quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Lindo Incêndio

Ouço o calmo
E relaxante
Motor
Do ventilador
Do meu quarto

Mas ele não acalma
A guerra que eu travo
Na minha cabeça
Quando eu abro minha gaveta
E você está alí
Ou quando durmo
E penso em ti
Ou quando eu bebo
E você me dá um gole
E quando eu lembro
Daquele champanhe

Sim
É você mesmo
E você sabe
Muito
Bem

Mas você não sabe
Como me colocou
Contra mim
E eu nem sei
Se um dia
Eu quero te ver
Nosso romance de doze linhas
Durou apenas
Três letras
Três meses
S
  O
   e N

Doce setembro
Que sai da terra
Viajei nas estrelas
Cessei todas as guerras

Perfeito outubro
Que viajei nas estrelas
Ardentes e belas
Dos teus olhos infinitos

Macabro novembro
Que cai de tão alto
Afundei tão baixo
Que cheguei no inferno
Talvez astral
Mas com certeza
Mental

Garden

Eu não quero sair de casa
Eu não quero ficar parado
Eu só quero abrir minhas asas
Voar por aí despreocupado
Planar pelos ares sem esse fardo
Que eu carrego
De um passado
Que não tem
Fim

Do mesmo lugar eu saio
No mesmo lugar eu caio
Se vôo, acabo que falho

Multidões entre a gente
A gente entre multidões
Só mais um rosto
Só mais um gosto
Entre todas as nações

O escuro do quarto
Me enegrece e me abraça
Me envolve e me lassa
Com a chuva destes rios
Tão castanhos

Solidão não se define
De solidão e esquecimento
Sentimos tudo aqui dentro
E nenhuma palavra mais, sai

Um dia eu fui amor
Outro dia eu fui paixão
Hoje eu sou ninguém
Não me restou nem coração
Apenas pedaços de uma rosa
Que hoje só me dá espinhos
Cresce feliz o meu jardim

Mas foi-se embora
O meu
Adubo

Social

Tanto faz
Se algo der
Errado

Se todo mundo
Me quer
Assim
Eu apenas sou
Quem eu
Quero ser

Ou o cabelo é longo
Ou o ego é curto
Mas quando se volta pro sentir
E quando o prazer, está em questão
Todo mundo
Abaixa a mão

Porque que
É tão difícil
Ser você mesmo?
Porque que
É tão complicado
Viver por
Si mesmo?

É...

Todo mundo tem seus defeitos
Mas todos que
Copiam defeitos
São malfeitos
Dá própria
Convivência

Não vivem
Não falam
E não sentem
Por si

São estereótipos
Prontos
Para derrubar
Qualquer outra
Diferença assimilada
Em cada viver
De cada cidade
De cada nação
De cada coração

O padrão é o novo
Você
E ainda
Deixamos
Isso
Acontecer

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Intervenção Divina

O que será
Que é
Deus?

O que será
Que ele
Age?
Ou ela
age

Foi Deus que
Colocou o
Presidente pra morrer
Ou foi Deus que
Colocou a
Ideia de assassinato
Na cabeça
Do assassino?

Foi Deus quem não deu
A doença
Pro embaixador
Morrer na palestra
Ou foi Deus
Quem colocou.o armeiro
Pro suspeito
Comprar sua nove milímetros?

Foi Deus quem
Levou meu pai
Com câncer
Ou foi Deus quem
Colocou isso
Na nossa árvore
Geneologica?

Foi Deus quem
Tirou o direito
Daquela criança
Na África
De etnia afrodescendente
De comer
Ou foi Deus
Quem colocou
Aqueles mercenários
Trabalhando
Pelo diamante de
Sangue?

Ou foi Deus
Ou é Deus

Ou por Deus
Ou meu Deus

Ou em Deus
Ou de Deus

Mas nunca
De
você


quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Onda Poética

outro dia eu
escrevia sobre
amar

hoje eu escrevo
sobre o mar

Como flutuo
Nesses átomos

a vida parece tão superficial
sem você aqui

Ouço a chuva cair
E ouço a chuva molhar
Ouço a chuva sair
Pra dentro desse mar

Ela vem pra limpar
E pra me lembrar
De que um dia
Ela teve
Vida

Ela esteve lá
Quando minha língua se pôs
A dançar
Com a tua

Talvez não era pra ser
E talvez
Só talvez
Eu ainda esteja vivo

Até ontem
Eu era meu inimigo

Mas hoje
Sou meu pior castigo

Sou o que
Me tornei
E o que cultivei

Não nasce nada
Só morrem flores
Que brotam espinhos
Que provocam dores
Sem néctar
Sem pólen
Só horrores

Tu rima
Tão bem
Comigo

Mas a distância
Nos guarda
Nos mantém

Talvez um dia
Eu entenda
Também

Mas por enquanto
Não vivo sem
Alguém
Como você

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Sonho Póstumo

é...
a saudade toca
bem na ferida
  e quando toca
ai ai...

mas quando
a saudade morre
puta merda
que alívio que é
me deleitar em teus braços
curtir teus abraços
nessa cama que antes era
tão
Grande

mas pena que
logo depois
  eu acordei

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Notas do Coração

ando procurando abraços como um que já tive antes
Vago por aí em vagos sentidos e vastos abrigos e vários sentimentos

tudo pode estar
Aonde eu não quero procurar

tudo pode ser
Aonde eu quero viver

nada me conforta
Se não estiver em meus planos
  que levo comigo na teimosia
E quando os perco, choro em prantos

Eu queria viver como quero
Mas a vida não funciona assim
Ah, se funcionasse do nosso jeito...
Acho que ninguém saberia o que é egoísmo
Porque todo mundo o viveria

Talvez sejamos protagonistas do nosso próprio universo
Mas como dou a entender isso pra outros coadjuvantes?
É, se fosse isso, eles fariam um filme dentro do meu

meu roteiro, eu não consigo escrever
Minha vida, eu não consigo viver

pro céu, eu não consigo olhar
Senão eu vejo o teu rosto, e me ponho
A chorar

por qualquer dúvida que exista
Não ouse duvidar
de que, no nosso banco
Sempre vou estar
E sentar
E admirar o que temos ali
Porque se um dia
Você voltar
Nada vai ter mudado
Tudo estará no seu eixo
Tudo estará concordado
Mas acho que você
Já foi sentar
Debaixo da árvore
De outro alguém

Dói só de pensar
Mas é a vida, temos que aceitar

Como aceitamos tragédias
Acidentes
Tristeza
E pesar

Não posso te prender a mim
E não consigo me desprender de ti
Talvez é só questão de tempo
Até que eu aprenda
A não
Me importar

Ou é nunca
Ou é sempre

Mas nunca
O sempre
Se vai

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Cheiro de Luz

penso nos dias que virão
penso nas ondas que surfei
penso nas noites que chorei
chorei, chorei...

penso na chuva que me molhou
como ela levou pra longe
tudo o que hoje eu sou
não sou, eu sou...

penso em ti agora
penso que por ti lutei
ainda fico aqui, e faço hora
num cubículo que eu me aprisionei

descasco o meu coração
te entrego a minha essência
mas esse toque quente foi em vão
hoje peço por clemência

clemência de quando me exaltei
clemência de quando te segurei
e não consegui soltar nem
mesmo por um
segundo

pois quando faros solitários
presos em suas paredes de aço
esperam pela colônia tão certa
Uma hora se encontram
em momentos tão errados

