quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Alma Desesperada

Tudo que retruco
Retruco em prosa

Tudo que desabafo
Desabafo em ultrarromantismo

Tudo que escrevo
Porém
É em Rondel

As vezes deixo os pensamentos ecoarem
E deixo as pessoas falarem
O quanto elas quiserem
Sobre a situação

Até hoje me arrependo
De ter enfiado minha alma numa garrafa vazia
E ter embebedado um porcento a mais de um mendigo qualquer

Lembro de quando eu tentei sonhar
Com os sonhos mais comuns
E tudo o que eu pude imaginar
Foram asas quebradas e uma garrafa vazia de rum

Lembro de quando eu pude ouvir de novo
As vozes dos devaneios
 -Não fique aqui

Lembro de quando eu pude estudar
Todas as coisas que se moviam
E pude ver o tempo parar
Entre sorrisos quebrados
Olhares embaçados
Celulares, focados
Câmeras e luzes
Reações e capuzes
Pude aprender sem perguntar
E entender sem ter que falar
Um a

Deixei tudo pra você
Até as desconsiderações
E até a lista que você escreveu
Pra eu poder ser seu

Não consegui escapar
Desaparecendo
Nem consegui resgatar
Me importando demais

Eu me preocupei demais
E isso foi problema
Eu perguntei demais
E isso foi problema
Eu quis demais
E isso foi problema
Foi o que eu podia dar
Foi como eu consegui imaginar
Foi a lista que eu segui
E só seguindo essa lista
Consegui me libertar
Você que escreveu

E eu que queimei

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Vida

Tão frágil
E tão importante
E tão fascinante

A menor lâmina
Perfura até o material mais duro
Quebra até os átomos mais juntos
Fura até a matéria mais negra
E separa as moléculas com tanta facilidade

E fura
E sangra

E percebemos como somos pequenos
E como o mundo tem de mudar

Como o verde tem que lutar
E como o branco tem que parar
De julgar a cor de cada flor
De cada máquina incrível que habita esse mundo
Essa terra

Cada estrela brilha pra cada um
Não deixe a estrela apagar

Todos seguem caminhos diferentes
Pra chegar ao mesmo lugar
A felicidade
O prazer
O amor
E beijar
E abraçar
A vida mais bela
O dom mais raro
Que nos foi dado

Viver
Como nunca vivemos antes
E falar
E realizar
O que ocupa nossa mente

No chão
No prédio
Na cidade
Na região
No país
Na terra
No sistema solar
Na via láctea
No universo
No infinito,
 e além

E como somos capazes de mudar
De jogar fora todo o preconceito
E todo o racismo
De espantar todas as sombras do medo
Da solidão

De viver e sentir
O que há pra sentir
E o que tem pra viver

Imaginar
Sonhar

Não deixe o seu sonho acabar
Sonhe e realize
Antes de sentar e chorar
Pelo leite que nem sequer foi posto no copo

Corra atrás
Viva
Tente
Lute
Conquiste
Consiga

Beba
Fume
Beije
Abrace
Escreva
Nasça
Morra
E nasça
 todos os dias
Mais uma vez

Pra sempre


Expresse
Mesmo que não conseguir
Como esta tentativa inútil
Em forma de poema

Cante
E dance

Até o raiar do sol que vem daqui alguns dias
Fuja da realidade
Fuja do sistema e desse ciclo vicioso
Não faça listas
Mas aceite o que tem pra comprar
E use
E abuse
De tudo aquilo que tem
Da liberdade
Do amor

Depois volte ao ciclo vicioso
Que nos prende com uma coleira
E nos leva pra passear todo dia
E gaste o dinheiro
E ganhe o dinheiro
E gaste o dinheiro

