sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Sufocação Virtual

Me vejo.. Me enxugo.
Deitado estou eu. Aqui. De novo.
Cansaço, cansaço cansaço!
Vejo âmbar; tudo és.
Cansado de ficar aqui. Me sufoca.
Cansado de olhar as fotos. De sonhar mentiras, de querer o que é cego.
Foda-se. Já foi.
É, foda-se. Que direito tenho de querer, se não vou ter?
Tem que ser correspondido. Oh sim.. Tem sim.
Ah, sim.. Mais um café, por favor.
Blasfêmia!

Âmbar Agressivo

Rumo ao destino,
Rumo à decisão.
O lugar pesa na mente, como pesa as asas do beija-flor, que bate a cada segundo. O destino me assusta.
Em repouso nas paredes, a luz ofuscada, com o brilho encharcado.
As conversas e decisões, entre palavras e opções.
Minha mente estava pesada, meus devaneios eram incertos; a caminhada foi longa..
Sentado ali por horas, o mundo veio ao pensar. Como é pesada a decisão.
Os olhares foram trocados, os dedos entrelaçados; assim foi feita a vontade. A decisão da discórdia.
O ar era pesado, minha cabeça latejava. Estava eu certo de fazer o que eu queria, ou eu tinha que ter mentido para ganhar um sorriso?
A decisão certa foi feita. A minha decisão.
O fim havia chegado.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Tempo do Tempo

As cordas tremem.
Os pés cansados; sem rumo.
O peso. Escrito num papel.
Em repouso, a tinta.
A morte só aguarda.

Alí estou eu; e alí também.
Tanto faz, tanto faz.. Já foi.
Na hora.
O bater das asas, o piscar de olhos.
O tempo é o assassino; para o Destino.
O tempo é um assassino; para a Sorte.

Caminhos entrelaçados de uma encruzilhada qualquer.
O tempo mata o tempo com a bala da realidade.
O tempo se foi, e você não viu.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Triste Prece

No futuro, deitei-me.
Alí jaz meu ego.
Agora flutuo por aí.

A mentira,
Impetuosa
Rigorosa
Atravessou-me;
Deveras lacrimosa
Matou-me
Deitou-me.

Nas planícies da mente,
Aonde o céu não é mais azul.
Jaz a alma da gente,
Que segue pro Sul.
O Sul da gente.

As memórias planam pelas nuvens de carne.
Os sentimentos queimam pelas linhas que nos ligam.
A pedra que foi atacada não recebe perdão. A lâmina que fez o corte não clamou a guerra.
O sangue, o odor. As batalhas duradouras e calorosas.
O piscar de olhos.
A culpa é da Cruz.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Seria

Pode até ser que seja, pode até ser que pode.
Só não pode ser.

Anedonia

O que sou eu para você?
Enquanto tudo o que é bom se esvai, e tudo o que é ruim se adentra..
Solidão.
Amarga, incolor solidão.
Incolor, que deixa até os mais finos raios passar.
Amarga, que envenena ao penetrar na profunda camada de carne.
Oh, crueldade.
Cá estou eu como você deixou. Como abandonou.
Não diga tal coisa. Implodindo estou eu, por completo.
Isso te fez feliz? Me destruiu, me abateu.
Já sou eu, sem eu. Meu eu fugiu comigo.
Sem eu, sem abrigo.
Até mais.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Crime Oculto

Talvez a birra.. Talvez o sentido.
Talvez a mira.. Talvez, só talvez o gatilho.
Provável morte, em escura sala.
Aviso a corte, no planar da bala.
No correr dos cavalos, no saltar do atleta.
No esporte, na festa. No assalto, a beça.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Sem Porcento

Meu futuro esta em repouso numa sala escura.
Minha mente reflete as incertezas.
As noticias borram minha felicidade. As súbitas noticias.
O passado condenou a minha alma, e mesmo se eu imaginar tudo diferente, nada muda. Como vou mudar o que já passou? Como vou mudar o que um dia foi quem eu sou? Como eu vou lutar com quem já me venceu? Como eu vou encarar a vida de quem já morreu? Como eu vou pensar em quem já me esqueceu? Como eu vou pintar o que nunca nasceu? Como vou consertar o que nunca existiu?

