terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Endossimbiose

Eu mergulhei até o fundo
Nadei tanto para
Morrer na praia

Eu me entreguei com tudo
Porque eu sabia que eu podia
Te fornecer
Tudo o que você procurava

As músicas tristes não fazem sentido
O espelho só me mostra gente estranha
Minha cabeça se contorcendo
Em seu próprio peso

Eu fui o que eu sei que sou
Eu arrumei a cama que você
Bagunçou
E te esperei pra
Desarrumar de novo
Coloquei o teu lençol preferido
Pra ver se você viria
Montei a playlist
Com as músicas que você me mostrou
Pra tocar na manhã seguinte
Mas você não voltou

Um dia eu ainda me mato
Porque não é primeira vez que eu sou
Só mais um
Talvez não foi nem isso que eu tenha sido
Porque eu sou que eu não sou nem
Um pouco comum
Eu sei que eu pareço ser ignorante
Porque você me tratou como alguém
Especial
Eu só não entendo porque todo esse medo
Deu ser, da sua vida
Uma parte vital

Se tudo funciona
Porque que a gente demora
Pra oficializar os momentos tão bons
Mas eu não vou julgar se isso te afronta
Eu só queria ter feito tudo funcionar
Eu tenho na cabeça que o erro foi meu

Esse poema não tem ritmo e nem rima
É como na esgrima
Não prevejo as palavras
E também, as minhas lágrimas
Tão difíceis de enxugar
Os dias que eu procurava te ligar
Eu me sentia todo dia renascer

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Ansiedade De Você

Eu queria poder ser mais bonito
Eu queria poder ser necessário
Eu queria ser necessário
Eu queria ser suficiente
Pra você, meu bem
Eu queria estar com você
Eu queria que- e se?
E se ela não gosta mais de mim?
Será que ela tá pensando em mim?
Quanto tempo falta pra gente se ver?
Eu queria te ver logo
Meu cabelo não tá legal hoje
Eu não quero levantar da cama hoje
Eu gostaria de estar contigo aqui
Deitados, calmos, no nosso silêncio
Eu queria estar na tua risada
Ser a culpa da sua felicidade
Eu acho que eu não tô bem

Pois
Eu queria ter dinheiro
Pra te dar coisas belas
Eu queria ter esse rosto
Eu queria ter esse cabelo

Eu queria alguém pra conversar
Eu queria um incentivo
Pra continuar vivo
Pra minha mente continuar
A trabalhar
Será que eu te faço feliz?
Eu acredito em tudo o que diz
Mas a paranóia me deixa na dúvida
Se eu ainda vou acordar do seu lado

Eu queria poder ajudar
Eu queria poder lutar
Não, calma, eu vou parecer fraco
Eu queria não acordar
Eu pretendia te levar
Pra comer, nesse sábado
Mas meu dinheiro acabou
De acabar
E queria que isso estivesse
No duplo sentido

Eu queria estar vendo o mar
Com os amigos, a beber, a gozar
A vida tão caótica
Eu queria apenas acordar
Será que ela ainda gosta de mim?
Será que ela ainda gosta de mim?
Eu gosto tanto dela
Eu preciso me acalmar
Não vou gritar
Mas pensando bem
Eu queria ser mais bonito
Eu queria ser a luz do teu luar

Eu queria um pouco de incentivo
Eu queria você de abrigo
Eu queria poder descansar
Mas eu acordo tão cansado
De acordar

Eu queria saber tentar
Eu queria ter essa coisa normal
Apenas mais um engravatado
Que não sabe amar
Que pelo menos
Eu não ia me por a chorar
Todo
Santo
Dia

Eu queria parar de pensar
No que eu levo depois dessa vida
No que me espera no fim do mês
No fim da semana
O que me espera na saída
E mais importante pra mim
Eu queria saber
Se você
Ainda gosta
Tanto assim
De mim

Eu queria saber dançar
Pra bailar essas luzes contigo
Eu queria saber ser a pessoa
Que você quer ter como abrigo
Eu queria ser o suficiente
Pra te fazer feliz comigo
Se eu tô errado, porque é que eu sinto
Que eu não passo de uma distração de domingo?
Por mais que eu acredito
Eu anseio em te ver
Em ser teu, anseio em você
Me ter
Mas eu meto na minha cabeça
Coisas impossíveis de acontecer
Involuntariamente, é claro
Eu penso se vou ceder
A essa coisa embaraçada
Que é gostar de você
Que é sonhar você
É sonhar com você
É querer te ter
É querer te ter
É querer lhe ver
É querer você
Todo minuto
Todo segundo
Toda paixão
Que eu sinto por você
Enaltece mais

Por mais que eu esteja em lágrimas
Por mais que eu que fiz esse pranto
Eu construí já tantas páginas
E as faço de caligrafia
Enquanto escrevo teu nome
E tudo isso
Enquanto essa cerveja me consome

Será que eu vou ser
Uma pessoa tolerável?
Será que ela ainda gosta de mim?
Será que ela já sente saudades
Dos nossos momentos que
Pareciam não ter fim?
Será que ela luta por mim?
Será que eu não vou ser a causa
Do nosso fim?
Desse jeito, sim
Mas como ignorar
Os pensamentos ruins...?
Que invadem minha mente
Nessa meia poesia
Num dia quente
Com rimas, de frente
Com um monitor empoeirado
Com meu celular quebrado
Eu tento digitar
Os sentimentos mais sinceros
Que eu sinto aqui
No meu peito, a pulsar
Por você, amor

E no final dessa prosa
Só quero dizer
Que eu não quero apressar
Mas eu quero te ver
Quero que morra de saudades de mim
Como eu morro de saudades
De você

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Por Mais Que Seja Cedo

Eu penso em te escrever uma canção
Eu penso nas melhores palavras
Sinto os mais belos sentimentos
Quando escrevo pra você

Por mais que seja cedo
Você não tem noção
Dá angústia que é
Esperar o fim de semana

Por mais que seja cedo
Quero entardecer
Nesse nosso ritmo tão lento
Tão gostoso, quero enaltecer
Cada sentimento

Por mais que seja cedo
Cada momento ao teu lado
É um filme do Linklater
É um gelo nos ponteiros do tempo

Por mais que seja longe
Nos vemos no caminho do meio
Nós completamos os fins de semana
Inteiros

Eu queria poder
Não ter toda essa ansiedade
Eu quero completar
Cada pedaço que te falta
Eu quero assustar
Cada fantasma que te assombra

A verdade é que
Eu sinto saudades até demais
Dos teus braços tão caseiros
Teus beijos e o te cheiro
Dos meus dedos nas tuas bochechas
Do teu cabelo tão enrolado
Dos dias ao teu lado
E até os que não chegaram
Ainda

