quarta-feira, 21 de março de 2018

Cerúleo Paraíso

Eu ando divagando
E eu vôo pelos cantos
E eu vou pedir ao ar
Que me voe até você
E eu vou pedir ao mar
Que me navegue até você

Na incerteza dessa lua
A caminhada anda escura
E o futuro ainda oblíquo
Essa neblina me ofusca
Então me diga, amor
Se essa agonia vale a pena
E o vale ainda é nosso
Para conquistar
Se os dragões ainda
Vão cantar
No nosso
Altar

Se o mais puro dos momentos
Transparecem sentimentos
Vivo eles toda hora
Te sentindo na flor da pele
Tuas borboletas no meu jardim
Com teu pólen tão doce
Espero o doce ser real

Me leva pra longe
Me leva distante
Me manda tua rua
E me espera lá fora
Me fala bastante
E me diz nessa hora
Se os ponteiros que sigo
Por você
São certeiros como a flora
Que você fez crescer
Aqui
Na minha barriga
Que nessa floresta de intriga
Você trouxe a paz e
Eu sinto as borboletas
Mais uma vez

Eu só fico tão confuso
Na ansiedade dessas terras
Se encurtarem em metrôs
Para eu ir te ver a pé
É que sempre que eu me dei
Eu voltei despedaçado
E você plantou aqui
Outra árvore sem galhos
Cresce reto e concreto
E por mais que eu a cuide
O machado sempre vai estar
Na tua mão
E o que me assusta é o não
E também peço desculpas
Mas em todas essas lutas
Eu nunca saí
Vitorioso

Só quero a lua nos nossos olhos
Enquanto cê tá do meu lado

Minha garganta dói
E sinto meus dias contados
E essa dúvida de estradas
Dos atalhos das quebradas
E da sarjeta sem indicação
Eu sigo reto
Em tua direção
Sem placas a me distrair
Pra discansar, eu acampo aqui
Sabendo que o sol que se põe alí
É aonde você está
Os teus olhos da cor do mar
Seu cerúleo tão belo
Eu quero mergulhar
E esse momento emo
De tantas palavras tocantes
Podem te fazer enjoar
Mas é tão belo isso aqui
Te dizendo o que senti
Quando pensei em teu olhar
Nesse teu céu azul
Eu quero naufragar
E nos teus lábios molhados
Eu vou viajar
E de tanto enrolar
Já deu pra perceber que
É inefável o que eu sinto
Por você

terça-feira, 20 de março de 2018

Mar Azul do Céu

Eu quero nadar no
Mar dos teus olhos
E visitar
O templo do seu corpo
O museu da sua alma
Quero o pacto carnal
Fazer a matemática contorcer
Para um mais um
Ser um

O mar de estrelas que eu quero navegar
E assistir o luar
E fico aqui a contorcer
Olhando para os céus
No mais quieto suspiro
Com essa vontade
Eu piro
Eu me viro
Pro outro lado e
Não consigo dormir
Tentando não pensar em como
Eu quero residir
Do teu lado
Nas noites mais barulhentas

Entrelaçar meus dedos
Com os dedos teus
E bailar minha língua
Com a língua tua
E até passear meu com
Os cachorros na rua
E como a mudança de semântica
Quero mudar para seu lado
E ser seu destino
Nos dias bons
E nos dias ruins

Quero o calor de cada dia
Quero o sabor da sua boca
Quero sua pele na minha
Quero nossa sintonia
E vejo as nuvens com teu rosto e eu
Você você sentada na cadeira vazia
Vejo você do meu lado e eu
Fico louco por não ser
Real, e
Ainda sinto
Aqui dentro
No fundo do peito
Que você
Existe

No dia que eu descansar meus
Olhos nos teus
E descansar meu corpo
Sobre o teu
E sentir sua cabeça no
Peito meu
E viajar nos teus lábios
Molhados
De beijos demorados
Com esse sentimento sensato
E esse encontro volátil
Te achar foi demorado
E hoje eu
Sou feliz
Como um gato
E sua caixa de papelão

Falar difícil
Com esse sentimento inefável
Não sou tão hábil
Mas sim, sou louco
Completamente louco
Por você
Meu
Amor

terça-feira, 13 de março de 2018

Transparência

Eu queria escrever
E pensar em palavras que
Falassem o que
Eu sinto aqui dentro

Tá tudo abafado, tá tudo tão
Solitário
Tá tudo tão no acaso
Até o fracasso tá
Escasso

Eu fico me imaginando
Engravatado, em um canto
Conseguindo orgulhar
Mesmo ao me estressar
E perder os apelidos
Inúteis

Tem dias que eu não quero acordar
E tem dias que eu não consigo dormir
São os dias que eu penso em contestar
As provas que me trouxeram aqui

É poesia, a minha arte
É arte, a minha vida
É tudo que eu menos queria:
Não poder reagir
Acham fácil, ainda
Falar de ti
Acham complicado entender
As ansiedades
Que moram aqui
Quando é que vão ver
Que eu não consigo me viver
Nem viver
Nem me ver
No espelho

Eu caminho de acordo com o mar
Calmo, sem me apressar
Quando a lua vier a cair
Eu vou fugir para o cais
Dos barcos a navegar

É tentando me encontrar
Que eu me perco na ilusão
Nos bares, sem chão
Sem um tostão
Procurando fazer mais tostões
Procurando existir entre os parâmetros
E procurando divergir as multidões

Eu me afundo
Muito mais
Em mim

quinta-feira, 8 de março de 2018

Perdão

Tanta ambição pelo céu
Que deixamos o simples passar

O tormento do esquizofrênico
A dor da depressão
O pavor da ansiedade
A agonia da solidão

E no final
Mais vale rir
Do que pedir perdão
E tirar sarro
Do que segurar a mão
Porque popularidade
Pra muitos
É mais importante
Do que curar o coração

E hoje
A cor da pele
E a opção alheia
Definem falhas
E torturam o são

Então
Desculpe por não ser um bom amigo
Desculpe por não querer levantar da cama
Desculpe por gostar demais
Desculpe por me importar demais
Desculpe por amar demais e
Me perdoe por chorar demais

E me perdoe por tentar demais
E por não estar alí quando eu deveria
Perdão por pedir paz
E perdão por pedir desculpa
E me perdoe
Por pedir perdão

Certo, eu paro de pedir desculpas
Me desculpe