O peso do meu pranto que me escorre, me descolore. O grito do sofrimento que ecoa ao lembrar do teu semblante. As afiadas facas me cortam as pernas, me cortam a vida, os laços de guerra. Ao ver o mar da ressaca, o lamento me cai.
As páginas da história estão guardadas na caixa acústica, que bate a minha vida, como um bumbo. A biblioteca foi cerrada, os livros foram queimados, e o bom senso esta morto.
O amor desapareceu no azul do infinito, e os amigos agora dormem no céu do mundo; do meu mundo.
As cataratas jorram sangue, e o passado nublado cria nuvens em minha vida.
A forca me espera, e você sentada só assiste. Em repouso senta o nó no teto de uma sala vazia, uma sala perdida. As palavras entram em tubulações nervosas que não sabem falar. Os olhos avistam o barco da incerteza, os pés afundam no mar da tristeza. As agudas notas do piano tocam os mais graves sonetos.
Foi quando o relógio foi comprar ponteiros novos, quando o bem acasalou com o mal. Quando os ouvidos viraram inimigos, e quando os pés deram ré. Quando as forças que eu já não tinha foram requisitadas.
Entre as pedras que fecham o horizonte, quebrá-las-ei, para ir mais longe.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Olho Nu

No derramar da noite,
As esperanças são escassas,
O coração esta dolorido,
E o ar é poluído.

No voar dos pássaros.
As penas caem em meio ao vento,
Eu deitado só lamento,
O futuro violento.

A mente é o espelho,
Espelho que reflete a gente.
Reflete o ego e reflete os dentes.
Os dentes das engrenagens da vida.

Meu espelho que se quebrou,
Os meus cacos por aí deixou.
Os cacos agora queimados,
Tentam se encaixar,
Tentam voltar ao lugar
.
Os cacos podres que eu não varri;
Os cacos podres que eu perdi.
Os cacos podres que eu não esqueci.
Os cacos podres da minha memória.

Os cacos podres que refletem minha escória.
Refletem minhas doenças, minhas estórias.
Refletem minha dor, mostram minha tristeza.
Mostram minhas derrotas, minha incerteza.

Revelam a mais pura vergonha, vergonha de ser quem eu sou.
Vergonha de querer e não poder.
Vergonha de poder e não querer.
Vergonha de atirar e errar,
De nunca tentar, de nunca lutar.

O cheiro familiar pesa no cair da noite.
A energia se faz sentir pelos corredores.
A colher é levada ao pote, e trazida de volta pela vontade do paladar.
Os olhos momentaneamente olham para frente.
Os olhos agora avistam o corredor.
As orelhas agora ouvem os passos.
A boca agora pensa, a mente apenas se cala.

O sussurro que levou os sentidos embora.

O tiro que nunca acertou,
A palavra que nunca saiu,
O dia que nunca chegou.
O pensamento que nunca existiu.

Os sentidos que levam o sussurro embora.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Coma

Noite amarga.
Ressaca de vida.
Manhã ensolarada.
Cegueira de brilho.

No escuro absoluto,
Os segredos se revelam.
Na luz que trilha os caminhos,
Os astros se congelam.

Nas ruínas afundadas,
Nas lagoas congeladas.
Nessa terra proibida.
Na profecia escrita.

Falastes com tom alto,
Calmo e gradiente.
Me concedia a missão,
Missão sem objetivos.

Com mistérios adiante,
Com silencio horripilante,
Com saídas distantes,
Me espera a missão.

Diante do altar,
Dorme minha paixão.
Diante do templo,
Habita a solidão.
Diante das máquinas,
Em repouso, o botão.