A verdade é que
Eu sou essa bagunça
E a sua bagunça
Me organizou
A verdade é
Que eu sou esse fiasco
Esse café gelado
Esse cigarro apagado
Esse arquivo morto
Aquela sobra que deixam de lado
A verdade é que
Eu sou o último item
Do cardápio
O final de sábado
O domingo tão chato
E a verdade é que
Eu tô apaixonado
Por esses teus olhos tão brilhantes
Nosso beijo demorado
Nossos dedos entrelaçados
Nossos corpos, lado a lado

Por mais que seja cedo
Deita aqui comigo
Vem ver o sol se pôr
Nesse final de domingo
Vem cá
Ser meu
Abrigo

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Quando Penso Em Você

quando lembro dos teus olhos
quando miro sua foto
quando ouço sua voz
quando penso em você

quando penso em te ver
borboletas na barriga
teu jardim, essa alegria
é difícil de conter

quando deito do teu lado
quando respiro o teu ar
sob a luz do luar
quando penso em você

quero todos esses beijos
quero todos esses dias
tirar férias nas tuas ruas
do teu lado eu vou correr
e vou andar
vou admirar
cada belo quadro que você
já se colocou
a pintar

tenho você de tatuagem
na carne da minha pele
tua própria camada
desenhada em meu epiderme

quando chovem tuas nuvens
quando sinto teu perfume
quando acordo em tua casa
quando olho para o lado
e me deparo em ti, deitada
não tem calma maior
não tem como conter
essa alegria insaciável
esse momento inefável
que é olhar para você

quando eu penso que eu era
tão sozinho, tão trevas
tua chuva me lavou
renovou as águas dos meus rios
e sempre que penso, eu rio
"ah, como é bom ver você!"

entre suas paredes
no ato, na sede
saciamos nossas bocas
com nossa própria chama

no trem da meia noite
entre casas e avenidas
teu museu, tua estrada
é meu ponto final

quando penso em te ter
quando penso nos teus lábios
teus dedos, nos meus, os raios
que raiaram nosso primeiro beijo

quando lembro do teu cheiro
quando sinto o teu ar
toda noite, toda hora
eu tô pensando em você

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

A Mais Bela Paisagem

Eu te desenho nas nuvens
Teu riso é a minha música preferida
Tua voz é o meu som favorito
Teu beijo é meu passatempo predileto
Você é o meu desejo mais profundo

Eu quero viajar pelas tuas curvas
Correr meus dedos pelo teu rosto
Sentir minha mão entrelaçada com a tua
Quero conhecer teus medos
Quero admirar tuas cores
Quero ser teu
Quero ser nosso

Anseio pelos dias
Que estaremos juntos
E foi tudo num piscar de olhos
Num sonho tão utópico
Que se tornou realidade

Eu sei, eu também tenho medo
Então vamos
Ter medo
Juntos

Acalentar teu corpo
Nosso calor, nosso suor
Nesse mundo tão gigante
Cheio de coisas cruéis
Eu achei você

Entre calmarias e degraus
Nosso espaço sideral
Um ponto azul no céu
Duas almas comcatenam

Descansar meus olhos em ti
Não existe mais bela paisagem
Miro teu sorriso antes do beijo
Antes de nossas línguas dançarem
Não existe mais belo retrato mental

Mergulhe em mim
Conheça meus tesouros mais secretos
Lentamente caminhando
Para sermos inteiros
Dois universos
Em colisão

E eu na ansiedade
De te impressionar
Sem conseguir acordar
E me apaixonando cada vez mais

Sem pressa, a caminhar
Me banho no teu mar
Meu estômago, teu jardim
Tuas borboletas a voar
E se parar pra pensar
Aliás, não se deixe cogitar
Só deixemos acontecer
Porque eu e você
Vamos
Acontecer

Sem pressa, vamos andar
Por essas noites, esse luar
Nosso calor compartilhar
Nossas bocas, vamos molhar
Nossos corpos a se tocar
Meu bem, clamo tanto
Pelos cosmos
As nossas almas
Juntar

Degrau por degrau
Para garantir
Os dias
Para nosso sol
Sempre raiar

Teu cabelo encaracolado
Os detalhes do teu rosto
O seu jeito de andar
Os teus olhos tão castanhos
Porra, eu não consigo aguentar
Sua respiração ofegante
Quando se põe a me beijar
Pelo teu corpo, meus dedos correm
Sentir teu cheiro na minha cama
Com calma, para que isso
Nunca comece
A acabar

Quero teu gosto
Quero teu olhar
Quero teu beijo
Quero teu respirar
Teu calor
Teu aconchego
Teu acalento
Meu latíbulo
Mais precioso
É aonde eu sei
Que sempre posso
Descansar

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Ciclone Vitalício

segure-se

apoie-se

aguente firme
E
aguente-se

se aguente
aguardente
faz clemência
virar violência
de repente

bala
decepção
você não consegue
ver sua língua
parece que ele
não tem uma

festas
e mais birita
numa festa boa
cheia de coisas más

segure firme
o barco vai tombar
nada como uma boa noite
Com um bom luar
em um bom lugar

despertar
renascer
do ébrio ao são
do sóbrio ao chão
meus pêsames
Ele morreu tão
Novo

já deu
ponto final
deixe sua mensagem
após o sinal

acordar
arrumar
trabalhar
descansar
ciclo do caos
as palavras
o cheiro desses números
que te fez se escravizar

raiz
pra uma noite boa
cheia de cheiros
cheiro de veias
sangue corre
ácido corrói
mais um dia que
Você
distraiu
Arduamente
os seus corres

o sol nasceu
o raiar bateu
na janela
do quarto ao lado
velhas memórias
fama escassa
revolução só se faz
quando a alma já nasce
armada

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Acostumado

Um dia eu
Andei pensando
O quê as câmeras
Vêem
Outro dia
Eu andei pensando
Quando que ela
Vem

Outra hora
A calçada
Pisou em meus
Pés
E eu senti a terra vibrar
E como processei
Todo aquele cosmo
Foi como a terra
Pesou no plano da
Realidade

Nesse dia cogitei e
Resolvi me florescer
Resolvi me acostumar
Com o peso da gravidade
Resolvi voltar
Aonde tudo começou
Pessoas lendo catálogos
Negociando relacionamentos
Impossíveis
Entre duas metades distantes
Os oceanos se abrem

O dia amanheceu
E eu ainda não dormi
O dia escureceu
E eu esqueci de cantar

O dia tão cerúleo
Ainda assim
É a única coisa com cor
Quanto ao sol
Ainda chove
Ainda chora
Silhuetas
Do vazio
No vazio

Me acostumei a sorrir
Me acostumei a chorar
Me acostumei a aderir
Sempre que as pessoas mudarem
Me acostumei, como de costume
A sofrer por amar
Quando o mar afogar
Quando o ar respirar
Quando o invisível se formar
No vento, no sol
Não disparem

