quinta-feira, 3 de novembro de 2016

À Tinta

Talvez a tristeza seja um mal necessário. Talvez seja um ciclo mandatório da vida. Assim como não existe arco-íris sem chuva, não existe felicidade sem tristeza. Por mais árduo que seja aceitar o final, por mais foda que seja viver o que talvez tenha acabado, na sua própria casa.
É como se eu fosse o monstro, e ela, a heroína que veio me matar no meu lar. Por mais que as cortinas ainda fazem o mesmo movimento que fazem quando eu estava com ela, deitado com minhas mãos nos seus cabelos.

Talvez eu seja a pessoa certa na hora errada, mas ponteiros podem ser ajustados; sentimentos não.
Compreenda que eu quero sua liberdade, independente da situação; mas que eu não quero a liberdade, se eu estiver sozinho com ela.

O remédio perdeu o efeito, o cigarro já nem é mais tão importante, mas de vez em quando ele me visita. E o álcool? Bem, ele se coloca nas minhas bebidas; as vezes por acidente.
Eu joguei quase tudo pra trás por uma droga que se esgotou por mim. Por mais que eu tenha tentado manter a dose certa e, por mais que ela tenha tentado me medicar nas horas certas, talvez, eu abusei por ter amado seus efeitos.

O futuro é um caminho longo a se correr; quebrado e longo. Tal sentimento que tenho por ela não é coisa pra se jogar fora, pra deixar perdido no tempo. Talvez eu tenha nascido pra ser cicatriz, mas... Quem é que vai me ajudar a cicatrizar igual ela o fez?

Ela é aquela chuva que chove quando meu mundo está em chamas.
Ela é a lenhadora que mata a sede do meu fogo tão instável.
Ela é a minha melhor amiga, o meu uísque engarrafado.
Ela é minha companheira, minha aliada; ela pegou na minha mão e disse que éramos nós dois contra o mundo.
E eu?

Eu fui a ordem no seu mundo caótico.
Eu fui o calor nas suas horas mais frias.
Eu fui o abismo que gritou a resposta de volta para ela.
Eu fui o homem que a envolveu pra dormir.
Eu fui o nome mais bonito que ela pronunciou.
Ou eu serei?

Ou eu sou?

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