E no cumprir do amigo,
Eutanásia, solução.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Existência Absoluta

Fingir que fizemos, risos que ouvimos, vindo e indo para nossa consciência.
Nós estamos vivendo em um só. Não julgue um não, apenas queira recomeçar.
Tente existir. Quantas vidas gastaremos para aprender? Quantas mais palavras serão vindas a tonas para que possamos perceber o real?
Quando as peças tombam, percebemos o que, e quanto esta sendo desperdiçado.
E são nesses longos e terríveis intervalos de insanidade que me encontro, sentado ao sofá, ponderando.
Olhos que podem falar são valiosos. Mentes que podem abrir são raras. Mãos que podem esculpir são fortes. Bocas que podem pensar são invencíveis. Corpos que possuem sentidos são comuns.
Exista. Deixe de ser a silhueta em meio ao tempo, ou a caneta em repouso em cima da mesa do escritório de um engravatado qualquer. Seja o ápice da loucura, do viver, do existir, seja o pico da montanha do poder. Se você não lutar, ninguém irá tirar as espadas por você; e se por acaso arrumar um exército, a mente de um faz a de todos.
Então faça. Se um homem pode criar um mundo com dez dedos, você também pode. Pois não és nem um pouco diferente.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Inocência Amarga

Foi de repente que tudo se sentiu, tudo fez sentido, tudo se partiu. Lembro-me das desculpas, dos olhares, de tudo meu que tocastes e tudo meu que deixastes sua marca. Transformou tudo em um carnaval, e depois foi embora.
Vingar-me não irei, pois de experiência servistes, e agora o jogo já foi jogado, o futuro jogado fora, uma pedra atirada ao mar; uma chance sem porcento. Foi sozinho que varri os cacos do chão. Foi o fim.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Nascer

Viver.
Viver para conter,
Viver para ter,
Viver por prazer.
Morrer.

Morrer para crer,
Morrer para ver,
Morrer para ser.
Criar.

Criar o azul,
Criar o vermelho,
Criar o espelho,
Pra ver o sul,
Pra ver o ser.
Nascer.

Nascer pra viver?
Nascer pra morrer?
Nascer pra criar,
Criar pra nascer.
Nascei-vos!

Quê?

Pense!
Pense no bem
No vai e vem
No que tem

Busque!
Busque no bosque
Procure no poste
Em tudo, aposte

Mate!
Abate
Chá Mate
Cala-te!

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Claro Viver

Hora de esquecer.
Esquecer o ruim, esquecer o tempo. Esquecer a morte, a dor. Esquecer o morrer, o perder. Esquecer o sim, o não; esquecer o tim, o tão. Esquecer o ritmo, a batida; criar a música, a saída.
Como aprender a esquecer? Como aprender a deixar? Como ir, vir, partir, voltar, começar, sair, pedir, apressar, sonhar; como amar?
Acreditar? Querer?
Como querer? Como lembrar?
Esquecer o que vem, o que vai. Esquecer o barco, deixá-lo no cais. Esquecer o grito, deixá-lo na paz. Esquecer o poder, o querer, o sonhar, o voltar. Esquecer o começar, o terminar, o chorar, o parar.
Continuar.
Lembre-se do sorriso turvo que se esconde na escuridão. Lembre-se da imagem oculta que se revela ao nascer do sol. O brilho que se esconde no túmulo. Esqueça.
Lembre do esquecer, esqueça do lembrar.
Esquecer do pesado, do leve. Do jogo, da neve. Esquecer do vídeo, da mídia. Esquecer.
Evaporar..

Evaporar..
Subir, ir.
Evaporar..
Descer, cair.
Evaporar..
Esquecer.

É hora de viver.

Livre

Braços transparentes.
Abraço gradiente.

Olhares vazios.
Sentimentos arredios.

Coma eminente.
Desilusão dormente.
 
Devaneio obscuro.
Retrato puro.