Pergaminho relatam o
Epítome da malevolência
Órgãos pedem por clemência
Mente implora por sanidade
As noites estão mais frias
Por causa da ausência
Do calor da bondade

E eu me acostumando
Como de costume
Ao custo que é
Querer você
Aqui

Tão só com
Os latidos e
Os trens
O motor
Na televisão
E os casais nos filmes
De romance
Na emoção

Tão fora do lugar
Tão centrado no abismo
Ele não gritou de volta pra mim
Eu que gritei de volta pra ele
Eu que desci, que caí
Que flutuei nas nuvens
Como um novo
Horizonte

Ao nascer da alvorada
Tua imagem não se forma
Mais um colchão
Com apenas uma forma
Mais um crepúsculo
Sem uma história
A noite passada
Me fez refém
De longas histórias

Me teve
E me jogou fora
E ela me tem
E não quer saber
E eu fui embora

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Raridade Comum

Eu irei
Esperar até o amanhã
Para dissipar
Meus sentimentos

Todos querem subir
No mesmo trem
E eu não consigo
Pensar
Quando eu quero

A beirada se abismou
Desmoronou
Pra dentro do abismo
Pereceu
E fraquejou

A torre não vê mais o horizonte
A geografia me tem escravo
E a paranóia me tem prisioneiro
De como alcançar o que eu quero
E o que eu quero
É seguir aquele túnel

Eu gosto dos seus cabelos
Eu me perco nas tuas fotos
De cima da ponte
Eu caí
E eu ainda não sei voar
A água me segurou
A correnteza me acorrentou
Mas você é a deusa
Desse dito oceano
Entre as estrelas, me guio
Para tua nascente
Para teu plano

Gerei energia com meu catavento
Pisei nos mármores do seu templo
Caminhei nos zunidos dos teus ventos
Voei de asa delta pelos teu relentos
Me encontrei
Mas me perdi
No seu argumento

Tua dúvida me causa confusão
Distração na equação
Não sei se soma ou não
Não sei se é mais com mais
Ou mais com menos
A menos que nossa divisão
Vire nossa adição

Cansei de calcular os dias
Do calendário e das cartas
O sufoco me têm refém

No catálogo
Você surgiu
Eu olhei
Você me viu
Discuti
Você aderiu
Mas não deixa pistas
Nem digitais
Nem mais
Nem menos
Parece que logo menos
Você vai me fazer
Sofrer

Talvez o dia nasça por nascer
As borboletas na barriga
Voam por voar
Talvez quando a tarde perecer
Você vem de novo
Me encontrar
Talvez e mais talvez
Talvez de vez as vezes
Que eu insisti
O charme
Não se fez
Mas ainda quero
E por um tempo
Vou querer

Entre páginas e pergaminhos
Me perdi lendo o teu

domingo, 15 de outubro de 2017

Um Aonde Cabem Dois

Talvez meus olhos
Não enxergam mais a luz
O contraste das plantas
Já perderam seu verde
Seu mato, sua erva
Sua essência tão
Madura

O chão se desfaz
Some
Se exala
Se consome
Quando caímos em
Um buraco sem fundo
Não sabemos como
Nos levantar

Ou levamos as pedras
Ou as comemos no jantar
Mas o gosto, aquele
Cheiro com aquele
Espelho
Sempre está lá

O devaneio pode ser perigoso
A mente se esconde no poço
De todas as lágrimas
Aquelas que choraram
Por descansar
Num dia, o cinza
No outro, o âmbar
Quem dirá
Despedaçar

Envolver
A beleza da mente te
Faz desenvolver
As estrelas do universo
Os milênios dos avessos

Perdido sem nenhuma mão
Encontro a solidão
E nem ela me quer
Então, em vão
Sigo cantando a canção
Os sons, o conto de ninar
A razão
Que cogita sobre o porquê
Minha cama estar sozinha
No amanhã

Um dia eu encontrarei
Meu sol da manhã

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Som

Quis escrever uma
História em lá menor
Minha vida tá em ré
Meu sentimento em dó
O sol não toca na janela
Já faz alguns meses

Eu voei pelos caminhos
O horizonte ainda não chegou
Vejo a mesma coisa por milhas
O vento que nos guia me negou
Eu achei perdido no chão
A chave pra um lugar que
Eu não consigo encontrar
As casas voam em direção a lua
Meu próprio eclipse
Me cegou

Junto do oceano
Eles se beijam
Eu me perco e
Eles almejam
Uma ilha escondida
Em sigilo, dissolvida
Eu achei a nuvem
Que me fez chorar pra ti
Meus poemas de amor
Ainda cantam pra você
Se não todos, eu me exalo

Sinto que estou te
Perdendo
Lentamente
Me cedendo
Ao fato de que
Talvez eu não exista mais
Em você
O chão, eu já nem sinto mais
Meu vão
Aonde eu guardava
A vontade de te ver
Por mais que meu
Estômago seja
Um jardim pra você
Eu tenho medo de
Lutar outra guerra e
Mais uma vez, perder
Por mais dias com sol
Menos dias com calor
Sem derreter minha balança
Aonde peso nosso amor

Você
Pode me
Salvar

sábado, 9 de setembro de 2017

Psicoprisão

Ontem eu saí de mim
Refém dos maus ditados
Ditei caminhos entre a mata
Me perdi quando vi
Tua estátua

Quando consegui
Pegar no sono
Acordei trancado
Em mim mesmo
A janela fechada
A porta trancada
O colchão desarrumado
Meu cabelo bagunçado
E você ainda não
Estava lá

Eu me senti decompondo
Necrosando, em todos os pontos
Eu tô na bagunça do labirinto
Que você construiu por aqui
Eu me assustei com as sombras
Eu me acostumei com a lombra
Eu esqueci de pagar a conta
E hoje moro
Na escuridão

As crises me acompanham
Me pagam café, e falam fanho
Eu não entendo muito bem
Mas sei que não vão embora
Tentei sair da minha mente
E hoje não volto mais
A pele encurva, o corpo retorce
Ansiedade e amnésia
Esqueço todos os nomes
E lembro das faces
E visito os vultos
Me pego preso em
Todos os lugares

Viverei
Vivereis
Vivemos
Virá e verá
Que não é só
Mais uma rima
É uma história de vida
Plantando a colheita
Vivendo na espreita
Vim vendo e vivendo
Essa angústia minha
De todos os dias

Mas não é só constante
Tanto quanto é delirante
Minha esquina e minhas ruas
Hoje só abrigam turbantes
Seres ignorantes
Ignoram as próprias faces
Se o dinheiro tá no bolso, irmão
Tu não vale a amizade
É essa a realidade
Que distorce minha vontade
De ficar vivo no mundão
Mas não complica não
Tô vivo e tô firmão
Minha história só acaba
Quando o mundo perecer, meu irmão