Assim termino
Se ser quem eu sou

domingo, 27 de novembro de 2016

Felicidade Temporária

Afastei-me do meu lazer
Exaustei-me por completo
Numa luta que eu nunca ganhei
De novo
Recebo de volta
Em cacos
A esperança que
Um dia eu tive

Vi-me tão feliz
Eu tinha tudo o que eu precisava
Meus remédios ganharam vida
Mas eu não fui
O único que
Os tomou

Eu aceitei queimar tudo
Que eu podia
Para arder esse fogo
No meio de tanto frio
No meio de tanta chuva
O guarda chuva me molhou
De paz
A fogueira me acolheu
De felicidade
Mas já tava bom demais
Pra ser verdade

Agora carrego esse fardo
E volto pra casa sozinho
Exausto e cansado por ter
Me esforçado
E batalhado
Numa guerra
Como eu nunca baralhei antes

Dei-me mais do que eu podia

O arco-íris no final dessa tempestade
Veio com trovão

E mais uma vez
Encontro-me
Sozinho

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Sol Invernal

Notas quebradas tocam o som de
Uma melodia distante
Ecos agudos soam gravemente
Como uma aberração irritante

Não há mais para onde fugir
Não há mais como se esconder
Chovem cacos e
estes são vermelhos

angustiadas noites claras
bagunças que não foram resolvidas
o futuro não se decide
  Aonde ele vai começar
É aonde tudo isso termina

Pessimismo em simples fluxos
Me atordoam sem viver
Só quero uma vida livre
De todo esse prender

Perdi histórias que
Nunca pude
Terminar
Pelo simples fato
De eu me importar

Se apareço, incomodo
Se sumo, me desloco
Se me escondo, estou fugindo
Se cuido, eu sufoco

Se gosto, eu acredito
Mas se luto, eu sou fraco
Se tento, é porque quero
Mas confuso, eu perco o foco

Se eu agarro, é porque vale
Se eu fico, é porque quero
Se me arrisco, é porque amo
E se eu levanto, depois da queda, é
Porque
Consegue
Me fazer
Ver o arco-íris
Depois de tanta
Chuva

superficial
tudo é tão bobo
tudo é tão perfeito
Que chega
a ser
  triste

no outro dia, tomei
  meus remédios

no outro dia,
me dediquei ao
futuro

no outro dia
me achei
  na névoa

no outro dia
eu pude ver
no escuro
  um leve brilho
de luz

no mesmo dia
senti calor
e no mesmo dia
senti frio

Gelo que queima
Fogo que alivia
Todo pesar que eu carrego
Desse fardo tão molhado

E foi-se
E volta
E vai
E volta
E vai

E foi

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

céu aberto

sabe quando você
olha para o céu
e busca a luz do sol?
e sabe quando
aquelas nuvens cinzas
fecham o caminho e
simplesmente
cospem em você?

forte e
mais forte e
mais forte e
mais
forte

ela faz você fugir
faz você desistir do calor
mas eu
sou uma das pessoas
que continua com a cabeça erguida
e espera pelo calor
desse sol


só que eu mereço mesmo
a porra de uma tempestade?

Hora Marcada

entenda, meu amor
não quero me sentir demais
quero me sentir necessário

me encontro no seu toque
me perco no seu olhar
me acho no teu corpo inteiro
me afogo nesse teu mar

só você entende o que eu sou
só você sabe quem eu sou
só você que eu dei a liberdade
de percorrer todo meu museu
e você, com sua bandeira
o proclamou

entre galáxias e universos
entre mares e terras distantes
entre anos e séculos vagantes
sinto-me a pessoa mais sortuda
de partilhar esse mesmo universo
essa mesma data
esse mesmo relógio
com alguém
como
você

clamo por abraço quando
o que preciso se faz ausente

as vezes qualquer braço dá
mas sempre é só o seu
que me traz de volta

À Tinta

Talvez a tristeza seja um mal necessário. Talvez seja um ciclo mandatório da vida. Assim como não existe arco-íris sem chuva, não existe felicidade sem tristeza. Por mais árduo que seja aceitar o final, por mais foda que seja viver o que talvez tenha acabado, na sua própria casa.
É como se eu fosse o monstro, e ela, a heroína que veio me matar no meu lar. Por mais que as cortinas ainda fazem o mesmo movimento que fazem quando eu estava com ela, deitado com minhas mãos nos seus cabelos.

Talvez eu seja a pessoa certa na hora errada, mas ponteiros podem ser ajustados; sentimentos não.
Compreenda que eu quero sua liberdade, independente da situação; mas que eu não quero a liberdade, se eu estiver sozinho com ela.

O remédio perdeu o efeito, o cigarro já nem é mais tão importante, mas de vez em quando ele me visita. E o álcool? Bem, ele se coloca nas minhas bebidas; as vezes por acidente.
Eu joguei quase tudo pra trás por uma droga que se esgotou por mim. Por mais que eu tenha tentado manter a dose certa e, por mais que ela tenha tentado me medicar nas horas certas, talvez, eu abusei por ter amado seus efeitos.

O futuro é um caminho longo a se correr; quebrado e longo. Tal sentimento que tenho por ela não é coisa pra se jogar fora, pra deixar perdido no tempo. Talvez eu tenha nascido pra ser cicatriz, mas... Quem é que vai me ajudar a cicatrizar igual ela o fez?

Ela é aquela chuva que chove quando meu mundo está em chamas.
Ela é a lenhadora que mata a sede do meu fogo tão instável.
Ela é a minha melhor amiga, o meu uísque engarrafado.
Ela é minha companheira, minha aliada; ela pegou na minha mão e disse que éramos nós dois contra o mundo.
E eu?

Eu fui a ordem no seu mundo caótico.
Eu fui o calor nas suas horas mais frias.
Eu fui o abismo que gritou a resposta de volta para ela.
Eu fui o homem que a envolveu pra dormir.
Eu fui o nome mais bonito que ela pronunciou.
Ou eu serei?

Ou eu sou?

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Tenho tudo; você não quer nada

Tenho meus copos
Tenho minhas máscaras
Mas qual é o propósito
Se não revelo
Minhas caras?

Talvez seja essa a razão
Máscaras que escondem a
Sensação
Mas quer máscaras que provem
Quem eu ainda tenho
Coração

Meu nível de sensatez
Minha jaula de solidão
Me trancam em uma sala
Que faz jus a essa prisão

Por mais que eu odeie aceitar
Por mais que eu queira gritar
Tenho medo de borrar
A tinta dessa canção
Que eu escrevi
Com tanta atenção

Sinto que minha história
Não faz sentido nesse mundo
Que minha tinta
Não borra esse sentido
Taciturno
Enquanto contemplo
Templos e esquinas
Penso em você
Em cada avenida

Nunca vou prender
Sempre vou amar
E talvez seja essa a canção
Que nunca vai curar

A ferida que nunca vai se abrir
É a mesa que eu nunca vou jantar
Porque me orgulho com aquela
Que me traz a sensação
De simplesmente
Sentir

Teu toque é distante
Teus lábios
Desejantes
Seu abraço
Bem longe
Me faz delirar
Anseiar
Pela sua presença

Porque que eu
Ainda tenho que ser
Seu
Segredinho?

