as vezes eu sinto que
morto em solidão
eu ainda morro ao voar
as vezes eu vejo que
mesmo extraindo da canção
o mais doce do escrivão
ainda caio em pesar
com a vasta convivência
adquirindo experiência
você começa a perceber
que a solidão não é um precipício
a solidão é uma escada
a cada passo para cima
é um metro para baixo
no sonho vivo
são milhões de estradas
para lugar nenhum
já não consigo mais aliviar as dores salgando o paladar
nem inibir a presença de quem um dia, pôs-se a me amar
nem bloquear os cacos que me fazem sangrar
ou derrubar os pilares que só sabem segurar
as pontes que me levam para longe de casa
eles brincam com os mortos
nós rimos com os vivos
eles comem os impostos
nós pagamos os amigos
aonde as ruas se encontram
é aonde eu devo estar
aonde os postes balançam
é o lugar que prefiro amar
os pingos molham o caminho
que já é difícil de achar
e eu escrevo as palavras
mais longas de aguentar
vejo olhos e aparências
e no mais simples revelar
vejo personalidades e existências
tão tristes de aguentar
mas ninguém vê quem realmente sou
apenas gostam de julgar
ou o cabelo, ou as roupas
vão agora, me crucificar
passo em horas e minutos
o que não gostam de anotar
vejo cada amigo próximo
com mentiras me torturar
vejo cada olhar distante
com um sinal, me chamar
o precipício do amor
se enche com fardos grandes
pesados pra quem os carrega
e cada minuto em perdição
o morto já esta em ação
o sentimento que estoura o coração
e mutila a solidão
sonhos lúcidos dão milhares de estradas
para lugar nenhum
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