E vou navegar
Pelas águas, vou beber o mar
E respirar o ar
Das árvores lá de casa

Vivendo no tormento
Mas escrevo meu diário
Plantei cadernos no meu armário
E hoje o mundo
É colorido

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Glória

Eu luto com a vida
Experiente em mentiras
Ela me joga nos mares
Que fluem em direção
A essa dor

Eu me escondo no arbusto
Pra ver se eu posso te ver
De lá
Eu me deito na sombra
E espero o sol raiar

Ontem eu briguei com a vida
Hoje eu respiro em dó
No tom que baila a gente
Temos que sobreviver
E hoje eu escrevo um poema
Enquanto eu canto na mente
E sinto o meu coração
Pular batidas de repente
Mas

Se há algo mais
Eu já nem sei te dizer
Se presenteamos a dor
A paz não vem receber
Os remédios hoje, te dizem
Que o sofrimento é fugaz
Mas na mente, contamos
As horas pra dar adeus

Realidade
Estimula os sonhos
Do magnata só
Ao menino que passa vontade

A vontade de ceder
Precisa ser menor
Do que a vontade de viver
Por isso
Sobreviva
Erguer bandeiras
Foi o primeiro passo
Pra conquista espacial
E a faísca
Pra uma guerra invernal
E infernal
Aonde o gelo queima
Vivemos isso todo dia
Mas a mídia só foca em quem teima

Não passe despercebido
Por esse teatro que nos aplaude
Quem nega ajuda ao ferido
Vive navegando sem
Direção

Quando a chuva vier
Dance como nunca dançou
Deixe-a que purifique
Limpe o mal que passou
Ela diz que é mentira
Eu digo que ela é atriz
Meu tipo de sacrifício
Te come até a raiz

Quando os céus cederem
E os cometas perecerem
Quando esse ponto azul sumir
Você vai notar
Que nem o melhor dos remédios
Fez essa dor
Sarar

Viva
Oque há de
Viver

Lute
Pelo que há de
Lutar

Ame o que
Te despertar
O amar

Mate o que
Quiser te
Matar

E fique
Com quem quer
Ficar

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Agora

Os mundos se alinharam mais cedo
Hoje
A má notícia me acordou mais cedo
Hoje
A solidão me apunhalou mais cedo
Hoje
Os medos me anseiam mais cedo
Hoje
O hoje me preocupou mais tarde
Ontem

E ontem eu esperei por uma mensagem
E hoje eu espero pelo amanhã
E amanhã esperarei pelo dia
Em que uniremos nosso estar
E beberemos tudo

Minha sanidade me ignorou cedo
Hoje
Eu estava triste
E hoje
Eu estou sozinho
Mas não por
Muito tempo

Fica pra outro dia
O que não importa
E deixa pra amanhã
Perguntar se isto vem
Hoje eu tô morrendo
Sem sangrar, eu me sinto
Perecendo
Eu cai da escada
Do castelo que eu fiz
Pra nós

Quando me ver
Me beije
Quando me evitar
Me lembre
Quando me querer
Me tenha
Quando for chegar
Me avise
E quando for me amar
Aceite
Que eu te amarei
Duas vezes
Mais

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

O Espaço Entre Nós

O mundo não precisa
Nos apoiar, pois
Somos capazes o suficiente
De sobreviver sozinhos

Os outros não precisam
Concordar, pois
Se nossa vontade é forte
Nós iremos até o fim

E eu digo com
Os cosmos e
Os sóis
As luas e
Os trovões
Que eu
Te quero

Eu sobrevôo as dimensões
Tentando aprender idiomas
De outras galáxias
Pra ver se eu acho
Alguma que
Descreve o quanto
Eu sinto por você

E eu quero me afogar nos
Teus rios e
Também, me entregar
Pra sua agenda
E me escrever
No teu livro

E talvez até
Tudo desmorone
Mas nada que nós
Não possamos reconstruir
Eu já fui fraco demais
Engarrafado por outras estrelas
E jogado na imensidão
Como qualquer pó cósmico
Mas você me
Bebeu mesmo depois
De choca
E me bebe desde então
E então
Eu vou fabricar litros inteiros

Apenas pra
Você

domingo, 2 de julho de 2017

Penumbra

e quem somos nós?
e quem sou eu?
e quem sou eu

aonde eu estava quando
eu encontrei o amor?
e aonde estava
você?
procuro debaixo das camas
e no armário de todos
no baú de tesouros
no relógio, na parede da
cozinha eu contava todos os
nanosegundos pra eu ir
Te ver

sento sozinho no cinza
entre o claro e o escuro
entre a luz e as sombras
penumbra solitária em que
eu espero você
desde o dia
que eu não decidi esperar

se é um risco grande de se correr
eu ainda risco papéis com teu nome
no meio das poesias, escrevo você
entre as entrelinhas, arrisco meu céu
pra assistir tua lua
pra brilhar suas estrelas
no meu teto tão cinza
eu gostaria de ver meu sol
se por
pra ele nascer
entre tuas nuvens

Eu quero você
Pra mim
Eu me quero
Pra você

quarta-feira, 14 de junho de 2017

A Vida Aqui

As vezes eu me encontro meio que
Perdido

E às vezes eu percebo que
A vida
Realmente
É louca

Me questiono diariamente
Qual caminho seguir e
Pra onde eu tenho que ir e
Pra que que eu preciso seguir

As vezes eu olho para o céu e
vejo as almas que já foram
As almas que ainda vão vir
E os reinos que já foram ocupados

Tudo é tão igual
Como todas as paredes tem o
Mesmo material
Como todos os pisos
Nós seguram por igual
Como tudo é tão igual
Igual e igual
E igual

O mesmo se repetindo
Por planos e anos
Átomos e carbonos
São só seleções
No cardápio
Do universo
Periodicamente
Na tabela
De todos os
Cosmos

Os mundos
Se alinham
Pra te dizer
Que a superstição não existe
E os planos
Se orientam
Pra te dizer que
Aonde você quer ir
É aonde você nunca vai chegar

Nós temos no subconsciente
Aquele pequena faísca
Que nos diz que tudo isso
É por nada
Todo trabalho
Toda gravata
Sabe
Como tudo é tão banal
Todas as vidas
Tudo se salva
Alma é
Algo tão vital

domingo, 4 de junho de 2017

Dias Contados

Em outra realidade
Eu conheci você
Em outra realidade
Ficamos juntos
Era só
Eu e você

A gente cultivava o que sempre
Nos agradou
A gente compartilhava
O que sobrava do amor
E a gente se amava
Por completo

