respirar o ar
Das árvores lá de casa

Vivendo no tormento
Mas escrevo meu diário
Plantei cadernos no meu armário
E hoje o mundo
É colorido

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Glória

Eu luto com a vida
Experiente em mentiras
Ela me joga nos mares
Que fluem em direção
A essa dor

Eu me escondo no arbusto
Pra ver se eu posso te ver
De lá
Eu me deito na sombra
E espero o sol raiar

Ontem eu briguei com a vida
Hoje eu respiro em dó
No tom que baila a gente
Temos que sobreviver
E hoje eu escrevo um poema
Enquanto eu canto na mente
E sinto o meu coração
Pular batidas de repente
Mas

Se há algo mais
Eu já nem sei te dizer
Se presenteamos a dor
A paz não vem receber
Os remédios hoje, te dizem
Que o sofrimento é fugaz
Mas na mente, contamos
As horas pra dar adeus

Realidade
Estimula os sonhos
Do magnata só
Ao menino que passa vontade

A vontade de ceder
Precisa ser menor
Do que a vontade de viver
Por isso
Sobreviva
Erguer bandeiras
Foi o primeiro passo
Pra conquista espacial
E a faísca
Pra uma guerra invernal
E infernal
Aonde o gelo queima
Vivemos isso todo dia
Mas a mídia só foca em quem teima

Não passe despercebido
Por esse teatro que nos aplaude
Quem nega ajuda ao ferido
Vive navegando sem
Direção

Quando a chuva vier
Dance como nunca dançou
Deixe-a que purifique
Limpe o mal que passou
Ela diz que é mentira
Eu digo que ela é atriz
Meu tipo de sacrifício
Te come até a raiz

Quando os céus cederem
E os cometas perecerem
Quando esse ponto azul sumir
Você vai notar
Que nem o melhor dos remédios
Fez essa dor
Sarar

Viva
Oque há de
Viver

Lute
Pelo que há de
Lutar

Ame o que
Te despertar
O amar

Mate o que
Quiser te
Matar

E fique
Com quem quer
Ficar

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Agora

Os mundos se alinharam mais cedo
Hoje
A má notícia me acordou mais cedo
Hoje
A solidão me apunhalou mais cedo
Hoje
Os medos me anseiam mais cedo
Hoje
O hoje me preocupou mais tarde
Ontem

E ontem eu esperei por uma mensagem
E hoje eu espero pelo amanhã
E amanhã esperarei pelo dia
Em que uniremos nosso estar
E beberemos tudo

Minha sanidade me ignorou cedo
Hoje
Eu estava triste
E hoje
Eu estou sozinho
Mas não por
Muito tempo

Fica pra outro dia
O que não importa
E deixa pra amanhã
Perguntar se isto vem
Hoje eu tô morrendo
Sem sangrar, eu me sinto
Perecendo
Eu cai da escada
Do castelo que eu fiz
Pra nós

Quando me ver
Me beije
Quando me evitar
Me lembre
Quando me querer
Me tenha
Quando for chegar
Me avise
E quando for me amar
Aceite
Que eu te amarei
Duas vezes
Mais