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Nobis

lamento, nessa hora
pelo Amor que
sinto aqui

Sentimentos diversos
que se juntam e
formam Uma nova só
Sensação


desespero na Hora de
Tragar o Cigarro e
sentir o coração
bater errado

ansiedade que Não Se toca mais
erros Constantes de caligrafia
pois essa Vaga mente
Ocupada e preocupada com O
que há de vir
procura no escuro
Um começo em Cada lugar

Tenho Medo Do futuro



mas não do que ele Vai me trazer
nem do Que ele vai me Fazer
mas do Que ele pode ser
Será que aquele Cheiro
será que Aquele toque
quer reciprocidade nas suas aparições?

ou Devo me afastar e Me
extravasar em outras Direções?


aliás

porque que o cigarro
não tem seu gosto?
ou a bebida
tem seu álcool?
a resposta deita sobre meu peito
a resposta descansa no óbvio
o óbvio que todo mundo sabe
e que todo mundo


um vício que alivia minhas dores
uma droga que corrigi meus erros
que me levanta
que me conforta
que me faz voar
alto
nas nuvens

em pleno planar
sob efeito desse
calor

em alto relevo
ela sente
meu único quadro

com o toque
tão suave
que corre
pelo meu
corpo
Inteiro

estremece meu coração
vibra a minha emoção
ameniza a ansiedade
inibe todos os medos
bloqueia toda a preocupação
apenas
com o teu
toque

calmaria que ela traz
desnorteia com teus lábios
me ilumina com teus olhos
me dança com teu corpo
me instiga com tua voz
a ter mais
a tomar mais
dessa droga
a morder mais
dessa fruta

e como vinho
bebo-a
devagar
para que nenhum pingo sequer
caia fora dessa reluzente taça
esplêndidas noites
que passamos com
copos e piteiras
como distrações
mas mesmo
o que me saciava
era teu doce
leve
calmo
brisante
alucinante
presença

cada detalhe em seu museu
cada episódio que nós tivemos
nossa intimidade com
nosso calor com
nossa vontade
de nós

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Saudades Póstumas

se o meu leito
de morte
não for eterno
não quero morrer nunca
  porque mesmo em outra vida
continuarei
com saudades
de você

E dos seus beijos
E do seu calor
E dos seus olhos
E da sua pele
E do seu sorriso
E do seu cabelo
E do seu cheiro
E do seu abraço
E do seu amor
E do seu toque
E das suas covinhas
E de você
por inteira

Metades

E como todas as noites, quentes com seus lençóis e frias com suas solidões.
Cigarros apagados contam minutos em décadas, e os olhos lacrimejam com a insônia que se jaz aqui.
Minha mente oscila entre planos de dormência e vida.
Coloco à mão sobre o peito e sinto meu coração bater e, por um momento, sou real.
A janela trincada mostra o mundo respirando do lado de fora daqui, dessa casa tão familiar, com as almas dos entes queridos ainda cantando e dançando pela sala. Bato palmas de leve para ver como é sentir a sensação da realidade.

O sol ainda
Raia teu olhar
Enquanto nasce no teu
Próprio ritmo e
Em teu horizonte tão
Belo

Essa cama fica maior sem você aqui, e eu nunca gostei de lugares grandes. Estranha e desconfortável sensação de esticar as mãos e não te encontrar. Dolorido é adormecer sem o teu suspiro.

Frias noites
Sem seu toque
É sinônimo de
Tortura
Para minha
Alma

Quebra cabeça que
Se monta sozinho
Com cada peça em seu devido lugar
Teu beijo me vicia mais do que
Qualquer droga
Teu abraço me esquenta demais
Teu toque me conforta
E tira
Meus medos e
Afasta o
Temporal

Quando chove
Tua chuva
Que me esquenta
E me sacode
Me estremece

Acordar do seu lado
Olhar você dormir
Qualquer coisa contigo
É privilégio para mim

Minha vida não passa de roteiro sem a tua direção

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Voando Alto

e ela
me faz real
quando me encontro
voando
alto


e ela
me dá sentido
e dá sentido
quando eu saio
daqui
e me encontro
voando
alto


e nós
quando juntos
aquele toque
e aquele calor
único
afasta todos
os medos
e toda a culpa
e tudo


e existimos, apenas
eu e você
você e eu
em um zelo
tão quente
quando nossas almas
se intercalam
e dançam
em outro plano
e dançam
tão bem como nossa química
tão quente como nosso beijo


quando me encontro
voando
alto
e consigo me
encontrar novamente
restabelecer minha alma
quando sinto o teu cheiro
e corro meus dedos pelo
teu rosto
e sinto tua pele na
ponta dos meus dedos
e sinto teus lábios e
tua respiração tão sua
e penso no teu sorriso
e lembro dos teus olhos
e anseio pelo teu abraço
e enlouqueço com essa saudade

e você me traz de volta
e você me dá sentido
quando me encontro
voando
alto

domingo, 18 de setembro de 2016

sonho viridis

agora
gotas caem
no eterno vazio
que se formava

agora chove
nas rosas
que nunca desabrocharam

chove vida


agora parece
que meu coração
bate de novo
e também
que vive
e respira
nessa jaula


e então
estas janelas verdes
reluzentes
iluminaram o caminho
nessa noite tão fria

esse sorriso tão ardente
aquela voz tão alucinante
aquele jeito tão único
e as pequenas curvas que formavam
quando teu sorriso se abria

o calor daquele abraço
o acalento daqueles braços
me envolveram e me
confortaram

o jeito que você acaricia minha mão
com nossos dedos; entrelaçados
fazendo movimentos circulares
com o seu polegar

o jeito que me entende
que me abraçou para
que eu pudesse
me sentir seguro

o jeito como mordisca meu lábio
o jeito como nossas línguas dançam
como em um baile tão charmoso
sob a luz do luar
em um local aberto
com passos leves
e tanto calor

ah, seu calor


seu

terça-feira, 13 de setembro de 2016

recensere

prefiro
de vez em quando
um lugar diferente

sem os mesmos lugares
sem os mesmos cheiros
sem a mesma rotina

sem fazer nada
Me canso da
vida que há por vir
me esqueço da vida que Passou

tem noites e
Fotografias que
Dão sede de
um outro lugar
Onde o mundo inteiro
parece respirar

Jas sonhos que nunca foram
capazes de viver
nem nascer
  nasceram

me aquieta a noite turva
com pensamentos e impressões
de males
corruptos e incolores
que distraem meus sonhos
   e a vontade de
  um novo lar
  um novo lugar
  me corrói
Me dá vontade de
  chorar
  Mas ainda assim
       Vivo
   mesmo que pareça em vão
pelas ruas que me foram escritas
pelos becos sombrios

E nessa cama com
Os mesmos lençóis
Todo o dia
Ainda não me
Trazem acalento

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Póstumo

Quando o sino bater
Por minha bomba se congelar
Não quero medo nem luto
Quero poder sempre
Sonhar

Porque uma nota triste se toca
E dela ainda, se pode cantar
Que minha calada desventura
Ausenta meu fogo deste mundo
Que eu saia daqui
Sem deixar meu ser imundo

Quando as cortinas se fecharem
Levarei só alegria
Apenas sorrisos não farpados
Apenas becos iluminados

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Semblante Gradiente

Somos todos atores
Vestindo flores
Que disfarçam dores

Sorriso branco
Na porcelana que se veste
Nesse rosto
Que a cada dia
Só entristece

Transações de humores
Do dia a dia
Aliciando espinhos
De rosas que cheiravam
Algum dia
Porque desgastam-se
Fecham-se
Pra depois terem que se
Abrir
Porque cada barra dessa jaula
Faz muitas lágrimas
Sucumbir

