quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Acostumado

Um dia eu
Andei pensando
O quê as câmeras
Vêem
Outro dia
Eu andei pensando
Quando que ela
Vem

Outra hora
A calçada
Pisou em meus
Pés
E eu senti a terra vibrar
E como processei
Todo aquele cosmo
Foi como a terra
Pesou no plano da
Realidade

Nesse dia cogitei e
Resolvi me florescer
Resolvi me acostumar
Com o peso da gravidade
Resolvi voltar
Aonde tudo começou
Pessoas lendo catálogos
Negociando relacionamentos
Impossíveis
Entre duas metades distantes
Os oceanos se abrem

O dia amanheceu
E eu ainda não dormi
O dia escureceu
E eu esqueci de cantar

O dia tão cerúleo
Ainda assim
É a única coisa com cor
Quanto ao sol
Ainda chove
Ainda chora
Silhuetas
Do vazio
No vazio

Me acostumei a sorrir
Me acostumei a chorar
Me acostumei a aderir
Sempre que as pessoas mudarem
Me acostumei, como de costume
A sofrer por amar
Quando o mar afogar
Quando o ar respirar
Quando o invisível se formar
No vento, no sol
Não disparem

Pergaminho relatam o
Epítome da malevolência
Órgãos pedem por clemência
Mente implora por sanidade
As noites estão mais frias
Por causa da ausência
Do calor da bondade

E eu me acostumando
Como de costume
Ao custo que é
Querer você
Aqui

Tão só com
Os latidos e
Os trens
O motor
Na televisão
E os casais nos filmes
De romance
Na emoção

Tão fora do lugar
Tão centrado no abismo
Ele não gritou de volta pra mim
Eu que gritei de volta pra ele
Eu que desci, que caí
Que flutuei nas nuvens
Como um novo
Horizonte

Ao nascer da alvorada
Tua imagem não se forma
Mais um colchão
Com apenas uma forma
Mais um crepúsculo
Sem uma história
A noite passada
Me fez refém
De longas histórias

Me teve
E me jogou fora
E ela me tem
E não quer saber
E eu fui embora

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Raridade Comum

Eu irei
Esperar até o amanhã
Para dissipar
Meus sentimentos

Todos querem subir
No mesmo trem
E eu não consigo
Pensar
Quando eu quero

A beirada se abismou
Desmoronou
Pra dentro do abismo
Pereceu
E fraquejou

A torre não vê mais o horizonte
A geografia me tem escravo
E a paranóia me tem prisioneiro
De como alcançar o que eu quero
E o que eu quero
É seguir aquele túnel

Eu gosto dos seus cabelos
Eu me perco nas tuas fotos
De cima da ponte
Eu caí
E eu ainda não sei voar
A água me segurou
A correnteza me acorrentou
Mas você é a deusa
Desse dito oceano
Entre as estrelas, me guio
Para tua nascente
Para teu plano

Gerei energia com meu catavento
Pisei nos mármores do seu templo
Caminhei nos zunidos dos teus ventos
Voei de asa delta pelos teu relentos
Me encontrei
Mas me perdi
No seu argumento

Tua dúvida me causa confusão
Distração na equação
Não sei se soma ou não
Não sei se é mais com mais
Ou mais com menos
A menos que nossa divisão
Vire nossa adição

Cansei de calcular os dias
Do calendário e das cartas
O sufoco me têm refém

No catálogo
Você surgiu
Eu olhei
Você me viu
Discuti
Você aderiu
Mas não deixa pistas
Nem digitais
Nem mais
Nem menos
Parece que logo menos
Você vai me fazer
Sofrer

Talvez o dia nasça por nascer
As borboletas na barriga
Voam por voar
Talvez quando a tarde perecer
Você vem de novo
Me encontrar
Talvez e mais talvez
Talvez de vez as vezes
Que eu insisti
O charme
Não se fez
Mas ainda quero
E por um tempo
Vou querer

Entre páginas e pergaminhos
Me perdi lendo o teu

domingo, 15 de outubro de 2017

Um Aonde Cabem Dois

Talvez meus olhos
Não enxergam mais a luz
O contraste das plantas
Já perderam seu verde
Seu mato, sua erva
Sua essência tão
Madura

O chão se desfaz
Some
Se exala
Se consome
Quando caímos em
Um buraco sem fundo
Não sabemos como
Nos levantar

Ou levamos as pedras
Ou as comemos no jantar
Mas o gosto, aquele
Cheiro com aquele
Espelho
Sempre está lá

O devaneio pode ser perigoso
A mente se esconde no poço
De todas as lágrimas
Aquelas que choraram
Por descansar
Num dia, o cinza
No outro, o âmbar
Quem dirá
Despedaçar

Envolver
A beleza da mente te
Faz desenvolver
As estrelas do universo
Os milênios dos avessos

Perdido sem nenhuma mão
Encontro a solidão
E nem ela me quer
Então, em vão
Sigo cantando a canção
Os sons, o conto de ninar
A razão
Que cogita sobre o porquê
Minha cama estar sozinha
No amanhã

Um dia eu encontrarei
Meu sol da manhã

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Som

Quis escrever uma
História em lá menor
Minha vida tá em ré
Meu sentimento em dó
O sol não toca na janela
Já faz alguns meses

Eu voei pelos caminhos
O horizonte ainda não chegou
Vejo a mesma coisa por milhas
O vento que nos guia me negou
Eu achei perdido no chão
A chave pra um lugar que
Eu não consigo encontrar
As casas voam em direção a lua
Meu próprio eclipse
Me cegou

Junto do oceano
Eles se beijam
Eu me perco e
Eles almejam
Uma ilha escondida
Em sigilo, dissolvida
Eu achei a nuvem
Que me fez chorar pra ti
Meus poemas de amor
Ainda cantam pra você
Se não todos, eu me exalo

Sinto que estou te
Perdendo
Lentamente
Me cedendo
Ao fato de que
Talvez eu não exista mais
Em você
O chão, eu já nem sinto mais
Meu vão
Aonde eu guardava
A vontade de te ver
Por mais que meu
Estômago seja
Um jardim pra você
Eu tenho medo de
Lutar outra guerra e
Mais uma vez, perder
Por mais dias com sol
Menos dias com calor
Sem derreter minha balança
Aonde peso nosso amor

Você
Pode me
Salvar