Eu me atirei no mar
Pra extinguir as chamas
Da dor que ficou
Quando você saiu pela
Porta
Eu desarrumei o quarto
Do jeito que estava na
Primeira vez
Pra ver se você
Voltava
Porque ontem
Eu sonhei
Com você
E hoje
Você ignorou
Meus textos
Meus poemas
Minhas fotos
E minhas mensagens
Você desapareceu
Como o nosso sol que se põe
Levou meu calor
E negro, ficaram os céus
Que não ecoavam mais
A voz dos deuses
Não clamava mais
A voz do passado
A voz do futuro
E o
Tempo
Congelou

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Lâmpada da Dor

Me dividiu
Me dividiu em dois
Me dividiu em dois e teve metade
Me dividiu em dois e conquistou ambas
Em um quarto tão escuro
Eu encontrei sua luz
Me cegou entre os planos
Me consumiu entre os uns

Desconstruiu minhas paredes
Fodeu todo meu calendário
E hoje me questiono se alimentar teu fogo
Foi o pior dos meus erros
Se acalentar sua alma
Foi o fim do nosso começo
Se segurar tua mão
Foi o precipício do castelo que eu
Construía
Só pra você

Os meus néctares mais profundos
Só você deleitou
Meu universo ao contrário
Você com palavras
Endireitou
Me perdi no seu abismo
Esperando sua chuva
Mas tudo que ecoou
Foi silêncio
Foi ausência
E eu me convencia que teus dias estavam
Cheios
Fartos
E foi na encruzilhada que você
Me pegou
Me amarrou vendado
Nas estrelas do amor
Infinitas e voláteis

Eu me desculpei todos os dias
Por ter sido quem sou
Não seria eu mesmo
Mas talvez
Só talvez
Eu ainda teria
Você

No teu mar
Na tua calma
Na tua onda
Nas tuas rimas
No teu ritmo
Na minha alma
E eu me soltei
Eu me afoguei
Eu transbordei

Na tua sincronia de
Palavras surdas
Eu vi o sol brilhar
Duas vezes
Mais fraco

Perdi o caminho
Como perdi o fôlego

Só me restou
Entregue
Na sua prisão
Na solidão
Sozinho no chão
Acorrentado em vão
No calabouço da sua traição

Você me tinha
Do melhor jeito
E você me tem
Do pior

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Visita

As vezes eu
Recebo algumas visitas
Em peculiares
Outro dia foi a morte
E ficamos trocando
Olhares

Outro dia foi a dor
Que me abraçou
Com tamanho
Amor

Outro dia foram teus olhos
Que me olharam
E depois viraram
Pra focar
Outro alguém
Pra visitar

Num dia qualquer
Foi meu amor
No outro dia
O que sobrou

Num outro dia
Foram palavras
Que matavam qualquer
Alma viva

Depois bateu aqui
A discórdia
E depois
O álcool

E todos os dias
O tabaco

Mas nunca que eu recebi
Alguém
Que queria ficar

Uns deles vem
Todos esses vão
E uns desses vêem
Que eu tô andando sem
Chão

Cheguei a cogitar
A ideia de chorar
De solidão
Mas aprendi a viver
Entre andares e escadas
Aonde todos esses
Apertam minha mão

A noite é fria
E lá se vai
Mais uma esperança
Se esvai
Se contrai
Me enfrenta na contramão

Bati de frente
Com tanta gente
Que me deixou

Em vão

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Consenso do incenso

Eu senti meu mundo cair
Tantas vezes
Que eu o reconstruí
Do avesso

E eu chorei por tantas esquinas
E por tantas vidas
Que eu perdi
Só hoje

Senti o gosto
De tanta lágrima

Se alguém pudesse
Se afogar em lágrimas
Nem imagino
Forma pior
De morrer

Eu descobri
Que é possível

Eu me perdi por tantos mundos
Tantos que eu não quis voltar
Foi quando quebrei um copo
Sem querer
Que eu pude perceber
Ainda sem querer ficar
Eu me mantive com a cabeça
Em outro lugar

Eu encaixei tantas peças
Tantas conversas
Pra tentar descobrir se
Lá fora, agora
Ainda chovem raios

Eu sintonizei as estações
Pra contar os ponteiros
Desses vastos corações
Aonde aquele distinto odor
Sem cheiro, sem cor
É comum na vegetação​

Não sinto que sinto
Mais nada
Fui um brinquedo, um cachorrinho
Abandonado pelos donos
Como quem desvia do caminho

Em caixas afogadas
Num mar com redemoinhos
Eu nadei tão pra baixo
Que eu chego a sentir
As algas
Enrolando em meu pé

O centro é tão sozinho
O medo é tão escuro
Adjetivos para o bem
Não existe em corações puros

Ventos que ventam na contramão
Cacos estilhaçados pelos vãos
Nadando em sentimentos
Eu tento e
Tento
Achar razão

Me deixou sem direção
Placas e endereços
Já não existem mais, não
Você me trouxe pro alto
E me soltou mirando o chão

Cordas bambas ofuscam
O labirinto da emoção
Os caminhos da razão
As linhas da escuridão

Sozinho me encontro
Entre o lúcido e o inferno
Terno, eu visto o que prende
Fardo, eu carrego o que sobra
Revejo só o que trago
Nas costas de quem me troca

Eu subi tão alto no teu morro
Que acabei deslizando
Com tua chuva

Passou tempo, gastei vida
Pra você me deixar com a culpa

Entreguei cada sentimento
Rendi cada momento
Pra sua presença única

Colecionei pedras e palavras
Que me dizias em noites turvas

"Espero que você seja só meu"

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Lullaby

Eu quero ser seu
Diário
Eu quero ser seu
Armário
Eu quero ser seu
Cabeçalho
E mais importante
Eu quero ser seu

domingo, 16 de abril de 2017

Doutro Mundo

Outro dia me encontrei perdido
Porque os ponteiros apontavam pontos poluídos
Pelas máscara ambíguas
Fumando várias fitas

Fudeu parceiro, tô no lugar errado
Plantei amor e colhi dor, tudo desengonçado
Eu projetei barricadas
Pra proteger os meus projetos
Que visavam um mundo
Aonde amor era dialeto

Nas televisões, o céu ainda era preto e branco
As pessoas nem tinham cores
Mas ainda julgam esse pranto
Eles vão te matar pela cor
Não te amarão pelo branco do osso
Suas ideias vão pro calabouço
Os cara te amarra e desce pipoco

Sem o sangue, você perece
Mas sem amor, até apodrece
Enquanto existe, a realidade
Que se curva em meio a prece

Mudei de direção pra ver se isso ia me mudar
No pretérito do seu presente
Tudo era presente
Mas no futuro do passado
Sem mais caixas de presentes
Eu aprendi a amar a dor
Me cansei de tirania
E quiseram me expor

Dancei no meio da guerra
Choveu sangue, acenderam velas
Os anéis de gerações
Vítimas da tragédia
Eu pensei em voar a noite
E viajei dimensões
Cada quadrado de quasares
Que pareciam aviões
Estrelas brilham pra morrer
O dia chove pra nascer
A rua escura se ilumina
Pra te trazer prazer

Você​ bebe pra esquecer
Talvez fume pra morrer
Ou pra entender
Todas as memórias que se expandem
Em sua mente, em seu lazer
Você beija pra foder
Ou você beija por amar?
Viaja mares pra encontrar
A metade que conquistou
Ou busca flores ao redor
Porque não se contenta
Com o universo
Que encontrou?