Lutaremos
Por isso lutar
Iremos
Pelos dias que virão
E pelos perfumes
Que ainda vão vir
Que vão expelir
De cada flor que
Plantamos
Nesse nosso
Belo jardim

Semblantes
Gradientes que
Horas se escondem
Horas se fazem
Presentes

Lado Bom

Me sinto bem
Quando penso em
Você

Você me dá razão
Para
Continuar

Temporal

As mãos do tempo
São cruéis
Agora

O futuro se
Desfaz
Na hora

Tudo que parece
Ser
Nunca foi

Me preocupo
Com o que o
Passado
Pode trazer a tona

Choro que ecoa
Pelos corredores
Desse labirinto
De carne

Dores que existem
Para me fazer ansiar
Pelo que pode vir
Dores que me dão
Medo do futuro
Que eu posso estar
A carregar

Os cobertores são gelados
Os cobertores são frios
Os cobertores não me esquentam
Os cobertores são rios
De solidão
Dos desejos
De calor
Temperatura do amor
Jas ausente aqui

Grito é sonho
Mas o caminho ainda é turvo
Quando canto paz
As pedras começam a voar

Tudo parece tão triste...
Tudo parece cair
Ouço gritos de desespero
Daqueles que se perderam no abismo
Olhos grudados nessas telas brilhantes
Trocando intelecto por conexões vibrantes
Eu apenas vejo o cinza
Das ruas
O branco do céu
E o preto
Do semáforo
Dizendo que tudo vai ficar bem
Mas ainda
Não vejo cores

Decido viver como é bom pra mim
Cuidando de quem quer me cuidar
Abraçando quem quer me abraçar
Voando com quem quer voar
Comigo

Mas ainda
Estas são mentes
Longínquas e ausentes
E eu com minha mente
Que mente
Eloquentemente
Pra tentar me fazer
Feliz

Pensando palavras
E distrações
Não das mais belas
Mas das mais realistas
Até como mentiras
"Tudo vai ficar bem"
E quanto mais muda
Mais é a mesma coisa

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Despersonalização

Tenho a sensação
De que me tiram do lugar
Que me fazem piorar
E estremecem cada vez mais
As cordas
Que já são bambas

As vezes consigo sentir tudo
E as vezes não consigo ouvir nada

Me preocupo com o que está além
Luto para estar bem
Mas essas batalhas são em vão
Soldados correndo dispersos
Com suas armas na mão

Atiro e tiro o alvo do lugar
Situação propícia a piorar
Tenho que ficar calmo quando preciso extravasar

Objetivos se perdem
A caso já foi arquivado
A cerveja me anseia e o energético me adormece
Ruas cinzas com listras brancas
Escasso acalento que me deixa frio
Como cadáver

Assim como dias que tem que chover
Existem dias em que não se faz sol
Noites que o sono foge
E a solidão não molha quente o lençol

É como se nada mais fizesse sentido, é como se nada mais existisse por um propósito
Acho que eu estou ficando doente, cheio de paranóias e sem formar pensamentos coerentes
Desrealização mental
Aonde o mais comum
É a lembrança do abismo

Dia incolor
Ponteiros que
Marcam dor
Chuva que
Chove mal
Trazendo lembranças
Do dia
Em que tudo se foi
Sem nem um tchau

Os porquês
Foram as únicas perguntas
Que restaram aqui
Daqui a pouco
Eu não vou ter mais
Para onde ir

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Sensacional Sensação

Se cê soubesse
Que já sou seu

Sem muito esforço
Cê conseguiu sim
Me situar
Em um
Lugar
Só nosso

Sem saber
Cê soube
Que assim
Eu seria seu
Sendo que

Sou seu
Sem mais

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Pedra

A porta se abre, e ela se adentra
Contando as pessoas, e com esse número, se sustenta
Zero, zero, zero

Cheia de vazio, me alimenta
Com sua presença pesada, leva o que me sustenta
Sanidade

Ta tão frio hoje, imagino a situação daqueles que não tem com o que se cobrir
É tão familiar aqui, mas ainda,
é fora do lugar

A porta fecha, e ela senta ao meu lado
Me deixando mau humorado
Me deixando de lado
Me abraçando com seus fardos tão pesados

E cadê todas as almas
Rodeando esta sala
E cada o meu sorriso
Que foi jogado na vala

Só vejo as lembranças
Que comovem minha alma
Morte, desamizade e danças
Com a Dona Morte, me abala

Pensamentos podres, infestando a solidão
Fazendo de mim, objeto
De sua própria exatidão:
Destruição

Rasgando as almas no meio
Daqueles que caíram na perdição
Que se entregaram de coração
Que se afundaram na navegação
Da tal bomba relógio que sustenta esses corpos

Enfim deixo minha deixa
Jogando cartas com meu amor
Que ajuda eu a me recompor
Que me ajuda contra o terror
que é todo esse caos
E enquanto me ajuda
Me afunda
Solidão

domingo, 7 de agosto de 2016

Portamente

Os dias parecem contados
E meus demônios
Conversam comigo
...

Medo
Pavor
Ansiedade
Egocentrismo
Egoísm
Orgulho
Luxúria
Abnegação
Pânico
Culpa
Reclusão
Paranóia
Repressão
Declínio
Auto-Aversão
Desespero
Vício
Neuroticismo
Fardos e responsabilidades;
Opressão
Submissão
Pesar, arrependimento

E mesmo esses meus
Demônios
Me caçam
E me questionam
Quando que eu vou
Aceitar o meu destino

Quando que eu vou
Parar de tentar
Dominar o caos
Que mora dentro de mim

Quando que eu vou
Parar de mandar soldados
Para uma guerra
Que não pode
Ser
Ganha

E mesmo temendo
As sombras desses meus
Medos
Que andam lado a lado
Com meu reflexo

Ainda sei que
A luz
Me acompanha do outro lado
Do espelho

E ela diz
Que tudo vai ficar bem
E eles dizem, que é tudo bem ser triste
Que é tudo bem não ter felicidade
Que é tudo bem não ter abraços
E que é tudo bem não ser
Perfeito
E que é tudo bem não ter respostas
E que é tudo bem não ser
Igual
Pois todos sabemos que
Num simples jogo de quebra cabeça
Nenhuma peça é igual
E ainda assim
Quando juntam
Formam uma só linda paisagem

Então tá tudo bem em errar
E o objetivo é focar
Em buscar
O que faz tua alma
Feliz

E é tudo bem não ter
Felicidade
Pois nos momentos em que ela vem
Com facilidade
São os momentos em que nossa alma tem
Mais atividade

Reencontrei olhos tão profundos
E me deparei com sentimentos que eu guardava
Tão reclusos
Mas também foi tudo bem
Supri-los

Mas porque tudo parece tão escuro...?
Porque as vozes gritam e eu não escuto...?
Lembro quando tudo parecia cantar
As árvores pareciam respirar
Os pássaros voavam
Os beijos se molhavam
E as pessoas pareciam tão felizes

Quando meu coração não palpitava
Minha cabeça não esquentava
Meus dedos não formigavam
Meu fígado não se esforçava
E eu ainda sentava na sala
Assistindo a Fórmula 1
Domingo de manhã
Com o meu pai
E eu ainda coloria
Os livros
E aprendia o ABC

Hoje às lágrimas não salgam
E tudo virou uma grande
Fábula
E todas as culpas
E todos os fardos
Ganharam dimensões

