sábado, 5 de outubro de 2013

Chuva Viva

Caindo no vazio; alto.
Ali no fundo descansa a luz que me salva. Salvaria. Salvará.
Ouça a chuva caindo, o grito súbito.
Lençóis, despido, direita trêmula. Convulsão.
Água em seu rosto, pare. Não, emergência.
Corra, o tempo cai sobre meus ombros; sobre meu tempo cai o tempo. Cheguei, sentei. Amigo ao lado, tia a frente. Esperar, esperar, esperar.. Internado.
Chuva, chuva chuva; dia negro.

(Como vim parar aqui? Aonde estou? Escadas e escadas, portas e portas. A Silhueta Negra me persegue, corra! Entre aqui, entre aqui, suba aqui! Correr, correr! Corredores e mais corredores! Tenho filhos, tenho esposa, tenho vida, não desista de lutar! Oh não.. oh não! Me poupe! Veja meus problemas! Veja minha sabedoria, observe minha ampulheta! Não mereço isso. Não merecemos isso, não quero isso! Não é assim que acaba!)

Pesadelo, fome, vista turva e negra da silhueta na porta do quarto, que trás más notícias.
Chuva, família, amigos. Cadê meu adeus?
Se foi, acabou. Estou sozinho. Alguém.. quem? inofensivo, burro, inválido, apagado, sem sentido, vulgar, chulo, dramático, depressivo, despedaçado, idiota, sem valor, estúpido, sem cor.
Pra onde vou, quem me guia? Aonde estou, é real?
Lutar, que forças? Vencer, que guerra?
Tchau, adiante funeral.
Choro, segurar o nosso.
Imagem fria, imóvel... agora pintada em minha mente.
Céu; sua crença, não? Chova..
Cade você? Aonde vou, como te encontro?
Chova, chuva minha.
Chova, chuva viva.

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