Dor.
Dor intrépida.
Dor.
Dor maléfica.

Passado.
Presente.
Passado.
Respectivamente.
Eu.

Começo.
Começo final.
Começo.
Começo fatal.
Começo.
Começo da vida.
Começo da ida.
Começo da volta.
Começo do fim.
Fim.
Fim da vida.
Fim da volta.
Fim da ida.
Fim do fim.
Começo.

Amargo.
Mente amarga.
Dor amarga.
Dó amarga.
Lágrima amarga.
Fim amargo.
Amargo.

Tempo,
incontrolável.
Passado,
irresponsável.

Silêncio.. Infesta todo o meu ser.
Arrepender.. Consome meu fazer.
Pensar.. Parar me faz parar.
Chorar.. Me faz renegar.
Sentir.. Morrer.
Morrer.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Escuridão (Vi)vida

A mente
Da gente
Mente
Momentaneamente;
Na hora
Agora
Aurora
Afora;
Luta.
Sem destino,
Rua.
Sem rumo,
Vida.
Sem turno,
Noite.

Noite

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Ciclo Meu

Possível
Solidão
Frente
Verso

Vida além
Além da vida
Tem a vida
Já vivida

Problemas
Psicofísico
Companhia
Tirania
Bateria no zero
Inércia no cem
Preguiça no dez
Carregando, além

Tentando encontrar
a saída da vida.
Tentando escapar
da longa corrida

Corrida que cansa
que dá mal-estar
Aumenta a pressão
faz o coração parar

Oi amor,
tudo bem?
Tchau amor,
até nunca, meu bem.

Bom dia,
como vai você?
Silêncio

Amigos distantes
Amizade gradiente
De um lado, forte
Do outro, transparente

Vivendo o instante
Instante sem fim
Fim sem começo
Começo errante

Game over, no jogo
Game over, na vida
Game over, no azar
Espera.. ainda?

Bati
Entrei
Sai
Fugi

O final do começo
Que começa no final
Obviamente, tudo isso,
Paradoxal

Indo e voltando,
Na volta, indo
Indo, enquanto volta
Indo

Sentido

Sentimentos permanentes.
Um pingo de tinta em uma camisa, um pingo de tinta em uma pintura.
Um fio de cabelo voando solto por aí, um pedaço de matéria viajando pelo universo.
Um traço de uma memória feliz escapando, o rastro de um momento bom se apagando.
A batida do martelo, a reverência do budista; a saudação de um soldado, o brilho fugaz de uma vida.
Um fardo ensanguentado, um caminho sem rumo, uma opção sem razão.
Sonhos impossíveis viram a realidade do avesso.
A realidade do avesso vira sonhos possíveis.
O impossível é a mentira perdida na verdade, é o gole sem gosto, a opinião sem razão, a briga sem motivo, o relógio sem ponteiro. Faça.
O mundo mudou, a guerra mudou. A razão se perdeu em uma esquina, eu me perdi em uma taça de um vinho barato.
O mundo mudou, meu mundo mudou. Pessoas se foram, amores se quebraram, me quebrou; o néctar não tem gosto, o vírus se propagou.
O mundo mudou, o roteiro mudou, sob nova direção.
Atuação de mentira, holofotes apagados, cortinas rasgadas. Um teatro vazio.
Uma música perfeita, com uma sintonia estreita. Um teatro lotado.
Uma máquina em ação, palavras sem razão, objetivo incerto.
Palavras sem razão.
Razão sem discussão.
Discussão sem palavras.
Um ciclo retardado.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Contradição Repetida

