terça-feira, 13 de março de 2018

Transparência

Eu queria escrever
E pensar em palavras que
Falassem o que
Eu sinto aqui dentro

Tá tudo abafado, tá tudo tão
Solitário
Tá tudo tão no acaso
Até o fracasso tá
Escasso

Eu fico me imaginando
Engravatado, em um canto
Conseguindo orgulhar
Mesmo ao me estressar
E perder os apelidos
Inúteis

Tem dias que eu não quero acordar
E tem dias que eu não consigo dormir
São os dias que eu penso em contestar
As provas que me trouxeram aqui

É poesia, a minha arte
É arte, a minha vida
É tudo que eu menos queria:
Não poder reagir
Acham fácil, ainda
Falar de ti
Acham complicado entender
As ansiedades
Que moram aqui
Quando é que vão ver
Que eu não consigo me viver
Nem viver
Nem me ver
No espelho

Eu caminho de acordo com o mar
Calmo, sem me apressar
Quando a lua vier a cair
Eu vou fugir para o cais
Dos barcos a navegar

É tentando me encontrar
Que eu me perco na ilusão
Nos bares, sem chão
Sem um tostão
Procurando fazer mais tostões
Procurando existir entre os parâmetros
E procurando divergir as multidões

Eu me afundo
Muito mais
Em mim

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