sexta-feira, 28 de março de 2014

Soldado Ébrio

O copo sobre a mesa. Os copos.
As armas postas em seus lugares.
Os comentários sobre os tiros, as discussões sobre as mortes.
As memórias alteradas, os egos inativos. O desejo.
Os desejos.

Falando alto, gritos. Entre tiros e trincheiras.
As explosões, os corpos.
Preservativos com água limpa; os fardos sujos.
Os generais inertes, dando os comandos.
"Pelo meu país, morrerei."

As vozes do coração. Crescendo.
Perdendo tempo sendo quem não és.

Balas, balas. Desespero e frio.
Os entes queridos derrubam lágrimas.
Perdendo tempo sendo alguma coisa que não és.

O bar volta, o álcool amenizando.
Brilhe sua luz enquanto tens uma.
Não perca seu tempo sendo alguém que não és.

As bandeiras, as memórias.
As cervejas, sobre o marfim.
Sobre as árvores mortas que serviram de cobertura.

As estrelas abrigando seres, a terra abrigando corpos.
Apagando-se, tudo se esvai.
Tick-tock, tick-tock.
Como um passe de mágica.

O futuro, foi-se;
O passado, escrito.
O presente, os úmidos semblantes.
Sobre a tempestade no funeral.
E sua foto em uma mesa de canto, em uma parede, em um mural.

Não perca seu tempo, sendo algo que não é.

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