Como qualquer outro dia comum.
Andando apenas em pisos falsos, nos quais me perco completamente. Esses corredores tortos, essas pessoas por aí. Pretenda por um momento estar feliz, imagine por um dia estar bem, não é assim que desejas ficar para sempre?
Como todas as vagas desilusões passam pela rua, acenando. Como todas as gotas da chuva molham as silhuetas com sua forma. Como todos os gigantes pilares tem seu rosto, como todos os rádios tem sua voz. Como todo mundo fala você, como sempre ouço os sussurros de seu nome; súbitos. Os dias são negros, e as nuvens são sempre cinzas. O céu já não é mais azul, a aurora se quebrou e partiu. Estou procurando o cais da vida a muito tempo. Não encontro aonde soltar a âncora deste barco, não encontro aonde aterrissar minha mente. O nascer do dia decide quem eu sou, no cair da noite dorme o meu sonho absoluto. Entre essas agoniantes quatro paredes ecoam meus gritos, entre os espelhos percorrem minha face, e entre os cacos correm meus pensamentos.
Como tiro esses pesos de minhas costas? Como me livro do peso dessa solidão? Da escória dessa culpa? O silêncio das pedras batendo nas janelas, a barulhenta chuva caindo ao chão. O lúgubre gradiente do amanhã, que esvaece no horizonte, me deixando só.
Ouça as gotas, os gritos, o fim, o além.
O passado me faz companhia, e o futuro me deixa só.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Tempo Turvo

Em tempos como este
Meu copo esta vazio
Meu chão esta sujo
E eu passo frio

A solidez da solidão
O freguês impaciente
Os riscos no metal
Encravados na minha mente
O meu pranto molhado
Pesa com todo o meu ser
Os riscos chuviscando
Ofuscando o meu dever

Procrastinação
Inércia em ação
Parado no chão
Apagando sem razão

Os traços insuficientes
Das memórias insolentes
Que paga visita em meu ser
Sustentando o meu querer

A razão inusitada
De notas apagadas
De vitórias escapadas
Da história escalpelada
Pela faca afiada

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Milonga Mentirosa

No que isso ajuda?
O que isso me traz?
Só procuro por paz, paz..
Indecisões precisas.
Precisamente indecisas.
Esses caminhos que me cercam..

Exagero do viver.
Soltando por lágrimas,
o peso do meu ser.

Eternamente desabando,
rumo ao profundo.
Sanidade esgotando.

Viver sentindo demais,
viver sendo capaz;
viver esperando no cais,
o barco que levais,
para dentro dessa paz.

A paz se anula,
com a mentira que pendura.
Pendura na gravura,
gravura falsa da vida.

O que sai do impossível,
é feito do acreditar.
Provêm de todo ser,
querer ser, e estar.

Capaz de desabar,
capas de cair,
capaz de escalar
a montanha do azar.

No pico da vida,
onde nuvens são falsas.
Onde o ar não existe,
o infinito se desfaz

E nesse barco que estou,
nessa inércia assustadora!
Inércia maldita,
que me deixa nesse cais.

O choro vem de repente,
subitamente o choro sente,
por um triz a gente mente,
querendo servir quente,
a mentira que verdades traz.

A mentira impetuosa,
que chega sem avisar.
A mentira que ataca,
ataca o bem-estar.
E quando menos se quer,
quando menos se tenta.
Tentamos duvidar,
da mentira fraudulenta.

Não dá pra acreditar,
no que eu me tornei,
nas lágrimas que chorei,
nos gritos que dei.
Nas vitórias derrotadas,
nos esforços esgotados,
nas crenças enterradas,
no sangue derramado.
Por pessoas inválidas,
estúpidas e enganadas.

O irreal me atacou,
o meu destino me traiu.
O passado admitiu,
que voltara por vingança.

Adeus a essa terra,
e a tudo o que dança.
Pois meu ser pede,
clama por vingança!