Ouço meu coração bater
Sinto meu inconsciente pensar
E me pergunto
Se ainda
Vivo
Enquanto assisto a TV
As olimpíadas, o futebol
A bola que rola, o músico em bemol
A voz de adrenalina no narrador num dia de sol
E me pergunto
Se ainda
Existo


Mas tá tudo bem
A felicidade é simples
Eu vou me esforçar mais, eu vou
Vocês todos ainda verão a luz

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Dura Queda

Minha cabeça
Tá presa
No corpo

De outro
Alguém

Ou meu corpo
Nasceu colado
Com o pensado

De mente
Além

Eu ando com sono
Eu durmo acordado

Eu vejo tão míope
Eu ando de lado
Assim não quebro
O meu nariz

Aqui dentro faz frio
Na guerra contra o ego
Eu já morri congelado
"Soldado abatido!"
Meus sentimentos gritaram

Enquanto imersos
Em inércia
Total

Formigando
Paralisados
Para lhes usar-los
Vai ser fatal

Cada dia chove mais pedra
Que perfura e rasga
As nuvens tão inocentes
Tão macias
Tão delicadas

E esfria
E esfria
Até congelar os pés

quinta-feira, 30 de junho de 2016

massa cinzenta

hoje o dia parece frio
o mundo, parado
   as flores, mortas
   os copos, vazios
    enquanto cheios

  os sentimentos não sentem
   o fogo, não queima
    a mágica não funciona
   a chuva não molha
  os carros não andam
 o vidro não quebra
as pessoas, cegas

o sorriso não brilha
o mundo não se cura



e eu me mato
com a fumaça do cigarro
e o álcool na garrafa



até que enfim
não me encontro
a fim
de viver


Sol Num Dia Frio

tenho quarto
tenho cama
mas em nenhum
dá pra dormir

pois são lembranças
são as mantas
cobertas
cobertas
de solidão



e eu que prezo o sol
enquanto o mesmo
não me esquenta
mais

e eu que acolho o bem
enquanto o mesmo
não me retribui
mais

e eu que prego a paz
enquanto a mesma
não faz questão
de mim


chove
na minha cabeça
lá dentro
tempestade de areia
que ofusca
meu saber
minha visão
e com isso
me faz perecer

e me faz enegrecer
os pulmões, cada vez mais
e me faz infestar
este recipiente orgânico
com os males
psíquicos e pseudos


e no dia
da dor
no dia
do rancor
das mágoas
do desaforo
ela apareceu
e
ela

regou as flores
aparou a grama
estendeu as roupas
e fez sentido
ela se encaixou

mas logo após
perceber que
não é difícil
mas também
não é fácil
e perceber que
as engrenagens
não giravam
como pensava
foi embora

mesmo sabendo
que eu limpava as engrenagens
que eu fazia a banda tocar
que eu colhia as flores que plantou
guardava as roupas que estendeu
e cheirava a grama que aparou
mas
mesmo assim
ela veio
como uma brisa
e foi-se
me esquentou
e me esfriou
como o sol num dia frio

sem culpa
sem dor
sem mágoas
mesmo sabendo
que não teria
nenhuma

e eu ainda
sentado aqui
no mesmo lugar
em que ela
aliviou a pressão
espero sentado
pelo dia
que ela vai voltar
e ver a roupa guardada
e a grama bem cuidada
e as flores em seus vasos

minha querida
minha bela rosa
não tenha medo de errar
pois sabes que não irás
tenha medo de não
poder
viver
e de não
poder
sentir

nenhum futuro é prospero
pois nenhum futuro é
certeiro
mas fazemos o melhor
que podemos
dele

então lhe peço
que decore minha vida com o teu museu
e me faça perder o fôlego
que acenda a chama que já morreu
e sacie-me com teu mais doce néctar

peço
o abraço
teu

careço
do toque
seu


mergulhemos juntos
nesse mar tão nebuloso
nesse universo tão louco
e nessa cúpula tão minúscula
com esse clima tão louco
e essas canções tão tristes
e essas garrafas tão vazias de tudo
e esses problemas tão paranoicos
e vamos fazer
o melhor
desse futuro



e eu ainda lembro
dos três dias seguidos
em que você me confortava
com tua voz tão calma
com tuas risadas tão viciantes
com as nossas conversas tão brisantes
e tuas fotos tão lindas
e teu cabelo ensolarado
e seu sorriso alucinante

mesmo assim
os caminhos foram turvos
e a direção mudou
e eu ainda
sinto falta
de tudo



os machucados não curam
as cicatrizes não somem
nem fecham
e nem abrem

as cores são fracas
daltônicas
o cigarro me fuma
e a bebida me bebe



por mais difícil que seja
talvez, como você disse
as coisas simplesmente tem que acontecer
nosso horário tá errado
e nosso encontro, desmarcado
nosso tom
desafinado
nossa música
perdeu sua letra





e eu
ainda quero
você aqui
comigo

Monotonái

chove e
chove

e se esvai

quanto mais entra
mais sai



como o fantasma
de alguém que

se foi

está
e não está


careço de companhia
e careço de amor
pois sempre me faltou
alguém pra me recompor
e me compor


os dias estão ruins
com a sua ausência
e não melhoram

e os dias estão quebrados
porque só as noites
que deveriam ser cinzas e frias

e a hora tá errada
porque no relógio
os ponteiros não deveriam
se mexer
tão rápido

e o mundo tá errado
porque "é tanta gente
que se ama, e não tá junto
e tanta gente
que tá junto
e não se ama"
e muito amor derramado
e muito sangue perdido
e muita dor emanando
de onde só deveriam
brotar
flores

muitas pestes
enraizadas
em girassóis tão belos



e enquanto me preocupo
com todo o mundo
ainda assim
sinto você

enquanto me ordeno
a arrumar tudo
você aparece
nas nuvens

e nos anúncios

e no desenho do café
que eu tomei
hoje de manhã

e no abismo
que eu gritei
ontem de noite

e você me conforta
e você me traz paz
e você me deixa tão bem



eu não consigo mais achar paz









eu não consigo mais buscar felicidade










as flores não tem seu perfume
logo, as coisas não tem mais sua cor
logo, as pessoas vão embora
logo, a comida não tem mais seu gosto
nem o cigarro o seu sabor
nem a chuva molha
nem o sol esquenta
nem a fome ataca
nem a água, me nutre
nem o jogo me diverte
nem o dinheiro me agrada
nem a cerveja me entende
nem a música me entende
nem os sentimentos me entendem
nem
quem eu amo
me compreende
nem a doença me mata
nem o chão é sólido
nem a caneta escreve
ou o poema se faz
nem na minha cama eu durmo mais
nem o cinzeiro se esvazia
ou meu fígado fica saudável
ou meu coração fica são
ou minha mente, saudável
ou minhas palavras, com coesão

o fogo não me queima, a água não me molha
o teto não me cobre
a TV não me atrapalha

monotonia
o remédio não me cura
nem a dor me dói








monotonia

quarta-feira, 22 de junho de 2016

dela

como você me completa


com abraços
e calor

com amassos
e amor




labirinto de paz
caminho de calma

me sinto
e sinto
tudo o que
você faz sentir
e jura sentir
e sei
como é
bom



iluminou noites tão escuras
 endireitou caminhos tão turvos
  acendeu velas tão frias
   esquentou meu coração tão vazio