Você promete e não cumpre
Você mente e se manda
No final do dia pensa
Que tem que colher mais plantas
Mas a vaidade que mata
Por querer ter no seu jardim
Cada jasmim, sem daninha
Cada orquídea, sem ervinha
Todas as rosas, na pradaria
Mas você vive tantos sentimentos
Você vai acabar no rio

Compartilhe o seu sonho
Com quem ama te abraçar
Destrua todos os teus medos
Que na guerra você pagou
Os maiores inimigos
São os inimigos do amor

Somos todos temporários
Outro plano, doutro horário
Outro mundo, são otários
Aqueles que procuram
Rejeição

Seus ouvidos são a chave
Para a tranca da sua mente

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Coisa

O que é uma "coisa"?
Ouvi essa pergunta em
Um planeta bem
No meio do seu mar
Aonde existia um pedaço de terra e
Nele existiam biomas diferentes que
Em um deles existia vida

Existia pensamento
Existia sangue
Existia sofrimento

E ao redor dessa vida
Existia civilização
Que construíam muitos prédios
Que viviam em uma nação
E entre os prédios
Existiam essas ruas que
Ficavam entre calçadas e
Em algumas calçadas
Existiam becos que
Um dia, me encontrei no meio destes
Que assombravam os meus passos e
Assustavam minha sombra

E foi nesse tal beco que
Ouvi essa pergunta que
Intrigou meus sentidos
Aguçou minha percepção
Do átomo que
Vivo
E do plano que
Vivemos
"O que é uma "coisa"?"

E bem do lado
Daquele ser racional
Que racionava pensamentos
Entre teorias e experimentos
Sentado no concreto, frio e sólido
Aonde existiam átomos
E moléculas
E vida
Uma dentro dá outra
Aonde existiam níveis quânticos
De objetos imensos
Que se expandiam
E se expandiam
Mais e mais, para dentro de si
Aonde rodeavam um mar de universos
Que seus ossos eram galáxias
E na suas galáxias existiam estrelas
E o braço das suas estrelas
Eram planetas com sua ciência
E no meio dessa filosofia
Me encontro falando
Da mesma rua
E do mesmo beco
E dos mesmos seres
E da mesma pergunta

A linha do tempo
Acontece só na gente
O tempo existe
Como um momento paciente
E impaciente
Rápido
E devagar
O tempo mora em tudo
E tudo mora
No tempo

E tudo é uma coisa
Mas nada é tudo

Somos sistemas
E tudo que não existe
Já existe
Você não é o resultado
Você é o progresso

Você não é o final
Você é o caminho

Você não é apenas isso
Você é tudo
Você é uma explosão
E você é matéria
E você é tudo

E tudo
É você

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Incógnita Ansiosa

Esse monstro me come todo
Essa vida me escapa inteira
Penso em noites que passei
Com pessoas que amei
Penso em noites que
Passarei

O que é que vem agora?
O que acontece em vão
É o que enxergo nas mãos?
Enquanto escrevo com essa dores
A ponta do lápis, é essa cor
Âmbar tão vinho
Cevada tão escura

Penso se você vem
Com teu sorriso
Que me abre
Novos caminhos
Penso quando você vai
Mas não quero que vá
Quero que fique e
Que me beba e
Que me tenha
Mas que me tenha
Por inteiro

Enquanto minha mente dança
Com o álcool que ainda se processa
Enquanto minha alma pareia
Com os sentimentos do universo
Deito aqui nesse aperto
Que me traz incompleto
Me disfarço de paz
Pra ver se essas dores
Aqui jaz
Mas não faz
Não faz
Não hás questão
Que calcule essa incógnita
Isso me puxa e
Me suga e
Me força a esvaziar
Outra garrafa
A fumaça me esconde
Mas só por dez minutos
Penso se daqui a um tempo
Vou me encontrar
No tempo absoluto
De agir
Mas ajo
Com dedicação
Pelo futuro
Do meu relógio
E da minha condição

Espero que um dia
As flores
Floresçam
Novamente

Um urso agora
Me abraça
Uma borboleta
Me disfarça
Entre todas as árvores
Me encontro no chão
A luz que se apaga
Abre meu caixão

E voo
Voo pelos céus tão carnívoros
Que engolem rios e vomitam bichos
Mares guiam minha direção
Respiração ofegante
Névoa alucinante
Me amarga o coração
Sinto vida em seus sons
Cito músicas
Sem nenhum refrão
Lembro das coisas que me fizeram
Um dia, viver sem vão

As peças se colocam
Futuros que me chocam
Mas qual o resultado
Dessa equação?
Mordendo os dentes
Fechando as mãos
Punhos prontos
Para defender
Outra condição

Sombras passam
Sombras vão

Mas quando é
Que as flores
Florescerão
Novamente?

terça-feira, 28 de março de 2017

Cinza Cinza

Acordo e penso se
Tudo ainda é do mesmo
Jeito

Eu reluto e penso se
Tudo ainda se encaixa
No mesmo eixo

Existem certos tipos de pensamento
Que podem ser fatais
Eu mergulho em águas fundas
Procuro peixe em águas rasas
Pra não me forçar demais

Eu olho para o celular
Eu penso em te chamar
Eu desvendo enigmas
Impossíveis de desvendar

Entre paredes de carne
Acontece uma revolução
Eu me mato
Eu me estrago
Tentando achar solução

Verbos entrelaçados entre laços
De emoção
Receio o passado perdido em união
A inveja levou pessoas
Que me tinham como opção
Todos me acham corruptos
Mas o corrupto destrói minha compaixão

Fui traído por olhos que um dia
Me olharam e juraram lealdade
Olhos que também me corrompem
Entre passados que enchi de beldade

Dou um gole no uísque pra ver se cubro esse mar de falsidade
Reparo nos termos, reparo meus erros, separo mentiras e descubro verdades

Como uma ave que voa sem se preocupar
Como um dia que nasce frio
Mas tem o sol pra vir esquentar

Como um rio que de grandezas
Cai em alto mar
Se perde, vai e volta
Se mistura com outras canções
Que outros piratas vão cantar

Deixo a tristeza me sucumbir
Deixo meu navio afogar
Pra depois eu ver o quão forte eu sou
Pra eu conseguir nadar

Quero sair e viver
Mas sobrevivo em alto mar
Morro de saudades
De dias que não irão voltar
A ira me pira e me faz alucinar