Notas Mortais

Só.
Rascunhos e tintas postos sobre a mesa. A chuva cai, exonerando as impurezas que pesam em mim. O fogo que aquece a minha alma agora é cego. Olho para cima, vejo o eterno vácuo lagrimejando e soluçando. Nesse canto escuro, os vultos me atormentam e fazem horripilantes expressões em suas máscaras de metal, momentaneamente voando pelo negro e irrespirável ar que mata meus pulmões, e drena minha sanidade. Oh, mundo. Oh vida. Ouça as fúnebres melodias volitando pela solidão que cerca o meu ser. A figura negra, corrompida e desfigurada que sorri para mim, no outro canto da rua. O caminho a minha frente esvaece a cada passo que tomo, em direção do que, para mim, aparenta ser verdade. Ouço os passos perturbantes me seguindo. Foco na sombra, e identifico a Morte atrás de mim, tocando sua doce harpa que me faz lúcido. Essas luzes no horizonte, foscas pela água do céu; essas tristes e assustadas faces, voando pelo além. Hoje fui a vítima, hoje vivo. Porém hoje estou só.
Só.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Turva Solidão

Vitória
Vitória da vida
Agora
Viva

Vivendo o grito
Distante
Arbítrio
Errante

Vivendo o ser
O amar
O ver
O mar
O querer
Do poder
O falhar
O viver

Venceu o caminho
Atacou a pedra
Pra longe de si
Agora não quebra

Travou as brigas
Entrou em cavernas
Memórias antigas
Venceu todas elas

Agora sentado em seu trono
Vivendo feliz para sempre
Existe uma batalha
Que ainda assola sua mente

A batalha do luto
A batalha do amor
A batalha infeliz
A batalha do rancor

Intrépido suspiro
Poderosas bigornas
Que caem do céu
Como espinhos d'uma rosa

Sua cabeça agora pesa
Ponderando o além
Sua mente agora cansa,
o passado agora canta
O mate que faz bem

Turva solidão
Distante abrigo
Distraída salvação
Game over, meu amigo.

Presságio Angustiante

Grande, forte. Você esta sempre lá, esta sempre lá. Te vejo a cada vez que passo por aqui, a cada vez que passo por aqui sinto saudades. Cadê seus abraços, cadê sua presença, cadê suas palavras confortantes, seus braços quentes me envolvendo, cadê minha esperança? Pois é, acho que finalmente a vida ganhou de mim. O mundo me ataca, a terra já me puxando para baixo, e as consequências agora movem-se.
Imagino meus sonhos, quebro meu destino, duvido da sorte, ataco a solidão. Provoco a tristeza, mato a felicidade, amasso o rascunho, bloqueio o caminho. Você poderia me responder, você poderia aparecer por aqui. Minha cabeça pesa, e as saudades de você também. Tão próximos, mas tão distantes. Como posso nunca encontrar você por aí? Seus sorrisos voam pela minha mente, seus olhares pulam pelas ruas, e a lua sempre me fala que você esta bem. Já sinto falta dos seus conselhos, das mãos que me curam, do abraço que me traz o calor que revive e limpa o ar para minha alma poder respirar. Toda vez que ando por essas ruas, olho para a sua janela, e me pergunto se você esta bem.
A vida não esta fácil, e as peças não param de tombar. Ouço ocasionalmente o ecoar dos passos da dúvida me perseguindo pelas ruas na metrópole, onde as luzes mudam de cor e as pessoas sonham grande. Onde o desespero anda ao meu lado, e o medo corre solto pelas minhas veias. Onde as idéias clamam suicídio, e o tabaco traz paz. Nas lúcidas luzes piscantes, na revira-volta dos passos, nas audíveis explosões de preocupação, e as reconhecíveis imagens suas planando sobre o céu de minha mente.
Isso tudo pesa em minhas mãos, quando de repente a pedra cai sobre a linha da sanidade.
Ansiedade e desespero, presságio da derrota.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Lamento Vazio