 encheu meu dia tão triste
  fez feliz o que já não sorria
               e ainda

          existe
         conforta
        abraça
       beija
      é
     sorri
     tão bela
    e tão lindamente
   deixa sua marca
  como o batom no cigarro
 como o cheiro na minha blusa
 e
o toque dos teus lábios
  e
a imagem das tuas curvas
 e
o brilho dos teus olhos
 que acalmam minha alma
 resplandecem o meu ser
 teus olhos tão sérios
  e tuas viagens tão sóbrias
   e teus costumes tão lindos
  e tua voz tão calma
 e você
você


que ilumina
me alucina
me conquista
e me tem
e tem
cada pedaço
e cada traço
e a cada passo
que eu dou
em direção a essa porta
não quero mais
olhar
pra trás

teus abraços
no meio da noite
e teus braços
no nascer do sol
que me envolvem
e me fazem
melhor
me fazem
querer mais


e teus beijos
que me tiram o fôlego
e teu toque
que me viciam


lua tão bela
escultura tão esbelta
obra prima
tão prima
que fazem meus olhos derreterem
e meu coração pulsar



mulher
você me tem em todo lugar
você me dá razões para continuar
você me dá motivos para lutar
você traz conforto para este lar
você dá ritmo à esse samba
você dá som à essa música
tom à essa acústica
você dá um lar
para esse
coração

e calor
e rima
e paixão
para essa canção
para esse poema
para esse coração


com teus lábios tão macios
e tua voz tão sensata
e tira minha lucidez




te desenho
em todos os seus lados
te decoro
em todos os seus momentos
quando você lava a louça
e quando tá do meu lado
de olhos fechados
tão bela
tão mansa
tão frágil


e te guardo
em todas as gavetas
que tenho na memória
e te leio de novo

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Respeito e Paz

esses dias
tive amigos
que me confortaram
de coração
e nesses dias
tive beijos
de uma pessoa
que nunca vai
morrer
por aqui

em um
momento
de brisa
e alucinação
deu pra ver
na chama
da fogueira
com o cheiro
de cerveja
e na fumaça
do cigarro
o que nos tornamos

por segurar
uma simples pétala
de uma vida tão frágil
você percebe
com atenção
que o mundo todo
está nas nossas mãos


que gira
como gira
a Terra

que respira
como respira
a gente

que existe
como existe
o físico
e o metafísico


porque nos deixamos apodrecer
tanto?
 porque nos deixamos odiar
 tanto?
  porque nos deixamos
  apenas existir
  tanto?

  porque que temos
  que viver em desordem?
 porque que temos
 que perecer sem humanidade?
porque que somos
tão ignorantes
ridículos
incolores
estúpidos

ou será que somos?


nos define
quem ajudamos
quem respeitamos
no que acreditamos
no que idealizamos
no que realizamos

não
o que
temos de crença
quem amamos
pelo que escolhemos
quem queremos
o que queremos


estamos martelando os pregos
de um caixão tão grande
enterrando memórias e amor
descartando flores e exagerando dor
punindo o bem, liberando o mal

cores não nos definem
opções não nos definem
roupas não nos definem
preço não nos definem
nem som, nem o amor

respeito sim
cooperação


então vamos juntos
lutar contra as barras
 barras cruéis desta prisão
que aprisiona
todos os seres
 de bom coração

vamos lutar
com cartazes
 e munição
que são palavras
e atitudes
 de toda uma nação

nossa arma é a revolução
de todos ou um só coração
sem lutar em vão
pela igualdade
de cada cor
e cada opção
e cada gênero
pela humanidade
e pelo amor
de todos aqueles que são
o que querem ser
aonde, quando e sempre



respeito e paz
não devem ser decorados
e sim, ensinados
para harmonia e
igualação


quinta-feira, 9 de junho de 2016

Viagem Só De Ida

passa
dia
passa
noite
e meu corpo
vai perdendo
teu cheiro

renovar
meu cinzeiro
com tuas
bitucas
marcadas
de batom

renovar
minha mente
com tua voz
tão calma
que fala
com tanta
paixão

molhar
meu lençol
com teu suor
de tanto
calor
que fez
na noite
passada

acalmar
as ondas
tão tensas
com teus sussurros:
    "relaxa,
você tá muito tenso
              relaxa"

compartilhar
ritmos
e canções e
opiniões
onde tudo
acontece
no nosso
tempo

esquentar
meu corpo
do frio
que faz
em São Paulo
e
esfriar
minha cabeça
do peso
que jaz
na vida
corrida

me entender
me compreender
com você
e me encontrar
pensar
em te ver
e nos teus beijos
tão molhados
e no seu toque
tão leve
e no seu sorriso
tão alegre
e viajar
nas suas histórias
e nas suas aventuras
e nas suas curvas
e brisar
no teu sorriso
e nos teus olhos
tão profundos

deixe marcas
como essas
nos pilares
nas paredes
no chão
no teto
do meu templo
assim
como viajei
pelo teu
e explorei
todas as salas e
me aventurei
em todas elas

saudades
do teu acalento
e do seu talento
de me deixar bem

saudades
do seu olhar
e de como esse olhar
me fez ficar
tão em paz

tão em paz

domingo, 5 de junho de 2016

Equilibrium

Eu encontrei
Linda joia, linda pedra
Eu encontrei
Única razão, única equação

Resolvo-te, e ainda
Complico-te

Lembro-te, e assim
Existe
Sempre
Existe


Grande presente
Que cruzou meu caminho
Caixa de mistérios
Interrogação de surpresas
Me cativa
Com cada palavra
E cada toque
E cada sentimento novo

Peça que completou
Meu quebra-cabeça
Livro que cada linha
Cada palavra
Cada entrelinha
Faz-se mistério
Cria-se suspense
E mesmo assim
Quero desvendar
E descobrir
Por trás de cada camada
E cada pétala
E cada sentido a ser sentido
E cada toque a ser tocado
E cada cheiro a ser cheirado
Quero desvendar
Quero sentir
Quero mergulhar
Nessa tua piscina tão bela
Tão serena
Tão linda


Cada ideia parecida
Com cada nota em nosso ritmo
E cada nota que se cria
Uma canção com seu algoritmo
Em teu próprio ritmo
Com sua única dimensão
Com seu único universo
Cheio, vasto de exploração
Explorá-lo-ei, pois cada planta me cativa
Cada esquina me intriga
Cada cheiro me alucina
Cada gosto me sacia
Cada pedaço seu me cria
Cada lua sua me ilumina
E cada sol seu, me queima
Cada laço seu, me amarra
Cada abraço seu, me tem
Cada olhar que trocamos, me enlouquece
 cada risada que dividimos, me diverte
Cada beijo que trocamos, me vicia

A cada retrato mental
Que tiro de você
Desses teus sorrisos
Dessas tuas curvas
Dessas tuas histórias
Dessas tuas caretas

Cada viagem que faço
Pelo teu museu tão decorado
Tão calmo
Tão macio
Tão suave
É uma nova história pra contar
Cada curva que corro com meus dedos
Cada calor que compartilhamos
Cada gota que suamos
Cada intensidade que nos envolvemos

Incerteza do presente
Ou certeza do futuro
Esclarece sem medo
Se depois da chuva
Vem um arco-íris
Defina-me para tua valsa
Navegue-me pelo seu mar
Não tenha medo do que possa encontrar
Mas, se tiver, eu durmo abraçado com você
Nas tempestades
Norte, Leste, Oeste ou Sul
Sussurre no meu ouvido
Qual direção quer seguir
Mostre-me entre os ventos
Qual direção para navegar
Mostre-me entre os lagos
Qual direção pra jogar a isca
Percorra a rua que quiseres
Ande pelo caminho que preferir
Eu irei contigo
Meus dedos nos dedos teus
Meus lábios nos lábios seus



