terça-feira, 29 de novembro de 2016

Notas do Coração

ando procurando abraços como um que já tive antes
Vago por aí em vagos sentidos e vastos abrigos e vários sentimentos

tudo pode estar
Aonde eu não quero procurar

tudo pode ser
Aonde eu quero viver

nada me conforta
Se não estiver em meus planos
  que levo comigo na teimosia
E quando os perco, choro em prantos

Eu queria viver como quero
Mas a vida não funciona assim
Ah, se funcionasse do nosso jeito...
Acho que ninguém saberia o que é egoísmo
Porque todo mundo o viveria

Talvez sejamos protagonistas do nosso próprio universo
Mas como dou a entender isso pra outros coadjuvantes?
É, se fosse isso, eles fariam um filme dentro do meu

meu roteiro, eu não consigo escrever
Minha vida, eu não consigo viver

pro céu, eu não consigo olhar
Senão eu vejo o teu rosto, e me ponho
A chorar

por qualquer dúvida que exista
Não ouse duvidar
de que, no nosso banco
Sempre vou estar
E sentar
E admirar o que temos ali
Porque se um dia
Você voltar
Nada vai ter mudado
Tudo estará no seu eixo
Tudo estará concordado
Mas acho que você
Já foi sentar
Debaixo da árvore
De outro alguém

Dói só de pensar
Mas é a vida, temos que aceitar

Como aceitamos tragédias
Acidentes
Tristeza
E pesar

Não posso te prender a mim
E não consigo me desprender de ti
Talvez é só questão de tempo
Até que eu aprenda
A não
Me importar

Ou é nunca
Ou é sempre

Mas nunca
O sempre
Se vai

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Cheiro de Luz

penso nos dias que virão
penso nas ondas que surfei
penso nas noites que chorei
chorei, chorei...

penso na chuva que me molhou
como ela levou pra longe
tudo o que hoje eu sou
não sou, eu sou...

penso em ti agora
penso que por ti lutei
ainda fico aqui, e faço hora
num cubículo que eu me aprisionei

descasco o meu coração
te entrego a minha essência
mas esse toque quente foi em vão
hoje peço por clemência

clemência de quando me exaltei
clemência de quando te segurei
e não consegui soltar nem
mesmo por um
segundo

pois quando faros solitários
presos em suas paredes de aço
esperam pela colônia tão certa
Uma hora se encontram
em momentos tão errados

Assim termino
Se ser quem eu sou

domingo, 27 de novembro de 2016

Felicidade Temporária

Afastei-me do meu lazer
Exaustei-me por completo
Numa luta que eu nunca ganhei
De novo
Recebo de volta
Em cacos
A esperança que
Um dia eu tive

Vi-me tão feliz
Eu tinha tudo o que eu precisava
Meus remédios ganharam vida
Mas eu não fui
O único que
Os tomou

Eu aceitei queimar tudo
Que eu podia
Para arder esse fogo
No meio de tanto frio
No meio de tanta chuva
O guarda chuva me molhou
De paz
A fogueira me acolheu
De felicidade
Mas já tava bom demais
Pra ser verdade

Agora carrego esse fardo
E volto pra casa sozinho
Exausto e cansado por ter
Me esforçado
E batalhado
Numa guerra
Como eu nunca baralhei antes

Dei-me mais do que eu podia

O arco-íris no final dessa tempestade
Veio com trovão

E mais uma vez
Encontro-me
Sozinho

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Sol Invernal

Notas quebradas tocam o som de
Uma melodia distante
Ecos agudos soam gravemente
Como uma aberração irritante

Não há mais para onde fugir
Não há mais como se esconder
Chovem cacos e
estes são vermelhos

angustiadas noites claras
bagunças que não foram resolvidas
o futuro não se decide
  Aonde ele vai começar
É aonde tudo isso termina

Pessimismo em simples fluxos
Me atordoam sem viver
Só quero uma vida livre
De todo esse prender

Perdi histórias que
Nunca pude
Terminar
Pelo simples fato
De eu me importar

Se apareço, incomodo
Se sumo, me desloco
Se me escondo, estou fugindo
Se cuido, eu sufoco

Se gosto, eu acredito
Mas se luto, eu sou fraco
Se tento, é porque quero
Mas confuso, eu perco o foco

Se eu agarro, é porque vale
Se eu fico, é porque quero
Se me arrisco, é porque amo
E se eu levanto, depois da queda, é
Porque
Consegue
Me fazer
Ver o arco-íris
Depois de tanta
Chuva

superficial
tudo é tão bobo
tudo é tão perfeito
Que chega
a ser
  triste

no outro dia, tomei
  meus remédios

no outro dia,
me dediquei ao
futuro

no outro dia
me achei
  na névoa

no outro dia
eu pude ver
no escuro
  um leve brilho
de luz

no mesmo dia
senti calor
e no mesmo dia
senti frio

Gelo que queima
Fogo que alivia
Todo pesar que eu carrego
Desse fardo tão molhado

E foi-se
E volta
E vai
E volta
E vai

E foi

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

céu aberto

sabe quando você
olha para o céu
e busca a luz do sol?
e sabe quando
aquelas nuvens cinzas
fecham o caminho e
simplesmente
cospem em você?

forte e
mais forte e
mais forte e
mais
forte

ela faz você fugir
faz você desistir do calor
mas eu
sou uma das pessoas
que continua com a cabeça erguida
e espera pelo calor
desse sol


só que eu mereço mesmo
a porra de uma tempestade?