Eu devia começar a aceitar a vida do jeito que ela é.
Eu poderia parar de olhar para estas fotos, eu poderia.
Eu poderia parar de mentir para os espelhos, para os relógios. Eu poderia.
Eu poderia me esforçar mais, eu poderia ir atrás; a pé, mas eu irei.
Eu garanto que um dia ainda vou olhar nos olhos que consertaram a minha alma, que ainda vou abraçar a figura que assola a minha mente, que entra sem permissão. Ir atrás do sonho que aparenta impossível, do sonho que me consome. A cidade vira seu rosto, o meu pensamento se infesta de você, as minhas mãos agora trêmulas, o meu suor agora escorre, a solidão agora grita.
Não, não caia. Levante! Surja! Cresça, faça! Está lá, pegue-o! Vamos vamos! O tempo me empurra, o meu fardo agora se faz pesado. As suaves batidas nas teclas do piano são audíveis; a música, reconhecível. Memórias agora rodeiam o local em que me encontro. O súbito choro, a súbita realidade, cai sobre mim. A esperança faz as malas, o passado bate na porta.
Apenas por um momento, eu pude sentir a felicidade. Eu pude sentir o real me tocar, eu pude sentir o sangue fluir, o coração bater, a mente pensar; por você. Como o feixe de luz que me fez acordar, como o frio das sombras que se fez sentir, como o triste viveu feliz para sempre.
Agora, o que era vivo, foi-se. Vejo ali a vida escrevendo meu nome na lápide, enquanto ando por esses frios lugares, onde a terra não se sente, onde as nuvens são de metal, onde as pontes não existem, onde os trens descarrilham.
Maçanetas invisíveis do tempo; portas abertas do passado.

Tentação Súbita

Uma conversa que não ia a lugar nenhum, foi quando você surgiu. Sentou-se ao meu lado, e me alegrou só de estar presente ali comigo. Foi no primeiro olhar, nas primeiras palavras que eu pude perceber que aquele momento era precioso; guardei-o na minha biblioteca mental.
Nunca pôde ver meus sinais? Nunca pode ver meus olhares? Os olhares que eu trocava contigo?
Causa perdida. Duvidosamente me atirei na correnteza, esperando poder nadar contra ela. Foi nos esforços de meus braços batendo contra a água, que eu vi sua mão se estendendo para me ajudar. Foi daí que percebi que eu poderia ter conseguido realizar o que eu achei que sempre daria certo. A vida não é o que eu esperava.
Eu pude ver você sumindo pela névoa que rodeava os céus, me impedindo de vê-los. A tempestade veio, e eu esperando por você. Eu via os trovões acertando os animais, eu ouvia os gritos misericordiosos pedindo ajuda, eu ouvia os troncos caindo, o inferno subindo; eu ouvia o além.
Depois do coma você ainda volta para me visitar, me dando flores e chocolates, como se a tempestade já tivesse passado. Não passou.

sábado, 5 de outubro de 2013

Chuva Viva

Caindo no vazio; alto.
Ali no fundo descansa a luz que me salva. Salvaria. Salvará.
Ouça a chuva caindo, o grito súbito.
Lençóis, despido, direita trêmula. Convulsão.
Água em seu rosto, pare. Não, emergência.
Corra, o tempo cai sobre meus ombros; sobre meu tempo cai o tempo. Cheguei, sentei. Amigo ao lado, tia a frente. Esperar, esperar, esperar.. Internado.
Chuva, chuva chuva; dia negro.

(Como vim parar aqui? Aonde estou? Escadas e escadas, portas e portas. A Silhueta Negra me persegue, corra! Entre aqui, entre aqui, suba aqui! Correr, correr! Corredores e mais corredores! Tenho filhos, tenho esposa, tenho vida, não desista de lutar! Oh não.. oh não! Me poupe! Veja meus problemas! Veja minha sabedoria, observe minha ampulheta! Não mereço isso. Não merecemos isso, não quero isso! Não é assim que acaba!)