E viva
Cada dia
Mais

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Miscelânea

As vezes eu paro pra pensar em todas as tintas que já pintaram as paredes que hoje, fecham a minha sabedoria. Eu já tentei pintá-las de outras cores, mas as cores velhas sempre aparecem.
Outro dia eu percebi como as coisas são tão temporárias. Um dia eu fiquei triste ao perceber que, se eu jogasse minha inteligência por aí, eu teria que esquecê-la no outro dia. Uma hora eu iria compreender outras histórias, e outras formas de conhecimento. Quem sabe até pintar com outras tintas, e usar outros pincéis, ou construir outras paredes.
Um dia eu fiz uma música pra tentar recuperar um sentido que eu talvez nunca tenha de volta. Um dia eu escrevi um poema pra um sentido que talvez eu nunca tenha.
A minha vida eu escrevo em metáforas e eufemismo, assim só quem entende pode ler. Mas todo mundo entende; e todo mundo lê. "É só mais uma novela", ou, "É só mais uma história". Tem vezes que eu encho a cara só pra escapar da realidade, que eu não gosto mesmo de ser muito realista. Prefiro fantasiar algumas coisas pra me convencer de que tudo vai ficar bem, assim eu consigo passar pelo problema de uma maneira mais otimista. Nunca deixo de ser realista na verdade, eu só tento ser otimista pra achar a melhor solução. É mais fácil aproveitar a água que ta até a metade, do que tentar encher o copo e não ter água pra depois ou, ver o copo transbordar. É assim que eu sou idiota. Me preocupando demais e ajudando demais as pessoas que, muitas vezes, preferem virar esse copo no chão e xingar todo mundo de filho da puta. Eu amo demais, eu fantasio demais, e eu aceito demais; mas sejamos realistas. Vamos só viver o que tem pra ser vivido, e amar o que nos ama, e o que tem pra ser amado.
As vezes eu fico pensando que, se eu quisesse viver a vida do meu jeito, eu seria apedrejado por todos esses loucos que ficam aí, engravatados e só dão ordens. As vezes da vontade de só jogar tudo pro ar, e sair por aí pegando, bebendo, comendo e fumando tudo o que eu quiser. Afinal nós somos livres, nascemos livres, e a partir do momento em que a gente vê que tudo é perigoso, e nada é de graça. Você tem fome, você paga. Você tem filhos, você paga. Você quer se divertir, você paga. Acho que qualquer dia desses eu vou pular na fonte de um lugar público e sair correndo até em casa de cueca no meio da rua, no meio da noite, de novo. Acho que qualquer dia eu vou sair por aí com uma garrafa de vinho, e um cigarro aceso na mão, pela cidade, de novo. Só andar, mesmo sozinho, ou tirar vantagem do que eu "não" posso fazer.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

As vezes o rosto cai
Com uma simples canção
Que cura

As vezes a história volta
E o passado vem a tona
E a chuva chove
Como nunca choveu antes

Na janela
O barulho
O silêncio

Está nos jornais
Que já foram vendidos
E nas livrarias
Que já foram fechadas
A história dos anciões
Que já foram assassinados
E o dinheiro de todos os bancos
Que já foram queimados
E o final
Que já acabou e começou
E acabou e começou
Mais de duas vezes

Tem o suspiro mais árduo
Tem a risada mais vazia
Tem a garrafa mais cheia
Dentro de cada coração

Tem o lamento vazio
E a voz da solidão
Dentro de cada distância
E de cada vez que ouvimos: "Não"

De cada felicidade
E de cada sorriso de verdade
E a cada mão que se estende pela bondade
Não pela falsidade
Não pela desigualdade
Mas pela irmandade e pela coletividade
Que falta na humanidade

Podemos ser um só
Podemos cantar a mesma canção
Podemos mentir para o mundo
Mas não para os olhos do nosso coração

Vamos tentar
Vamos arriscar
Ser diferentes
Conscientes

Vamos sentir
O ar
Vamos cantar
O som
Vamos bailar
O ritmo
E afogar
O espírito
Na garrafa
E trancar
E matar

Beijar
Abraçar

Acalentar

Deixar

E fim

Como o único beijo que revive
O sentimento mais belo
Que vaga pelas artérias
E entra pelas aortas
Que bombeia o plasma mais cruel
E mais quente
E mais vívido
E mais independente

O filho chora
Com o pai que se prende
Numa garrafa
Num oceano
De um planeta qualquer

E os ombros
Cada vez mais baixos
E os olhos
Cada vez mais cinzas
E o dia
Cada vez mais tarde
E a tarde
Cada vez mais
Tarde

