segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Contradição Repetida

Como qualquer outro dia comum.
Andando apenas em pisos falsos, nos quais me perco completamente. Esses corredores tortos, essas pessoas por aí. Pretenda por um momento estar feliz, imagine por um dia estar bem, não é assim que desejas ficar para sempre?
Como todas as vagas desilusões passam pela rua, acenando. Como todas as gotas da chuva molham as silhuetas com sua forma. Como todos os gigantes pilares tem seu rosto, como todos os rádios tem sua voz. Como todo mundo fala você, como sempre ouço os sussurros de seu nome; súbitos. Os dias são negros, e as nuvens são sempre cinzas. O céu já não é mais azul, a aurora se quebrou e partiu. Estou procurando o cais da vida a muito tempo. Não encontro aonde soltar a âncora deste barco, não encontro aonde aterrissar minha mente. O nascer do dia decide quem eu sou, no cair da noite dorme o meu sonho absoluto. Entre essas agoniantes quatro paredes ecoam meus gritos, entre os espelhos percorrem minha face, e entre os cacos correm meus pensamentos.
Como tiro esses pesos de minhas costas? Como me livro do peso dessa solidão? Da escória dessa culpa? O silêncio das pedras batendo nas janelas, a barulhenta chuva caindo ao chão. O lúgubre gradiente do amanhã, que esvaece no horizonte, me deixando só.
Ouça as gotas, os gritos, o fim, o além.
O passado me faz companhia, e o futuro me deixa só.

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