Pesadelo, fome, vista turva e negra da silhueta na porta do quarto, que trás más notícias.
Chuva, família, amigos. Cadê meu adeus?
Se foi, acabou. Estou sozinho. Alguém.. quem? inofensivo, burro, inválido, apagado, sem sentido, vulgar, chulo, dramático, depressivo, despedaçado, idiota, sem valor, estúpido, sem cor.
Pra onde vou, quem me guia? Aonde estou, é real?
Lutar, que forças? Vencer, que guerra?
Tchau, adiante funeral.
Choro, segurar o nosso.
Imagem fria, imóvel... agora pintada em minha mente.
Céu; sua crença, não? Chova..
Cade você? Aonde vou, como te encontro?
Chova, chuva minha.
Chova, chuva viva.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A Vislumbre Mentira

Impossível, o impossível me abateu. Lembro-me de andar pela ponte que me levava ao meu destino, e que ao lado dessa ponte estava, por um tempo, o objetivo do meu coração. Lembro de esperar meu vício chegar enquanto encostava na cerca me deparando com figuras desconhecidas -algumas medonhas- que passavam ao meu lado; iam e voltavam, iam e voltavam. Ficando ali naquele lugar me fazia refletir sobre as engrenagens que giram a roda do tempo, sobre as mãos que movem a vida, sobre as pernas que caminham o mundo; tudo corria pela minha mente pra frente e pra trás, atrás de um cigarro. Ali, os braços do tempo já quebravam a hora, os braços que faziam eu me mover, momentaneamente. Degraus e mais degraus, suor e mais suor, tudo dentro d'uma camisa do Megadeth e d'uma jaqueta de couro. Incrível como eram os sentimentos que me despertavam na realidade, sentimentos bons e seguros. Foi em um piscar de olhos em que eu consegui desatar o nó que você tinha atrás da cabeça, e então, pude ver sua máscara cair aos meus pés; e você momentaneamente esfaqueando meu coração. Momentaneamente o gradiente da vida me leva para longe de mim. Momentaneamente.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Luzes Verdes

A foto de duas faces, que atormenta minhas memórias a cada vez que me deparo com esta fotografia mental.
O tormento que me trás lembrar dessas coisas irreais; pior que me desce involuntariamente à cabeça.
Por que tudo fica tão falso quando se quer ser feliz?
Por que que tudo é tão profano quando se quer acreditar?
Por que tudo é tão suicida quando tentamos salvar, ou por que tudo é tão triste quando tentamos pintar?
Por que as tintas das canetas são brancas quando vamos escrever?
Por que o fogo falha ao tentarmos acender a tocha que alimenta o nosso ser? Ser!
Por que tudo é tão morto quando queremos viver, ou por que tudo foge quando tentamos confiar?
Não aguento mais viver lembrando de tudo o que passou, não aguento mais tentar voltar no tempo para consertar e mudar as palavras, as ditas palavras que deram um fim a razão. Não ouço mais os pássaros cantarem de manhã, não ouço mais os sapatos dançarem pelas ruas, não ouço mais as vozes cantarem pelos bares, nem as garrafas derramarem o seu néctar em um copo barato qualquer, em uma mesa d'um bar qualquer, com rabiscos e insetos qualquer. Tudo que eu ouço é o passado voando a minha volta, com vagas imagens dela sentada ao meu lado, olhando para mim com seu olhar penetrante e profundo, com seus lábios carnudos, com um batom vermelho; oh, que perfeição! Enquanto seus dedos entrelaçados com os dedos meus fazem movimentos suaves e leves, acariciando as costas da minha mão. Enquanto minha cabeça pesada descansa sobre a sua coxa que massageia, me fazendo relaxar. Enquanto meus olhos estão de encontro aos dela. Enquanto tudo acaba com a chuva gelada que cai sobre o meu rosto, e confunde minhas lágrimas; enquanto o poste na esquina joga minha sombra ao chão, pondero, me deparo com a tristeza me fazendo companhia, me oferecendo o mate amargo. E as roupas molhadas, e o meu pranto, e o vazio pesa em mim, enquanto eu junto forças para levantar, e sair daquele lugar, onde o ar pesa para respirar, onde a solidão já se faz presente. Adeus ao céu cerúleo.