quarta-feira, 29 de abril de 2015

Som

sou o avião que
cai em pesar
sou o fardo que
te sobrecarrega sem avisar
sou a lente que
te enxerga sem avistar

sou a mente que
te come sem abalar
sou a luz que
te nega sem exagerar
sou o mar
que te leva sem caminhar
a onda que
te molha sem enxaguar
e seca sem aquecer
e nega sem dizer

o sol que
te ilumina sem escrever
e te abandona sem escurecer

sou a vida que te
vive sem imaginar
como seria um mundo aonde
os ricos comem na mão
e os pobres manobram comendo
os restos que as mãos deixaram
e que as vidas andam bebendo

o puro prazer de pensar
em ter uma pessoa pra amar
e apenas esperar pra chamar
e esperar para ser
e crescer para ver
que a bola faz a física
a água faz a química
e você faz a filosofia
a filosofia da sociologia
integrada em ondas irreais
com estímulos mentais
que vivem o sol de
cada dia
o sol que aquece sem brilhar
e mata sem tocar
o suspeito perfeito

a parede que tomba sem desmoronar
o amor que ama sem magoar
é o mesmo que magoa sem amar
e o mesmo que afoga sem saber nadar

o calor que abafa o peito
ao pensar em fotos impossíveis
é o calor que queima a razão
e quebra o silêncio
você
ao pensar no impossível

as vezes é uma folha de papel
as vezes é um líquido irrelevante
as vezes é um processo mirabolante
matemático e estressante
ou um trabalho
enjoante
com pupilas
arrogantes
que vigiam a noite e protegem o dia
é alucinante

quero sabe aonde que leva
aquele horizonte pitando de azul
quero saber aonde que dá
o infinito negro que roda do norte ao sul

queria achar um jeito de realizar os meus sonhos mais impossíveis
queria achar um jeito de me expressar com as palavras mais irreversíveis
aquelas que desenham árvores no coração
aquelas que moldam a essência da alma
aquelas que apagam a velha canção
aquelas que desgastam a mais nova calma
e um jeito de expressão aonde tudo é normal
sem surpresas nem alarmes
e sem tropas com estandartes estampados em seus peitos
ou flores com estandartes que balançam com o vento
e sem músicos com estandartes que afinam uma canção
tocando o instrumento da redenção
da solidão

quero viagens com longa duração
e amigos que cobrem o vazio do coração
com bebidas que acalmem o ritmo da batida
que bombeia o fundamental para nossa diversão
e mentes que compreendem a sua insanidade
aonde todos ficam a vontade
e sem mais
nem menos
a rua para a eternização

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