quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Semblante Gradiente

Somos todos atores
Vestindo flores
Que disfarçam dores

Sorriso branco
Na porcelana que se veste
Nesse rosto
Que a cada dia
Só entristece

Transações de humores
Do dia a dia
Aliciando espinhos
De rosas que cheiravam
Algum dia
Porque desgastam-se
Fecham-se
Pra depois terem que se
Abrir
Porque cada barra dessa jaula
Faz muitas lágrimas
Sucumbir

Lutaremos
Por isso lutar
Iremos
Pelos dias que virão
E pelos perfumes
Que ainda vão vir
Que vão expelir
De cada flor que
Plantamos
Nesse nosso
Belo jardim

Semblantes
Gradientes que
Horas se escondem
Horas se fazem
Presentes

Lado Bom

Me sinto bem
Quando penso em
Você

Você me dá razão
Para
Continuar

Temporal

As mãos do tempo
São cruéis
Agora

O futuro se
Desfaz
Na hora

Tudo que parece
Ser
Nunca foi

Me preocupo
Com o que o
Passado
Pode trazer a tona

Choro que ecoa
Pelos corredores
Desse labirinto
De carne

Dores que existem
Para me fazer ansiar
Pelo que pode vir
Dores que me dão
Medo do futuro
Que eu posso estar
A carregar

Os cobertores são gelados
Os cobertores são frios
Os cobertores não me esquentam
Os cobertores são rios
De solidão
Dos desejos
De calor
Temperatura do amor
Jas ausente aqui

Grito é sonho
Mas o caminho ainda é turvo
Quando canto paz
As pedras começam a voar

Tudo parece tão triste...
Tudo parece cair
Ouço gritos de desespero
Daqueles que se perderam no abismo
Olhos grudados nessas telas brilhantes
Trocando intelecto por conexões vibrantes
Eu apenas vejo o cinza
Das ruas
O branco do céu
E o preto
Do semáforo
Dizendo que tudo vai ficar bem
Mas ainda
Não vejo cores

Decido viver como é bom pra mim
Cuidando de quem quer me cuidar
Abraçando quem quer me abraçar
Voando com quem quer voar
Comigo

Mas ainda
Estas são mentes
Longínquas e ausentes
E eu com minha mente
Que mente
Eloquentemente
Pra tentar me fazer
Feliz

Pensando palavras
E distrações
Não das mais belas
Mas das mais realistas
Até como mentiras
"Tudo vai ficar bem"
E quanto mais muda
Mais é a mesma coisa

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Despersonalização

Tenho a sensação
De que me tiram do lugar
Que me fazem piorar
E estremecem cada vez mais
As cordas
Que já são bambas

As vezes consigo sentir tudo
E as vezes não consigo ouvir nada

Me preocupo com o que está além
Luto para estar bem
Mas essas batalhas são em vão
Soldados correndo dispersos
Com suas armas na mão

Atiro e tiro o alvo do lugar
Situação propícia a piorar
Tenho que ficar calmo quando preciso extravasar

Objetivos se perdem
A caso já foi arquivado
A cerveja me anseia e o energético me adormece
Ruas cinzas com listras brancas
Escasso acalento que me deixa frio
Como cadáver

Assim como dias que tem que chover
Existem dias em que não se faz sol
Noites que o sono foge
E a solidão não molha quente o lençol

É como se nada mais fizesse sentido, é como se nada mais existisse por um propósito
Acho que eu estou ficando doente, cheio de paranóias e sem formar pensamentos coerentes
Desrealização mental
Aonde o mais comum
É a lembrança do abismo

Dia incolor
Ponteiros que
Marcam dor
Chuva que
Chove mal
Trazendo lembranças
Do dia
Em que tudo se foi
Sem nem um tchau

Os porquês
Foram as únicas perguntas
Que restaram aqui
Daqui a pouco
Eu não vou ter mais
Para onde ir

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Sensacional Sensação

Se cê soubesse
Que já sou seu

Sem muito esforço
Cê conseguiu sim
Me situar
Em um
Lugar
Só nosso

Sem saber
Cê soube
Que assim
Eu seria seu
Sendo que

Sou seu
Sem mais

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Pedra

A porta se abre, e ela se adentra
Contando as pessoas, e com esse número, se sustenta
Zero, zero, zero

Cheia de vazio, me alimenta
Com sua presença pesada, leva o que me sustenta
Sanidade

Ta tão frio hoje, imagino a situação daqueles que não tem com o que se cobrir
É tão familiar aqui, mas ainda,
é fora do lugar

