segunda-feira, 23 de março de 2015

duvidosa armação

não são rimas
ou danças
não são sinas
nem perdão

são transas e
semelhanças
que nos atraem
de vão em vão

são poetas sem
sentido
quebrados por uma
rima sem razão

são preguiças
descabeladas
encontradas em
nenhuma ocasião

as vezes eu paro e penso
o que será que ainda existe por aí que pode ser amado e
que pode ser beijado e
que pode ser
confiável e
que
pode ser válido

o amor
ou a dor?
ou a cor
de cada
sentimento
espalhado pelo metafísico
desta realidade
desvirtuada

ou são os dias cinzas
que vejo através destes olhos castanhos
ou são os ventos
que me levam para cada dia mais longe
ou são os pecados
inconfiáveis soluções
de eternas razões
pelo qual os crimes
foram cometidos
e
sempre repetidos

sinto a água cair
e o ouvido até chega a zunir
e a agonia começa a fazer efeito
e a dopamina sai do seu leito
e a adrenalina administra-se em
correntes sanguíneas
de drogados e
loucos
e pessoas normais
que se fingem de loucos
e loucos
que são normais
tudo iguais

únicas peças em coleção
velhos filmes gravando a ação
novos tempos em decomposição
mentes rasgando o trovão
chaves trancando a prisão
sonhos caindo ao chão
peças tombando em vão
olhos abertos sem razão
revoluções armadas sem coesão
tudo mentira de uma nação
tudo jogada da águia e do pão
e do circo imaginário
que atormenta a ilusão

sinto cordas presas
e junto a mim
a solidão

que brinca comigo
como se fosse morto
mas é
real

mais do que
você imagina

é real
mais do que
a realidade em vão

a pedra que carrego
em minhas
costas
são pedras do tormento
lamento
não poder fazer a lua sorrir

todas as runas
de todos os pagãos
razão
para deuses
rebelarem-se

todas as verdades
são as minhas mentiras
talvez eu seja
fruto de uma árvore
morta

talvez eu nunca ache
o amor
talvez eu nunca ache
a dor
talvez eu nunca ache
a luz
talvez eu não me encache
na cruz
se ele não me falasse
com capuz
eu saberia quem seria
quem sou e quem sabia
da verdade óbvia

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