Inacreditável coração
Irrefutável sensação
Que me tem voando
Em tão linda floresta
Em tão belos sóis
E que em tão pouco tempo
Tanto nível de desejo
Sacia-me
Adormece-me
Têm-me

Tenha-me

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Fraternidade

É o relógio
De cada vida
Que marca
As mais belas amizades

Como desconhecido
 passa a ser
  nosso mais forte irmão

Nossos mais belos sonhos
 virão a vencer
 verão, a nós, vencer-los
 em uma luta contínua
  continuamos

Só peço
Com todo respeito
Que não me deixe
 perdido
 sozinho
  mas me deixe
  em paz comigo mesmo
  mas me traga
  conforto
  mas me traga
  lealdade
  como você
 sempre trouxe

Me traga
 boas histórias
Me dê
 boas risadas
Me dê
 boa companhia
Como você sempre deu


Não me deixe na mão
Como sabes que
Nunca o deixarei

Meu mais digno amigo
Meus mais dignos irmãos



São fotos que nos passaram
São laços que nos juntaram
Como fortes lobos
Em meio a multidão

Fortes abraços
E fortes apertos de mão
 e fortes estradas
 que seguimos juntos
  Nunca em vão

Amigos de infância
Juntos, com um só coração
Subindo os degraus
Dessa canção chamada Vida
Em uma forte união

Vamos, não há tempo de parar
Não dá para nos separar

Vamos,
 juntos em direção
 ao por do sol
 pois viemos do nascer
 aonde começamos
 e vamos juntos
 desde então

Crescemos
E vimos coisas
 que até hoje
 desconfortam o coração

Vivemos
E quebramos laços
 mas nunca rompemos
 a nossa união

Como desconhecidos
 brigamos
  Como conhecidos
   brincamos
 Como amigos
  brindamos
   Como irmãos
    cantamos
 E como família
      lutamos

Fazendo nossa história
Fortalecendo a irmandade
Forte é esse barco
Que não cai em nenhuma tempestade


Desconfiado, eu já fui
 mas por toda minha vida
 terei certeza
 de que no final
  Juntos estaremos
  sem nenhuma dúvida

Amo vocês
 Penso em vocês
  Cuido de vocês
 assim como recíproco é
esse verso

Juntos, vamos
 Conquistando terras

Aliança inquebrável
De forte laço
De fina lealdade
De divina amizade
De inquestionável comunhão

Teu sorriso, teu abraço
Tua importância na minha vida
Tua amizade no meu dia a dia
Importante és para mim
 tenha essa certeza
 Pois já conviveu com minhas lágrimas
 Já me ajudou com meus problemas
 Já segurou o meu leme
 Já manobrou o meu barco
Para a correnteza certa
  E é dessa amizade
  Que eu quero viver
  A sua
  Todos os dias
  Para o resto da vida
 
Irmão
Amigo
Família

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Martíni

é como se eu não
Sentisse
 mais nada

corações
que negam
lindas canções
e simples paixões

não tem aonde pousar;
e se levantar voo
não tem para onde
voar

Sangue já é incolor
dor já é rotina
saudade já entrou na equação
Sonho já virou ilusão

Flutuar
Elevar
 fazer o sol parar
 o calor
o amor
 o calor
 do amor
já é frio
criogênio
oxigênio
 Já faz falta
 No meu lar



Caminhos turvos
Fazendo curvas
Pegando chuva
 sem mais nada pra imaginar
  O sonho só acaba
 quando a gente para de lutar

 Será que devo prosseguir
  Sem deixar o amor de souvenir
 Quem sabe nessa desejada canção
Vou cantar, vou conseguir?


 A joia mais importante
Com o brilho mais imponente
Forjada dos mais belos materiais
Tal joia, merece algo mais

Não ferramentas feitas para quebrar
  Mas ferramentas feitas para brilhar
Não pescoços que gostam de se abusar
  Mas pescoços escolhem a quem se dar
Não anelares que se prendem de noite em noite
  Mas anelares que juram lealdade à uma
   só
   foice

Joia rara
 Que mentiria se dissesse
 Que não quero teu brilho pra mim
 Pra eu cuidar
 Pra eu guardar
 Pra eu exibir
  e provar
  como é bom
  ter você

Joia linda
 Que transforma meus poemas em canção
 Que conhece das pinturas pintadas em meu templo
 Que foi capaz de atrair meu olhar
 Em apenas alguns dias
 Em apenas algumas entrelinhas
  de conversa
  em apenas
 um
 Olhar

 Tão doce sua canção
 E tão bom o teu gosto
  que meus lábios
  desejam na simples ideia
  de saciar

 Tão suave o seu toque
 Tamanha profundeza em seu olhar
 Grande mistério em tua discrição
 Tão grande o seu abraço
 Tão ardente a sua chama
Lembro
 Do fogo do teu cabelo
 Da sua calmante voz
 Da sua linda compreensão
 mas
 o mais lindo
 foi perceber
 a sua conexão
 com o meu ser
 que emana
 em outra
 dimensão
 foi daí
 que eu pude ver
 o que eu senti
 e quão vasta foi
 a conexão
 as conversas
 as piadas; as risadas; os olhares; os interesses 
 o em comum. como as peças se encaixaram 
 em tão grande diálogo, narrado por sua linda voz 

   dirigido por tua linda inteligência: me cativando
  a cada palavra 
  dita 
 a mais

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Náufrago

De tanto
Procurar um espelho
O meu perde
Seu reflexo

Cacos
De corações
Já transformados
 em pó

Faces
Infiéis
Atrás das máscaras
Rachadas
Que já se quebram por si só

Se torturam
Se magoam
Se acham incapazes

Máscaras que escondem
A verdade que ninguém quer falar
Máscaras que contam
A mentira que todo mundo quer acreditar

O buraco cava a si próprio
Quanto mais fundo
Mais perto da luz
Que está
 do outro lado

Quanto mais lágrimas
Mais mágoa transborda
Mais pureza se manifesta


Tristeza
Como um mar sem sua Lua
Um carro sem suas rodas
Um pássaro sem suas asas

Saudade
De um relógio dos seus ponteiros
Cigarro do seu tabaco
Bebida do seu álcool

É paranormal
Para "anormais"
Que a névoa não se vai

Escolhas que não escolhi fazer
Eventos que não quis causar
Sentimentos que não quis construir
Verdades que não quis sentir

Me esqueço do que não vivi
Me lamento do que vou viver
Minha cura
Meu lar
Já não está mais
 aqui

terça-feira, 26 de abril de 2016

Ad Infinitum

Quando me repouso
Entre maciez e molas
Fecho as cortinas
Das janelas para minha alma
E me sinto elevar
Mas...
Para onde os sonhos vão, quando você está acordado?

Entre parentes perecendo
E entre desilusões
De espadas encravadas
Nos peitos dos meus mais queridos semelhantes
Junto as palmas e peço para a mais querida entidade
Mas...
Para aonde as preces vão, quando não são respondidas?

Alternações entre fogo e abismo
Sucumbir ou resistir
Acender ou escurecer
Queimar ou sobreviver
Escolhemos o satisfatório
Matamos o que derrete nossa armadura
Mais preciosa
Mas...
Para onde as chamas vão, quando são apagadas?