A porta fecha, e ela senta ao meu lado
Me deixando mau humorado
Me deixando de lado
Me abraçando com seus fardos tão pesados

E cadê todas as almas
Rodeando esta sala
E cada o meu sorriso
Que foi jogado na vala

Só vejo as lembranças
Que comovem minha alma
Morte, desamizade e danças
Com a Dona Morte, me abala

Pensamentos podres, infestando a solidão
Fazendo de mim, objeto
De sua própria exatidão:
Destruição

Rasgando as almas no meio
Daqueles que caíram na perdição
Que se entregaram de coração
Que se afundaram na navegação
Da tal bomba relógio que sustenta esses corpos

Enfim deixo minha deixa
Jogando cartas com meu amor
Que ajuda eu a me recompor
Que me ajuda contra o terror
que é todo esse caos
E enquanto me ajuda
Me afunda
Solidão

domingo, 7 de agosto de 2016

Portamente

Os dias parecem contados
E meus demônios
Conversam comigo
...

Medo
Pavor
Ansiedade
Egocentrismo
Egoísm
Orgulho
Luxúria
Abnegação
Pânico
Culpa
Reclusão
Paranóia
Repressão
Declínio
Auto-Aversão
Desespero
Vício
Neuroticismo
Fardos e responsabilidades;
Opressão
Submissão
Pesar, arrependimento

E mesmo esses meus
Demônios
Me caçam
E me questionam
Quando que eu vou
Aceitar o meu destino

Quando que eu vou
Parar de tentar
Dominar o caos
Que mora dentro de mim

Quando que eu vou
Parar de mandar soldados
Para uma guerra
Que não pode
Ser
Ganha

E mesmo temendo
As sombras desses meus
Medos
Que andam lado a lado
Com meu reflexo

Ainda sei que
A luz
Me acompanha do outro lado
Do espelho

E ela diz
Que tudo vai ficar bem
E eles dizem, que é tudo bem ser triste
Que é tudo bem não ter felicidade
Que é tudo bem não ter abraços
E que é tudo bem não ser
Perfeito
E que é tudo bem não ter respostas
E que é tudo bem não ser
Igual
Pois todos sabemos que
Num simples jogo de quebra cabeça
Nenhuma peça é igual
E ainda assim
Quando juntam
Formam uma só linda paisagem

Então tá tudo bem em errar
E o objetivo é focar
Em buscar
O que faz tua alma
Feliz

E é tudo bem não ter
Felicidade
Pois nos momentos em que ela vem
Com facilidade
São os momentos em que nossa alma tem
Mais atividade

Reencontrei olhos tão profundos
E me deparei com sentimentos que eu guardava
Tão reclusos
Mas também foi tudo bem
Supri-los

Mas porque tudo parece tão escuro...?
Porque as vozes gritam e eu não escuto...?
Lembro quando tudo parecia cantar
As árvores pareciam respirar
Os pássaros voavam
Os beijos se molhavam
E as pessoas pareciam tão felizes

Quando meu coração não palpitava
Minha cabeça não esquentava
Meus dedos não formigavam
Meu fígado não se esforçava
E eu ainda sentava na sala
Assistindo a Fórmula 1
Domingo de manhã
Com o meu pai
E eu ainda coloria
Os livros
E aprendia o ABC

Hoje às lágrimas não salgam
E tudo virou uma grande
Fábula
E todas as culpas
E todos os fardos
Ganharam dimensões

Ouço meu coração bater
Sinto meu inconsciente pensar
E me pergunto
Se ainda
Vivo
Enquanto assisto a TV
As olimpíadas, o futebol
A bola que rola, o músico em bemol
A voz de adrenalina no narrador num dia de sol
E me pergunto
Se ainda
Existo


Mas tá tudo bem
A felicidade é simples
Eu vou me esforçar mais, eu vou
Vocês todos ainda verão a luz

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Dura Queda

Minha cabeça
Tá presa
No corpo

De outro
Alguém

Ou meu corpo
Nasceu colado
Com o pensado

De mente
Além

Eu ando com sono
Eu durmo acordado

Eu vejo tão míope
Eu ando de lado
Assim não quebro
O meu nariz

Aqui dentro faz frio
Na guerra contra o ego
Eu já morri congelado
"Soldado abatido!"
Meus sentimentos gritaram

Enquanto imersos
Em inércia
Total

Formigando
Paralisados
Para lhes usar-los
Vai ser fatal

Cada dia chove mais pedra
Que perfura e rasga
As nuvens tão inocentes
Tão macias
Tão delicadas

E esfria
E esfria
Até congelar os pés