Viajo a selva em que vivem os celtas
Derrubando Deuses que se julgam bons
Convivi com depressões, julguei meus erros
Mas sempre emergi errado nos tons

O único remédio
Se esconde em nossos corações
Deixe que tua mente
Seja conquistada
Pelo
Amor

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Luzes Distantes

Quando você menos se depara
Com a fria presença mentindo sobre o passado
Com a fúnebre incerteza do futuro
Com os laços da caixa de presente
Você descobre que está vivo

Nas escuras florestas que habitamos
Existe uma crueldade em particular
A nossa mesma

Viajamos por tempos tão turbulentos
Beijamos mentiras
Amamos o vento
Mas ainda assim, nós corremos
Corremos e corremos
Com a esperança que corre conosco

O amor virou elogio nos casais mais transparentes
O medo nos abraça nas esquinas mais escuras
A ansiedade tá casada com o desespero
E a vergonha é sempre coletiva

Corremos atrás de ilusões pra satisfazer o vazio
Enchemos balões de cigarro
Saciamos sinapses com álcool
Tudo para no final do dia
A gente chorar com agentes ilegais

Vivemos em tempos árduos
Com teus pássaros tão mudos
Batendo asas violentamente contra a brisa
Respirando constantemente os escapamentos
Para alimentar suas crias
Agora tão inocente
Mais tarde, tão vazias

Vozes ausentes contam estórias que eu nunca pedi pra ouvir
Que eu nunca pensei que eu imaginaria
Os telhados caindo e desabando
Foi lembrando do passado
Que eu o concertei
E chorando pelo mesmo
Que eu o desarrumei
Já foram vinte janeiros, que eu me desencontrei e
Em cada um deles
Eu conheço novos perfumes
Que logo em fevereiro
Eu tenho que esquecer
Por talvez eu ser uma fragrância sem esperança
Por talvez meu manicômio ser extrapolado
Mas todos os dias eu volto para balançar os pêndulos do tempo, incansavelmente, manhã após manhã
Desejei sabores que eu não pude degustar
E cicatrizei as marcas de pessoas que eu nunca mais verei

Tudo saciou
Nada constou

Éter

Se não der pra estar aí
Eu tô aqui pra te provar
Já viajei por tantos astros
Minha mente é interestelar

Deito camas
Viajo planos
Sem ter aonde chegar
Chego e esqueço
Tudo aquilo que eu
Vim para cantar

Penso agora
Ajo no futuro
Quebrou correntes
Com os bolsos
Tão duros

Quero caminhar os teus passos
Quero perseguir teus traços
Paixão distante, caixas de diamantes
Eu me afogo em teu riacho

Rio e passo
A caneta
Pra minha mente
Turbulenta
Minhas mãos são utensílios
Meu coração, uma ampulheta

Penso e existo
Como no passado
Já foi dito
Já foi escrito
No presente
Que meu coração bate
E pede esmola

Tanta gente
Tão ciente
Do estrago
No presente
Não se sente
Só acende
Seu cigarro
E compreende
Que o mundo já não é de todos
A terra é só um globo
Escondendo biritas que
Satisfaz o povo

Aluguei
Um espaço em
Outro universo
Me decepcionei
Quando vi
Que as estrelas
Me sentiam do avesso

Em todo canto
Ouço um pranto
Sinto um manto
Me ofuscando
De tanta dor
Tanto escândalo

Me vesti pra uma guerra
Que eu perdi antes de entrar

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

O Próprio

Voo por milhas
Caio por léguas
Irreversivelmente
Me encontro no meio das tréguas

Não sei se brigo com a paz
Não sei se caso com a dor
Fico nas entrelinhas
Discutindo ódio e amor

De todas as luzes
A tua brilhou mais forte
Mas apagou minha escuridão
Com sua silhueta forte

Me escondo dentro de cacos
De um espelho sem reflexo
Me apoio no parapeito
Da janela dos remédios

Penso se devo agir
Penso se devo aderir
Penso no que se fez
No que se fará
No que falhará
Se eu não aturar
Outro dia
De tantas brigas
Estando cansado
Sem ter pra onde ir
Eu me deito e viro pro lado

Senti um calor tão próspero
Que eu guardei num frasco
Na minha Bíblia tem escrito
Que eu não passo de fracasso

Me comparando com planetas
Viajando em silhuetas
Enquanto leio nas pranchetas
A minha próxima dor

Penso em todas as galáxias
Que me mantém na asfixia
Que me lêem com dislexia
Em anos luz de rancor

Me prendo em páginas viradas
Deito com os pés na almofada
Pra abafar encruzilhadas
Aonde encontrei amor

Lembro de sangrar
Lembro de me contentar
Com invernos solitários
E com nuvens cor de âmbar
Eu me desloquei do ato
Moribundo como um rato
Dos esgotos da cidade
À florestas, voei alto

Viajei pelas tuas curvas
Caminhei pelas tuas ruas
Mal sabia a minha pessoa
Que elas eram todas suas

Aqui você esqueceu tuas placas
Ainda leio endereços
Das esquinas da cidade
Em que eu me perdi nos becos

Declarei bandeira branca
Um sonho de criança
Que tá bem vivo, sabe
Que não existe tal cobrança

Inimizade de aliados
Me fizeram alienado
Por amizades inseguras
Aonde pesco em águas limpas
E eu bebo águas sujas

E é tudo no mesmo lago
Peixe não nada raso
Foi então que percebi
Aonde o meio estava falho

Mergulhei bem de cabeça
Do topo do meu barco
Quem me prometeu amor
Nunca tinha me avisado

Que eu era esfaqueado
Por desconhecidos em pergolados
Aonde eu cheirava flores
Que não estavam do meu lado

O ditado foi ditado
Por quem nunca acordou
Ditadores da justiça
Ditando nota que me atiça
Falso olhar que me vigia
Hoje eu quero tua ausência

Traição de irmandade
Considerei todas as falhas
Me pegou subitamente
Me dizendo tão na cara
Que sou uma pessoa falha


Uma hora tudo acende
Tudo vai surpreender
Quando despertamos nosso ser
É que começamos a ser
Mais nós

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Brilho Corrupto

dentro de mim
e dentro de si
Dentro de ti
Existe algo bom

O vento que entra
Da janela, dá naquela
Sensação tão distante

O preço que cobra
Do apreço que enrola
Duas artérias
Coagula matéria
Viaja dimensões

Ilusão de dois corpos
Previsão para duas almas
Virarem uma só

Deito em meu leito
Feito de parapeito
Que impede o futuro
De ficar tão escuro

Observo tuas estrelas
Os ossos do universo
Piscando tão distantes
Brilhando pelo avesso
Pois já passaram anos
Mas vocês nunca desistiram
Viajam iluminando
Ruas no vazio

Ruas tão mortais
Que matam quem não se
Prepara

Não quero ser mais um
Numa molécula viajante
Num passado tão distante
Do presente que se faz