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Wanderlust

Não é mais, né? Os mesmos gostos
Eu já sei que é preciso seguir em frente, com as velhas roupas
E as velhas falas
E as velhas horas

Eu sei que é hora de me arriscar
De perguntar
De falar
De amar
De dizer o que eu sinto

Vamos em frente
Vamos velejar
No maior barco que existe

Já é como parece que é, já
A vaidade
O momento
O prazer de viver
A momento de vaidade

Vamos sair
Vamos beber
Vamos desabafar na garrafa vazia
E vamos escutar as palavras cheias
De emoção e seriedade
De confissão e iniquidade
De amor de verdade

Vamos aproveitar
A transa
A vibe
A transa da vibe
Que a música fala

Vamos tentar
Arriscar
Sem pesar
Nenhum

É novo
É pra tentar
É pra viver

domingo, 1 de fevereiro de 2015

(In)Sanidade

Será que o meu rosto
É tão real quanto o seu?

Será que o seu gosto
É tão leal quanto o meu?

Quem sabe se eu voltar
Quem sabe se eu aprender a viver
Quem sabe se um dia acontecer
Da confusão se resolver

Quem sabe eu considere
Todas as possibilidades
As chances estão aí
E não falta oportunidade

Distorce a realidade
Enegrece a sanidade
Já cansei de me arrastar pelo chão

Quando os devaneios são loucos
E as mentes são abertas
Eles invadem aos poucos
Eles te matam a beça

Feliz é aquele
Que não sente?

Eu morri faz tempo
Eu perdoei demais
Eu aceitei
Eu me entreguei
Eu traguei
Toda a fumaça
Que já me matou
Faz anos

Já não enxergo mais as paredes
As luzes já me cegaram
Os shows já me mataram
E eu terminei quebrado

Mas, meu, quanto drama
E eu não posso evitar
Só queria proteger
Mas só consegui machucar
E entristecer
Todo o amor que ainda restava
Por ser super protetor
E é tão pesada, essa farda..

Você me abraçava com tanto amor
Seus olhos me olhavam com tanto vigor
E tudo agora, já acabou
E tudo agora, foi deixado pra trás

Foi num dia especial
Numa ocasião sem-igual
Que eu encontrei você
Foi uma agulha no palheiro
Um sorriso tão.. Maneiro
Que brilhou para mim

Seus olhos se fechavam
E nossos lábios se beijavam
Como nenhum beijo já aconteceu

Sua voz me guiava
Me tirava da emboscada
Que a vida armou pra mim

Seu abraço me acalentava
Tirava o frio da noitada
Que nos encontramos, enfim

Eu posso até revelar
Que por criancice minha
Acreditei no seu "Pra sempre"

Que estava escrito na carta
Que dizia que eu não era
Apenas um fogo de palha

Seu cheiro ainda me cerca
E as memórias só torturam
Minha cabeça bagunçada

Que nem consegue
Diferenciar a realidade
Você apostou
Na minha sanidade

Eu te amo
Como nunca amei ninguém
Com a força de mil anjos
Com o amor de todos os beijos
E todos os abraços
E todos os cheiros
E todos os laços
E todas as roupas
E todos os cadarços
E todos os perfumes
E todos os traços
Todos os olhares
Todos os pilares
Que sustentavam nosso amor
Todos os familiares
Que apostaram no nosso calor
Todos os amigos
Que amavam ver a gente junto
Todos os "Pra sempre"s
Que jurávamos em vão
Todos os lugares
Todos os pedaços
Todos os vasos
Que guardávamos nosso amor
Com todo amor do mundo
Te recebi em minha vida
Como todo o amor do mundo
Você foi minha querida
Minha rosa no deserto
Minha linda
Meu amor
Mon amour
Minha essência secreta
Tudo o que compartilhamos

Eu ainda te amo
E talvez nunca pare de amar
Só não posso revelar
Pois senão vão me apedrejar
Por ser tolo demais
E ter o coração mole

Você é muito importante
Para mim, e sempre será
Só me pergunto
Será que, de mim, ela lembrará?