Hora Marcada

entenda, meu amor
não quero me sentir demais
quero me sentir necessário

me encontro no seu toque
me perco no seu olhar
me acho no teu corpo inteiro
me afogo nesse teu mar

só você entende o que eu sou
só você sabe quem eu sou
só você que eu dei a liberdade
de percorrer todo meu museu
e você, com sua bandeira
o proclamou

entre galáxias e universos
entre mares e terras distantes
entre anos e séculos vagantes
sinto-me a pessoa mais sortuda
de partilhar esse mesmo universo
essa mesma data
esse mesmo relógio
com alguém
como
você

clamo por abraço quando
o que preciso se faz ausente

as vezes qualquer braço dá
mas sempre é só o seu
que me traz de volta

À Tinta

Talvez a tristeza seja um mal necessário. Talvez seja um ciclo mandatório da vida. Assim como não existe arco-íris sem chuva, não existe felicidade sem tristeza. Por mais árduo que seja aceitar o final, por mais foda que seja viver o que talvez tenha acabado, na sua própria casa.
É como se eu fosse o monstro, e ela, a heroína que veio me matar no meu lar. Por mais que as cortinas ainda fazem o mesmo movimento que fazem quando eu estava com ela, deitado com minhas mãos nos seus cabelos.

Talvez eu seja a pessoa certa na hora errada, mas ponteiros podem ser ajustados; sentimentos não.
Compreenda que eu quero sua liberdade, independente da situação; mas que eu não quero a liberdade, se eu estiver sozinho com ela.

O remédio perdeu o efeito, o cigarro já nem é mais tão importante, mas de vez em quando ele me visita. E o álcool? Bem, ele se coloca nas minhas bebidas; as vezes por acidente.
Eu joguei quase tudo pra trás por uma droga que se esgotou por mim. Por mais que eu tenha tentado manter a dose certa e, por mais que ela tenha tentado me medicar nas horas certas, talvez, eu abusei por ter amado seus efeitos.

O futuro é um caminho longo a se correr; quebrado e longo. Tal sentimento que tenho por ela não é coisa pra se jogar fora, pra deixar perdido no tempo. Talvez eu tenha nascido pra ser cicatriz, mas... Quem é que vai me ajudar a cicatrizar igual ela o fez?

Ela é aquela chuva que chove quando meu mundo está em chamas.
Ela é a lenhadora que mata a sede do meu fogo tão instável.
Ela é a minha melhor amiga, o meu uísque engarrafado.
Ela é minha companheira, minha aliada; ela pegou na minha mão e disse que éramos nós dois contra o mundo.
E eu?

Eu fui a ordem no seu mundo caótico.
Eu fui o calor nas suas horas mais frias.
Eu fui o abismo que gritou a resposta de volta para ela.
Eu fui o homem que a envolveu pra dormir.
Eu fui o nome mais bonito que ela pronunciou.
Ou eu serei?

Ou eu sou?

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Tenho tudo; você não quer nada

Tenho meus copos
Tenho minhas máscaras
Mas qual é o propósito
Se não revelo
Minhas caras?

Talvez seja essa a razão
Máscaras que escondem a
Sensação
Mas quer máscaras que provem
Quem eu ainda tenho
Coração

Meu nível de sensatez
Minha jaula de solidão
Me trancam em uma sala
Que faz jus a essa prisão

Por mais que eu odeie aceitar
Por mais que eu queira gritar
Tenho medo de borrar
A tinta dessa canção
Que eu escrevi
Com tanta atenção

Sinto que minha história
Não faz sentido nesse mundo
Que minha tinta
Não borra esse sentido
Taciturno
Enquanto contemplo
Templos e esquinas
Penso em você
Em cada avenida

Nunca vou prender
Sempre vou amar
E talvez seja essa a canção
Que nunca vai curar

A ferida que nunca vai se abrir
É a mesa que eu nunca vou jantar
Porque me orgulho com aquela
Que me traz a sensação
De simplesmente
Sentir

Teu toque é distante
Teus lábios
Desejantes
Seu abraço
Bem longe
Me faz delirar
Anseiar
Pela sua presença

Porque que eu
Ainda tenho que ser
Seu
Segredinho?