Só diminuindo sua alma
Que você descobre do que é
Capaz
De formar um mundo inteiro
De sentir todos os cheiros
Do vácuo que se forma
A cada momento feito

De todas as pessoas
Escolhi as que destroem
Me livrei das que constroem
Me passei por quem corrói
Pra achar quem me compõe

Quem sabe é você
Quem sabe eu não sei
Procuro em cada esquina
Uma placa que dita leis
Um sinal que indica vez
De quem vai me deixar sozinho

Eu sigo vivendo isso
Essa boêmia mal escrita
Eu disse tchau pra quem amei
Disse oi pra quem odeio
Só tentei me passar
Por mais um lobo no cordeiro

Mas todos eles
Querem ser o tal
Pastor

Mal sabem os coitados
Que todo pastor
Tem seu deus

E mal sabem os deuses
Que toda criatura
Na nossa raça
Não se cansa de
Poder
Ter poder

Assim
Que morrem
Os deuses

sábado, 28 de janeiro de 2017

Entrelaço do Abate

Procure as moedas
Que o papel
Se acha

Uma vela
Quebrando a
Escuridão
Um barco
Dentro de
Uma inteira tripulação

Um dia sou urso
Outro dia, sou flores
Mas em nenhum dia
Tento apagar
Amores

O absurdo em forma de gente
É a mais comum das situações
O provável de toda a dor
É a dor em falta de ações
Uma regra não é injusta
Se se aplica
A todos

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Cassino Royale

Tenho noite
E tenho dia
Do céu faço
Minha moradia

Tenho teto
E tenho chão
Sem rumo
Na multidão

A estrada é cinza
O caminho é turvo
A floresta, neblina
Nesse velho mundo

Sangue que foi derramado
Jamais será saciado
A vontade do
Assassino

Mata tudo e todos
No meu próprio
Cassino

A roleta aqui é russa
O dinheiro aqui não é Bellagio
Penso e reflito
Como deixei chegar a este estágio

Aonde os rios se encontram
É pra onde eu quero ir
Com o vento tão suave
Com o ambiente tão sóbrio
Mas tão ébrio de tudo benéfico

Jogando contra a morte
Dados rolam pela vida
Cartas postas sobre a mesa
Da esperança já esquecida

Me dão cartas tão podres
É, minha mão não está boa
Pra jogar nessa corrida
Que contra o tempo, voa

Não adianta mais procurar
Se eu olho pra todo lugar
E eu sei que
Relógios, eu não vou achar

Não tem dias
Nem mais noites
Não tem nuvens
Só açoite
Abate ao batedor
Drama de jogador
Milhões na mesa
Até as fichas sentem dor

Cassino que se joga
Que o ponteiro roda a roda
Dá sua própria roleta morta
Fico aqui pensando
Se um dia
As cartas virão boas

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Depressão

A Depressão
 é uma entidade
Viva

Ela é a dona que
senta do nosso lado
 e beija nosso corpo
com teus fardos do
passado

Ela é a senhora
casada com a ansiedade
que vem fazer ménage
com a gente
no meio da noite
no meio da cama
no meio das lágrimas

ela é o urso
perdido na nossa floresta
tal floresta cinza
que causa medo pela
Depressão

as folhas choram
as árvores sangram
e tudo é um labirinto
as placas estão ao contrário
as nuvens estão apagadas
a névoa trás consigo
um mal bem maior

um casal tão poderoso
capaz de nos comer vivos


a Depressão
é um espectro
tão brisante
tem como refém
o amor
não correspondido

tem como tortura
o coração
partido

plágio de um assassinato
tem como tua arma
essas brigas
tão familiares



temos nossas lágrimas
temos nossa chuva
tão salgada
tão solitária
tão centralizada
na parte aonde
a guerra
só deixou
buracos


é aquele monstro
que te acaricia
pra você dormir

que te afoga
no teu próprio mar
de sal

que te joga
no teu próprio rio
de cortes
vermelhos



é a solidão
casada
com o amor
tão trancado

é o recordamento
do passado

é o plágio
do homicídio

é o suspeito
do drogado


é o fim
do teatro



terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Hoje, ontem; e sempre

Eu me senti
Tão sozinho
Até que
Você
Apareceu

Eu me senti
Tão seco
Até que você
Apareceu
E fez
Chover

Hoje deito
E sinto dois ou mais
Cheiros
Diferentes no
Meu lençol

Tudo foi
Pra distrair
O teu

Hoje me olho no espelho
E vejo
Três ou mais faces
Atrás de mim
Tudo pra
Esquecer da sua
Que sempre
Está

Hoje eu
Me lembro
Dos cacos que eu recolhi
Deste coração
Tão podre
Tão vermelhos
Tão sujos
Mas ainda
Vejo o que
Você fez

Deixou este coração
Marcado com teu semblante
Amordaçado com o teu jeito
Escancarado com você

Me encontro
Em pó
Me varro
Os cacos

Do que sobrou do dia anterior

Uma ligação
Uma declaração tão nossa
Foi um tratado de paz
Mas com sua ausência tão próspera
Teu amargo tão dócil
Nessa relação tão fugaz

Vejo paredes tão rosas
Perco meu eixo tão meigo
Que sempre procurou
Um quarto

Mas você me obrigou
A procurar entre espelhos
Do teu próprio ser
Alguém que pudesse ser
Como você

Com uma ligação tão dócil
Risadas e fardas
Me deixaram no ócio

Como você mesmo disse
Em sua própria tese
Seu sorriso enlouquece
Qualquer homem desse mundo

Dei um abrigo pro teu mar
Acalmei o teu luar
Aonde tudo era tão caos

Me ligou querendo voltar
Mas acho que era só pra me garantir
Minha fortaleza, a sucumbir
Aos teus feitiços tão loucos

Mesmo depois de resistir
Eu ainda estarei aqui
Porque eu sei que
Do lugar que eu residi
Você ainda o visita

No teu próprio tempo
Na tua própria espera
No seu único lazer

Me trazer
Me fazer
Inteiro

Mesmo dizendo não
Você tem razão e coesão

Mesmo depois
De tanta merda

Eu ainda
Amo
Você

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Constelação Recente; O Infinito Que Eu Viajei

Se tu se acha photoshop
Eu sou seu editor
Porque pros meus olhos
Nesse mundo, você é
A mais linda flor

Se usas muita maquiagem
Saiba que eu te maqueio
Nos meus sonhos, no meu quarto
Aonde ainda habita o seu cheiro

Talvez a gente é nunca
Talvez a gente é sempre
Mas eu sei que a gente nada
Juntos na mesma corrente

Talvez é muito cedo
Talvez é tão confuso
Mas eu espero essa neblina
Passar e
Parafusar
Esse último
Parafuso

Dessa obra prima
Que podemos
Pintar
Juntos