Perfeito Semblante

A conversa.
Iluminada pelos seus olhos,
Sua voz, suave; cantarolando.
Seu cheiro que ficou em minhas mãos.
Meus olhos que te encontraram.
Nossos dedos, entrelaçados.
Ao beijo; ao tocar seus lábios.
E perguntar: Como vai você?

E naquele momento..
Foi tão bom.
Tudo.
Maravilhoso.

Sorria para mim, amor.
Me enlouqueça.
Me faça perder a cabeça, baby!

Soldado Ébrio

O copo sobre a mesa. Os copos.
As armas postas em seus lugares.
Os comentários sobre os tiros, as discussões sobre as mortes.
As memórias alteradas, os egos inativos. O desejo.
Os desejos.

Falando alto, gritos. Entre tiros e trincheiras.
As explosões, os corpos.
Preservativos com água limpa; os fardos sujos.
Os generais inertes, dando os comandos.
"Pelo meu país, morrerei."

As vozes do coração. Crescendo.
Perdendo tempo sendo quem não és.

Balas, balas. Desespero e frio.
Os entes queridos derrubam lágrimas.
Perdendo tempo sendo alguma coisa que não és.

O bar volta, o álcool amenizando.
Brilhe sua luz enquanto tens uma.
Não perca seu tempo sendo alguém que não és.

As bandeiras, as memórias.
As cervejas, sobre o marfim.
Sobre as árvores mortas que serviram de cobertura.

As estrelas abrigando seres, a terra abrigando corpos.
Apagando-se, tudo se esvai.
Tick-tock, tick-tock.
Como um passe de mágica.

O futuro, foi-se;
O passado, escrito.
O presente, os úmidos semblantes.
Sobre a tempestade no funeral.
E sua foto em uma mesa de canto, em uma parede, em um mural.

Não perca seu tempo, sendo algo que não é.

Tango; Carnaval

As danças,
Os riscos.
Os discos.
Essa vida já teve atores melhores.

A cada dia,
Roteiros diferentes.
Pessoas diferentes, lugares diferentes;
Ambientes, tarefas, bebidas,
Conversas,  amigos, regras;
Coisas, ritmos, destinos...
Diferentes.
Os mesmos brilhos que brilham em qualquer lugar.

Garotas, discos;
Amores, riscos;
É o que nos falta,
Esperar.

Só o tempo vai dizer.

Saudade

O sentimento da distância.
Muitas vezes, o pai da solidão.
O irmão do desespero.
A presa da escuridão.
A lágrima que perturba o coração.

Nos impede de ouvir a palavra da razão.
A palavra do amigo,
Do tio, do abrigo.
Que se foi, em vão.

Aos dias da semana.
Sua imagem parada ali.
Falando do futuro,
Da felicidade que tinhas.
Das risadas que dava, da alegria que emitia.
Foi-se; em vão.

Do pai.
Do filho.
Do espírito santo; do seu,
Que hoje nos protege aqui.

Do luto, da falta.

Apreço da Desvantagem

O disparo que decide o destino,
Nas mãos do homem que corrompe o futuro.
Explicações amargas de um cenário gradiente.
De uma floresta que caminha para um deserto.

A cadáver enterrado a terra de seu peito.
O buraco que foi cavado na tempestade do remorso.
A triste áurea que flutua pelo clima.
Se intensifica a cada pesar, de cada palavra.

Os filhos danificam o superego,
A esposa se mata no devaneio.
O álcool corrompe a vida,
O tabaco dificulta a saída.

Aí vem o sol, de todas as manhãs.
A água de todos os oceanos, de todas as praias.
O fogo do mesmo composto.
A ar do mesmo mundo.

A mesmice do desejo, da crença, da razão.
O diferente do tempo, do clima, da matemática.
O ciclo da vida, afunda o navio.
Transborda o copo. O doce âmbar.
Tão doce, tão limpo, tão traidor.
Muito velho para querer ser novo.

Quanto mais muda, mais é a mesma coisa.

De Mim A Nós

Lembranças..
Lembranças de um coração,
Um coração que foi-se em vão.

Esses lugares que não param de atacar.
Dessas memórias que revivem em todo andar.
Desses roteiros escritos a mão.

Das vidas que deixamos em lindo calor.
Dessas pessoas que cuidam da cor. Do objetivo que sempre parece promissor.

Da distância que promete o tempo que for.
Do amor que garante a inércia da dor.
Dos sonhos que somem em lindo vapor.
Da vida que entrega a beleza nas mãos.

A certeza que te dou.
O futuro que garanto.
Do passado, árduo passado.

O "era uma vez" será: Eu aceito.