Funerais e cigarros
Lágrimas e bebidas
Sangue e ódio
Traçando caminho para o desconhecido
Vagando entre treze ou infinitas dimensões
Crença é a única que acerta no resultado
O céu da boca do inferno
Mas...
Para aonde as almas vão, quando não vivem?

A raiz de todo o mal
As rodas que você viaja
A saúde do próximo
Ou a morte dos inimigos
Todos ou nenhum
Mas...
Para aonde os desejos vão?

Da joia que se junta ao osso
Ao velório em que a divisão é soma
Ou os chifres que os animais carregam
Por causa do ser que só complicou
Ou nas idades em que lápis é ferramenta
São alguns meses pro céu sucumbir
Mas...
Para aonde o amor vai, quando ele já acabou?


A cura e a solução residem no objeto que só nossa espécie criou
A resposta pra todas as doenças está na equação que apenas o sapiens calcula
O resultado não é você quem decide


O tempo é mais do que nossa régua; é o nosso reino

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Sua Sombra Ainda Vaga Por Aqui

foram
abraços
foram
beijos
mas no final
foi mais nada

foram
viagens
foram
segredos
mas no final
foi mais nada

os ponteiros te levaram
a sabedoria ficou
no meu peito ainda bate
o amor que você deixou

foi num dia cinza
tua caixa estava aberta
foi num dia frio
que as lágrimas choveram a beça

foi no dia em que
a ficha caiu
que o sofá estava vazio
e a teve com todos os seus fios
mas em canal nenhum

foi no dia em que
o rádio desligado
em seu carro, no estofado
que tua silhueta ainda do meu lado
manobrando aquele volante

se saudades fosse um idioma
este texto estaria em outra língua
em outros sinais
e se pudesse
viajaria pelos teus ouvidos

foi num dia cinza
que tudo aconteceu
sigo um futuro incerto
mas você já pereceu

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Mente

em voo
em planar
planando
alto

giro
me giro
te giro
em pulsos
eletrônicos
químicos

tomam voo
pensamentos
reluto
e vejo
que não é
mais meu

nunca foi o suficiente
nunca foi
nunca fui
nunca é
nunca sou

regular
substâncias
em ação

tomam partidos
deixam partidos
políticos

vêem
voam
tem
tomam

agem
em segundos
poucos
pouquíssimos

perco
e ganho
consciência
e terror

tudo se
resume a
aquilo
e talvez
a isto

a você


longe
mas tão perto
tão forte

os sons
batendo
em meu peito

cresça
crescem
e diminuem
ao que volto a atenção
pros aviões

azuis
verdes
cheios de
hemoglobina
e átomos
e tudo que a ciência
pode explicar
e a química
pode provar
que silhuetas
estão em
lugares nunca antes
colocados

nada
sobrou
aqui
para você

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Dano

sua alma
vagueia
um
labirinto sem fim

chovem cacos
chora dor
sangra vida
perde amor

você
se encontrou
com a
sua
morte

os ponteiros
contam dor
perde vida
perde amor


sua alma
vagueia
um
labirinto sem fim

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Dentro De Mim Mora Um Sentimento Que Eu Não Sei Explicar

Inefável sentimento
Que habitas meu coração
Me dá calafrios de tamanha escuridão
Pensamentos de enorme solidão

 são eles
ou sou eu?
 és tu
ou és meu?

reflexo voador
grande enigma
me guie pelo caminho
no qual o céu não grita

levante minha dor
até o último suspiro
me sinta, meu calor
até o último calafrio

me explique o porque
de tanta aversão
me explique o porque
de tanta decepção

me voe bem alto
me toque as nuvens
me tire desse quarto
não me conceba como costume

tire a luz de mim
e a coloque em quem precisa
use tudo e todos que quiser
só me diga minha sina

imensidão imparcial
a metade do infinito
me explique o finito
para que eu possa dormir em paz

me ame ou me odeie
mas não me estrague mais
saia do meu corpo
e nunca volte jamais


como se pudesse ouvir todos
e todos eles me odeiam
como se pudesse desfigurar todos
e todos eles me rodeiam
como se pudesse matar todos
e todos eles me arqueiam

toda via
todavia
não parece opção

toda linha
só da linha
quando carece reação

toda escrita
transcrita
em um maldito coração


longe de mim
e do meu próprio eu
estou ausente em todos os lugares
de todos os lugares
de todos os andares
e logo menos
estou ausente do meu

casas são incendiadas
amigos são traidores
não me querem
não me pedem
não me fazem favores

prédios são derrubados
filhos são esfaqueados
por terríveis saqueadores

tudo parece falar
tudo parece cair
nenhum emprego há de saciar
a solidão que jaz aqui

ela entra sem bater
ela come sem sentar
pra descansar
não estou vivendo mais
não estou comendo mais

fantasma invisível
que assola o meu ser
que fique o quanto quiser
mas só me diga o porquê

que coma tudo que é bom
que foda tudo que escapa
que envenene tudo o que toca
mas só me diga o porquê

onde quer chegar
e o que quer saber?


não me explique agora

não me espere agora

A Felicidade

o sol brilha
o dia

a lua clareia
a noite

a felicidade
vem entre linhas
em entrelinhas
de uma canção
tão calma
com alma
que remexe todo o coração

tanta liberdade
em tanta dedicação
de saber que um dia
todos daremos as mãos

num lugar tão pequeno
tão distante de tudo
e perto de todos
que chamamos de
lar

tanto infinito
dentro e fora de si
em que
é ação e reação

tanta desigualdade
e tanta solidão
ingredientes de uma receita
digna de paixão

são mãos dadas
e paixões reatadas
de um ou dois, são

lágrimas jogadas
encharcando uma estrada
que não tem perdão

é um caminho obscuro
que tem como si, só
sua prisão

voltar atrás é preciso
quando teus pés já tocam
as pedras desse chão

o sorriso só emerge
quando decidimos
emergi-lo então

barras inquebráveis
tentaram te prender
pessoas sem vontade
tentarão sua redenção

pianos em distância
tetos sem um chão
casas sem fundação
países sem opinião


vire
e ande
pra onde quer que for
só escape
bem antes
do amargo dessa flor

fuja
e nunca
opte pela dor
olhos choverão
céus trovoaram
da tal
água incolor

espinhos em ação
machucando o coração
sem piedade
monólogos de um deus
perdido em redenção
com palavras sem beldade

o reverso é mais seu
o reverso tem sua cor
o caminho que ti segues
é o caminho para a dor

os relógios contam lágrimas
os dedos contam mortes
matemática do ódio
palavras de vaidade

sangues de um passado
que cicatrizes não se curam
que células não circulam
que corações não batem

pingam lágrimas do céu
torrentes caem de seus olhos
as estradas para fuga
se encontram em tuas costas

corra de ódio
fuja para o amor
corra de um deus frio
para outro com calor
ou não tenha deus
apenas tenha esperança
não ligue para isso
ligue para a cobrança
a que fazes a si mesmo
"quem eu sou hoje?"
tenha em mente teus talentos
e use-os para conquistar

a felicidade




a chuva já não pesa
o cinza já não mata
a comida já tem gosto
as ruas já tem placa

os ouvidos já te escutam
e as bocas já te ajudam

os amigos não te traem
as músicas não te odeiam
os cigarros te saciam
os mosquitos não rodeiam

o caminho para

a felicidade



O sorriso só emerge,
quando decidimos
emergi-lo, então.